quinta-feira, 31 de março de 2016

UM METRO DE LUCIDEZ

(Foto desviada abusivamente e sem pagar direitos ao Notícias de Coimbra)





Estava em causa uma convocação do movimento CpC, Cidadãos por Coimbra, para debater o anúncio público do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, em que este, alegadamente sem dar possibilidade à oposição para estudar o dossier, declarou a abertura da rebaptizada Via Central ao tráfego automóvel, mesmo sem metro Ligeiro de Superfície –lembra-se que as demolições para a conclusão daquela via estruturante começaram em 2005. Passados 11 anos, numa inércia inexplicável, a cratera lá está a mostrar a incompetência ou a dar consistência à maldição da Avenida Central. Recordo também que o objecto daquele projecto, que esteve na origem das demolições de edificado e de ameaças de expropriações, tem acoplado na sua génese, estruturante e obrigatoriamente, a passagem do transporte colectivo –segundo o CpC, paira um prenúncio de impugnação judicial pela Agência Portuguesa do Ambiente.
Perante uma assistência de meia-centena de pessoas -e onde os mais interessados, os comerciantes, se contavam pelos dedos de uma mão-, Ferreira da Silva, coordenador do CpC e vereador eleito no executivo municipal, deu as boas-vindas aos presentes. Abriu os trabalhos dando a palavra aos membros do painel.
A seguir falou António Bandeirinha, arquitecto, professor universitário e deputado municipal eleito pelo CpC. Apresentando uma longa explanação sobre a história da cidade desde a Idade Média e mostrando quatro projectos assinados por arquitectos de renome e mostrando a preferência por um deles, terminou a esclarecer que “gostava de inteirar as pessoas de que não estamos contra por estar, de que não queremos que isto se desenvolva. Não é nada disso! Estamos contra a forma apresentada, porque não há estratégia. Não está definida.”
Seguiu-se Vitor Marques, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, economista e sócio do Café Santa Cruz. Começou por dizer que é preciso investimento para atrair à Baixa. “Com a recuperação da Igreja da Graça e a instalação do Centro documental 25 de Abril, na Rua da Sofia, vamos ter muitas pessoas na Baixa. A requalificação do Terreiro da Erva e a abertura para breve do Centro de Congressos, na outra margem, vão contribuir para transformar esta zona. Há uma procura cada vez maior de espaços, para comprar, habitar e para comércio. A abertura da Via Central vai permitir uma recuperação importante para a Baixa. A abertura da Via Central pode ser uma forma de resolver o problema da droga (na zona da Rua direita). Quando se trata da vida das pessoas –não são só os comerciantes- alguém tem de tomar uma decisão. Se os comerciantes facturarem mais andam mais satisfeitos. A via Central vai ser estruturante para esta zona da cidade.”
Seguidamente falou Tiago Castela, arquitecto e historiador urbano, “partimos do que a Baixa é hoje e deve ser no futuro. Preocupa-me a atracção de Coimbra para viver. Pergunto: que futuro? Esta resposta (em relação à abertura da Via Central) não pode ser apenas uma decisão do governo local. Tem de ser uma questão de cidadania. A Baixa deve ser percorrida a pé, deve ser pedonal. Não há um único sítio onde uma pessoa se possa sentar à sombra de uma árvore.”

