segunda-feira, 6 de abril de 2015

SEIS MESES DEPOIS FINOU-SE A "PEPPEROSSO"




Em Outubro do ano passado a “Pepperrosso” marcava presença na Baixa, no Centro Comercial Visconde, na Rua Visconde da Luz. Neste final de Março e seis meses depois, sem pompa, sem glória, sem oração de encomenda, este estabelecimento ligado a acessórios de moda, carteiras, echarpes, cintos e bijuteria, partiu sem um adeus –lembro que a marca detém no país, creio, 17 lojas.
Por unanimidade, na semana passada, o executivo municipal “aprovou a redução de 95 por cento das taxas relativas à instalação de actividades económicas nas áreas de reabilitação das zonas urbanas da Alta, Baixa, Rio e área classificada como Património Mundial. (…) A medida pretende funcionar como incentivo à criação de micro, pequenas e médias empresas, de modo a contribuir para a dinamização e a impedir a fuga de actividades económicas da área do centro histórico da cidade”, in Diário de Coimbra.
Naturalmente que não pretendo ser somente um bota-abaixista ao criticar esta medida –até porque estaria certa se fosse alargada a todos os operadores incluindo os já implantados-, mas ninguém me tira da ideia de que estamos perante um defender para a frente, um atirar fumaça para os olhos de quem não pensa muito sobre o que se passa verdadeiramente nesta zona velha. Se assim for, emerge a pergunta: mas houve unanimidade, não houve? E a oposição não cogita pela sua própria cabeça? Não deveria ver os problemas com outros olhos? Pelos vistos, constata-se, há unanimismo na forma de sentir sem saber o que se passa no comércio local. Executivo e oposição estão todos tão perto mas agem como se estivessem no Terreiro do Paço. Não sabem nem querem saber.
Vou tentar ser mais claro. A Câmara Municipal verdadeiramente deveria estar preocupada com quem está e, dentro das suas prerrogativas, criar condições para os negócios se aguentarem. O que está acontecer é que os estabelecimentos mais antigos estão a desaparecer perante a nossa total passividade. É certo que quem vem de novo deve ter apoio. Deve sim, mas não em regime de exclusividade. Se entendermos que o comércio (e hotelaria) é cada vez mais um exercício de alto risco e de perigosidade iminente, deve haver algum cuidado ao fomentar novas actividades. Se assim não for, poderemos até pensar que o poder local está a servir-se da inexperiência dos incautos para mostrar que a cidade comercial está de boa saúde e recomenda-se. Claro que nem ligo estas medidas a eleições próximas, já que a oposição alinhou na mesma bitola, mas quem governa está obrigado a uma ponderação constante entre a execução e a consequência.
Voltando ao claudicar da “Pepperosso”, para alguns políticos locais que, na sua verborreia carregada de nadas e vazios de coisa alguma porque não estão interessados em aprofundar seja o que for, sustentam com grande solenidade que Coimbra é a cidade do país com maior poder de compra talvez este encerramento devesse suscitar a discussão –porque, infelizmente, vai haver muitos mais.
Com toda a franqueza, por já escrever tanto sobre o que se está a passar na Baixa –em que contrariando o bom-senso económico, com a procura no vermelho, cada vez abrem mais estabelecimentos- até a mim me aborreço. Ora sendo assim, a pergunta emerge: porque continuo a malhar na pedra dura? Se calhar, mais que certo e na minha inocência de tontinho, ou obsessão de esquizofrenia, estou à espera que quem detém o poder na Praça 8 de Maio venha para a rua ouvir os interessados, pare, leia e, antes de regulamentar seja o que for, se informe e pense no que está acontecer.
É óbvio que ao pretender tal reflexão, porque alegadamente extrapolo os factos, sou mitómano. Só posso mesmo ser!


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