segunda-feira, 21 de agosto de 2017

BAIXA: MEDIDAS DESPENALIZADORAS E A FAVOR DA REVITALIZAÇÃO (6)





Tendo em conta a continuada situação de empobrecimento e desalento que as actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam, diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política, poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços mercantis.
Estou a escrever p'ro boneco? É o mais certo!


Metro Ligeiro de Superfície (sistema de transporte sobre carris, defendido por muitos mas encalhado por falta de financiamento).
BRT, Bus, Rapid Transit (sistema de transporte em pequenos autocarros eléctricos a rodar sobre pneus, também denominado de Metrobus, recentemente aprovado em substituição do primeiro).


Já lá vão vinte anos desde que a empresa Metro Mondego foi constituída (1996). Já decorreram cerca de doze anos (2005) desde que Carlos Encarnação, o então presidente da Câmara Municipal de Coimbra, com grande pompa e muito mais circunstância, deu início à continuada desconstrução -que já vinha dos anos de 1960 numa espécie de maldição- de casario e muitas actividades comerciais e industriais. Era ano de eleições. Depois de retomar o poder, depois das festas e da apanha das canas dos foguetes, como promessa vazia de engana-tolos, o que ficou foi um enorme buraco de pessoas a contribuir para a desertificação urbana, um metro de ilusão, de pouca ambição, e uma imensa cratera como símbolo de política barata, local e nacional, que envolveu os portugueses, pelo menos, nas últimas duas décadas.
Já passaram sete anos (Dezembro de 2009) que, sob promessa de substituição, o então governo de José Sócrates mandou levantar os carris e suprimir as ligações por comboio entre Coimbra e Serpins. Os utentes destas linhas de transporte continuam à espera na estação que os políticos dêem cumprimento à promessa e reponham o que lhes foi furtado em burla legal.
Dizem as boas e más-línguas que cerca de 150 milhões de euros já foram gastos em tudo e mais alguma coisa e de metro há apenas um comboio fantasma.
Depois de ter sido dito por um ministro do anterior governo PSD que o Metro de Superfície dependia de um estudo de viabilidade e, mais tarde, em Janeiro de 2015, outro ter afirmadoque o projeto da Metro Mondego (MM) "não é minimamente sustentável" e ter lembrado que o Governo estava empenhado numa solução diferente para o Ramal da Lousã, Coimbra, a Baixa e as zonas abrangentes em redor continuam adiadas e à espera que se desate este nó cego que obstaculiza o desenvolvimento local. A verdade é que, numa espécie de campo de guerra, em que, de um lado, estão os utentes à espera de uma solução, de outro, os dogmáticos inflexíveis e defensores da linha férrea e de outro ainda os políticos que, aproveitando-se da discórdia gerada entre os grupos, tentam ganhar tempo e retirar o maior crédito possível do desentendimento, continuamos à espera.
Numa reviravolta envolta numa nuvem de suspeição em torno de eleições autárquicas, eis então que, no passado 02 de Junho, veio a Coimbra Pedro Marques, Ministro do Planeamento e das Infraesturas, apresentar a 2.ª fase do Sistema de Mobilidade do Mondego. De rosto fechado e sem se rir, ouvimos o representante da tutela declarar que este projecto “multimobilidade, configurado para outros transportes”, é para levar para a frente e já estão pessoas a trabalhar no terreno. “Já adjudicámos os trabalhos preliminares. Acredito neste projecto. Os três anos e meio, a finalizar em 2021, já começaram a contar", disse Pedro Marques. Trata-se de um sistema de transportes sobre pneus que, segundo os arguentes, está implantado em vários países do mundo. Corroborado por várias entidades aparentemente independentes, como por exemplo o LNEC, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, e pela CCDRC, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, que, pela boca da sua líder, afirmou que, “perante todos os pressupostos apresentados, a questão era tão só que a Comissão Europeia não aprovava um projecto assente sobre carris que custa à volta de 280 milhões. Aliás, exigiu que fosse apresentado em Bruxelas um outro plano, mais eficiente, adaptável a todas as variantes imponderáveis, e menos oneroso. Foi assim que se chegou a este projecto agora mostrado”. Este investimento, “moderno, confortável, rápido e fiável, prático, seguro”, rondará entre os 75 e os 90 milhões de euros e, para além da ligação ao alto de São João tendo por meta Serpins, percorrerá todo o trajecto de trecho urbano anterior via superfície apresentado na fase I, que vai desde a Estação Velha, passando pela Loja do Cidadão em direcção a Celas até aos Hospitais da Universidade. Cada carruagem no serviço suburbano terá uma lotação de 55 lugares sentados. No serviço dentro da cidade, urbano, a lotação será de 130 lugares sentados e em pé.

VAI OU NÃO VAI?

Uma coisa é certa, sem demagogia, sem partidarismo bacoco, se, tal como foi prometido, este projecto for concretizado, pela sua realização, é muito importante para o desenvolvimento da cidade e sobretudo para o futuro da Baixa. Aliás, esta ambiguidade de modorra leva a que se continue a investir em autocarros novos para os SMTUC, Serviços Municipais de Transportes Urbanos de Coimbra.
Para as pessoas de boa-fé (como eu que, apesar das aldrabices que a cidade foi vítima por parte dos anteriores governos nacionais, continua a acreditar na palavra dada), para o (des)crédito da classe política e pelo que resta de algum respeito que ainda nos merece, é bom que não sejamos, mais uma vez, sujeitos a um embuste.


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