E ABRIU-SE A DISCUSSÃO AO PÚBLICO

Foi dada a palavra a Paulo Silva, um morador da Rua Direita, que estava tão ansioso para intervir que até interrompeu Bandeirinha na dissertação. Abriu com uma no cravo e outra na ferradura: “uma camisa custa-me 10 euros na Rua Visconde da Luz e 5 no Fórum. Venho comprar ao comércio tradicional e apanho uma multa de 30 euros. Como é?”
Em segunda ordem falou A. Castelo Branco, ex-técnico da Fundação Inatel. Entre várias considerações de pouco interesse para a Via Central explanou que faz falta na Baixa uma Biblioteca Municipal.
Em terceiro falou Reis Torgal, catedrático na área de história, “sou um “baixista” do coração. Faço as minhas compras na Baixa. Sou e sempre serei um homem da Baixa.”
Em quarta falou Manuela (…), uma simpatizante do CpC, que invocou o facto do comércio da Baixa ser todo igual e estar cheio de lojas com artesanato para estrangeiros.
E falou cá o “Je”. Como ressalva, quando vou para estes debates digo para mim que não vou intervir e sempre à espera que alguém diga o que penso sobre o assunto em análise. O tempo vai passando e, nas encolhas do costume, poucos pedem a palavra. Aqui até tinha razões de sobra para entrar na discussão. Primeiro, escrevi uma carta aberta ao líder do CpC. E ele respondeu. Segundo, numa inexplicável falta de participação da classe comercial, não havia praticamente comerciantes na sala. Ou seja, estavam dados mais que motivos para eu apertar o gatilho da argumentação – e eu até gosto, declaro como quem confessa os seus pecados mais íntimos.
Comecei por dizer que nestes debates há sempre três forças em confronto: os técnicos, os teóricos do costume; os cidadãos que estão por cima da muralha e olham para baixo, para os lojistas; e os profissionais da venda de rua, os comerciantes.
Pelos primeiros, os técnicos, em metáfora, parecem uma equipa de cirurgiões perante um doente a morrer estendido na mesa de operações. Um diz que é preciso extrair o baço, outro o estômago, outro o apêndice. Neste vaivém dialéctico em que ninguém se entende, o doente acaba por morrer sem que haja alguém a fazer alguma coisa para lhe salvar a vida.
Pelos segundos, os opinadores, parece que percebem tudo sobre comércio, só que, como fotógrafo à la minute, limitam-se a captar uma fotografia e é esta imagem que prevalece nas suas cabecinhas pensadoras.
E há então os comerciantes. (Sobre)vivem num desespero. Há pessoas a morrer fisicamente, com AVC, AcidenteVascular Cerebral, e ninguém se importa com eles. Por sua vez estes profissionais desligam-se também da sua defesa e não querem saber –e, pela ausência, via-se ali mesmo.
Prossegui na explanação, a abertura desta Via Central é fundamental para a recuperação da Baixa e de muitas famílias que aqui ganham a sua vida. Desde 2005 que aquela desonra no Bota-abaixo se mantém assim e, depois de se gastarem mais de 140 milhões de euros, não pode continuar. As razões de estar assim conhecemos bem, mas o passado pouco nos importa –julguem-se os culpados desta vergonha nacional! Não podemos esperar  mais.
E continuou João Ferreira, membro do CPC, “em relação à Via Central é preciso planear e fazer bem. Tem de ser pensada e bem feito. Ou seja, deve conter habitação, habitação, habitação!”
E agora a palavra foi para José Reis, industrial de hotelaria e muito conhecido na Baixa. José, dono do restaurante Cantinho dos Reis, no Terreiro da Erva, aproveitou o momento de glória para contar a sua história. Enquanto Bandeirinha olhava para as estrelas, o Reis continuava a falar de assuntos que nada tinha a ver com a bandeirada. Até que o nosso homem do bom arroz de pato atirou à baliza e, como ninguém contava, marcou golo: “a Baixa está tão má, tão má, tão má, que só quem cá está sabe e sente. Façam alguma coisa pela Baixa. O que fizerem será bem-vindo!”
E o esférico passou para o centro, como quem diz para José Reis, professor catedrático de economia e deputado municipal pelo CPC: “Não se sabe nada sobre o que se pretende. Não se sabe o que se vai fazer”.
Eu até sou um bom coimbrinha –daqueles que perante o doutor se curvam e tiram o chapéu- mas, às vezes passo-me e não tenho paciência para tanta intelectualidade. Foi o caso ali. Pedi novamente a palavra e, preto no branco, afirmei não ser verdade que não se sabe o que se quer. Há duas premissas em questão: deixar continuar tudo igual à espera do metro, cadáver adiado, ou abrir a avenida mesmo sem metro. Estas duas ideias de raciocínio implicam uma escolha, logo, optando por uma ou por outra, será demagogia afirmar que não se sabe o que se quer. Decidindo abrir a Via Central é optar pela generalidade do projecto que lhe deu causa. Mais tarde, haja metro ou não, entra-se na especialidade –na discussão de pormenores.

E O BALANÇO FINAL?

Sendo honesto intectualmente, sabe-se que quando levamos uma ideia feita é muito difícil mudar. No entanto, tenho para mim que só os burros não mudam. Por isso mesmo estive presente para ver se me convenciam de que estou errado. Depois de ouvir e ver, saí com a mesma convicção de que os Cidadãos por Coimbra não estão certos –Ferreira da Silva disse o mesmo em relação à minha posição, e está correcto.
Sempre que saio destes encontros de debate pela Baixa a minha impressão é sempre a mesma: poucos conhecem em profundidade os problemas da zona. Todos falam, falam, mas, em resumo final, pouco se aproveita.
É claro que não posso dizer que estes debates não sejam importantes para esclarecer as dúvidas. Claro que são. Mas saio sempre com uma sensação de vazio. Como se fosse um papagaio a papaguear para uma assistência que não está disposta a ouvir –admito que pode ser também o meu problema.

 

BOM DIA, PESSOAL...

COLOCAR-SE DE CÓCORAS PARA MECA



“Europa já tem carruagens apenas para mulheres”



quarta-feira, 30 de março de 2016

ASSINE ESTA PETIÇÃO, SE FAZ FAVOR!




Começo por confessar -com a pouca humildade que me é característica- que esta petição já foi utilizada em 2010 e novamente em 2014. Quero dizer, portanto, que me estou a repetir e estamos perante um refugado mais que fugado e "re, re". Acontece que se funcionou sempre é por que o administrador das lides climatéricas me teme. É ou não é?!?
Palavra de honra (de político)! Juro que depois de mandar isto lá para cima, para o gabinete do Céu, tivemos sempre um verão de arfar... assim como um cão com língua de fora, sequioso... não sei se estarei a ser claro. Bom, mas isso também não interessa nada. O que me chateia mesmo, deveras, é que esta chuva chata e aborrecida, de molha tolos e curiosos, enviada lá dos confins do firmamento, sem critério e sem racionalidade, amesquinha deveras. E, por isso mesmo, antes que o caldo se entorne entre mim e o Criador, vou enviar novamente esta petição metafísica. Se concorda faça o favor de a subscrever:


Exm.º Senhor Presidente da Assembleia da República do Céu.


 Luís Fernandes, um mero terráqueo, insignificante c'mó caraças, um bocado “pró feiote” -tão "bota-da-tropa" que nem a menina Ernestina, uma velhota de oitenta e picos anos, olha para ele-, farto desta escandaleira de chover quase todos os dias cá no rectângulo, vem por este meio solicitar a V. Ex.ª se digne mandar criar uma comissão de inquérito a esta bandalheira.
Em juízo de valor, perdoe V. Santidade se ofende algum venerando vendido, mas tudo indica que estamos em face de actos de corrupção do camarada São Pedro. Perante tão notórios indícios, é mais que certo que Ele está a trabalhar –ou melhor, vendeu-se- por conta dos chineses. Como sabe, são eles que fabricam tudo o que são têxteis e guarda-chuvas. É mais que certo que o guardião dos céus “passou-se” para os lados do sol nascente. Isso até é muito fácil de constatar: antigamente, quando Portugal tinha muitas fábricas de têxteis e sombrinhas, quase que não chovia. Agora, que nem uma indústria de abafa-chuvas existe por cá, o gestor da grande chave económica do Céu abriu as torneiras completamente. É preciso escrever mais alguma coisa? Não é, pois não? Mas, mesmo assim, o peticionário escreve mais, porque está profundamente irritado, com o ânimo em baixo e os cabelos em pé.
Não era para pegar neste assunto, mas as enxurradas no Parque Verde, em Coimbra –com todo o respeito pelos empresários hoteleiros, vítimas da situação-, está de ver que aqui, na decisão castigadora do Senhor São Pedro, também andou a mãozinha da corrupção. Aposto que foi a esquerda, à esquerda do PS e liderada por Ferreira da Silva, dos Cidadãos por Coimbra, cá do lugarejo que, como é muito católico, mandou celebrar umas missas e rezou muito para a entidade que “manda-chover”. E porquê? Simplesmente para poder mandar mais umas farpas ao camarada “Manel”, culpá-lo e retirar dividendos. Quando chegar a verdadeira Primavera, está de ver, passará tudo e os dois, assim no seguimento do partido espanhol Podemos, irão dar dois beijinhos e um abraço no hemiciclo e, numa cena de “perdoa-me”, ainda irão ser grandes amigos. Sim, só poderia ser mesmo a esquerda a chatear o executivo rosa por que do PSD, a representar a direita na oposição e na cidade, nem se ouve falar. Às tantas, se calhar, já nem existe e até emigrou.
Aproveita também, e essencialmente, o signatário a oportunidade para demonstrar o seu descontentamento com o Presidente Supremo do Céu. Nesta apatia, de nem atar nem desatar, no seguimento da filosofia do “sim… não… talvez antes pelo contrário… nin”, já parece o doutor Aníbal Cavaco Silva que Deus tem em várias e boas reformas. 
Tudo indica, Eminência, que o responsável por esta contrariedade nem nota o que se está a passar por aqui. As pessoas andam todas abespinhadas, ensimesmadas e a contar as pedras do chão. Esta rebaldaria não pode continuar. Merecemos respeito. Homessa! E é melhor tomar atenção antes que chamemos os camaradas Tonito Costa e Rebelo de todos os Sousas para as ruas e, com um chinfrim do caraças, todos juntos, se defenda a nacionalização das águas da chuvas. Está de ver que São Pedro não percebe nada de gestão. Até aposto que deve ter uma licenciatura c´mó outro. Só o povo, na sua douta e eterna sabedoria de nada saber e ser uma entidade abstracta de "Maria-vai-com-as-outras", será capaz de administrar melhor a pluviosidade e fazer a distribuição como deve ser.
Em nome de todos os humanos -da Terra, obviamente-, solicitam todos os subscritores, abaixo-assinados, que se acabe com esta pouca-vergonha. Estamos todos fartos disto! Aja decoro na partilha das águas!
Seguem-se as assinaturas dos descontentes:

ARRE... PEDRA, PÁ!





Escrevo-te esta carta, Manel –espero que não te abespinhes por te tratar por tu mas como sabes, segundo o evangelho de Marcelo, agora é assim-, caro e futuro amigo lá para as calendas –embora ache que o tempo urge, as eleições estão quase à porta e se não fazemos as pazes, já vi, não me vais dar o lugarzito de adjunto em substituição do nosso amigo que já foi- para te informar que a rampa das Escadas do Gato já foram arranjadas hoje. Depois de 50 dias da primeira comunicação e treze da segunda e dois feridos transportados em ambulância para o hospital, finalmente a pedra lisa, tão lisa como os meus bolsos de tanto catar, já está lá a fazer cócegas na sola dos pés a quem se roçar nela.
Escrevo-te esta missiva, Manel, meu caro colega das lides cidadãs –tu geres a cidade e eu administro a minha casa, o que, na comparação, é praticamente a mesma coisa- para te lembrar sobre um procedimento que devia acontecer e não acontece. Sabes o que é, pá?! É o seguinte, responde-me se quiseres: uma pessoa que envia um e-mail aos serviços camarários a dar conta de uma determinada situação que pode redundar em tragédia para qualquer munícipe não merece uma simples resposta do departamento correspondente? Repara que não estou a reivindicar loas ou agradecimentos. O que quero dizer é que os serviços administrativos que encontraste, retirando as chefias, salvo pequenas alterações pontuais, são constituídos pelos mesmos funcionários do Anciem Regime, dos monárquicos Carlos Encarnação e João Paulo (II) Barbosa de Melo. Ora até há cerca de três anos, quando ocupaste o lugar de capitão, quase sempre que eu enviava uma informação de ocorrência recebia na volta do correio uma comunicação assim do género: “A sua informação deu entrada nos serviços com o número xpto. Tão breve quanto possível, daremos andamento à sua reclamação. Agradecemos a colaboração, sobretudo, por nos ajudar a servir melhor o cidadão.”
Espero estar a ser claro, camarada. Desde que entraste no palácio presidencial o silêncio passou a ser uma constante. Nem xus nem bus! Não sei se estás acompanhar o meu raciocínio, Manel, mas esta falta de resposta (dis)funcional transforma-me numa espécie de informador clandestino, subversivo e perigoso. Não vou alegar falta de respeito, que isso não é para nós, mas que chateia, chateia! Repara o que aconteceu com o vidro da montra das ex-Galerias Coimbra. Tive de te mandar uma carta com aviso de recepção para resolver o problema. No dia seguinte ao envio da missiva com conhecimento arranjaram a coisa. Diz-me, sinceramente, pá: é preciso esticar a corda assim? Porquê? Não sei se estás a ver, até parece que estou em guerra aberta contigo! –pelo contrário, como já percebeste, só quero ser teu amigo –não penses que é por ser interesseiro, nada disso! Só quero mesmo servir a causa pública! Por conseguinte, nada melhor do que o tal lugarzito que vai ficar vago de aqui pouco mais de um ano.
Não te vou maçar mais com externalidades- este termo foi intencional já que és das economias. Fica bem e não precisas de responder, mas confesso que gostava que alterasses a forma de procedimento dos serviços.
Recebe um abraço assim tipo de “olhar no burro e outro no cigano” –desculpa lá a metáfora mas ainda não ganhaste a minha confiança política. Se precisares da minha ajuda é só assobiares.

(TEXTO ENVIADO, PARA CONHECIMENTO, À CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)






UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




Diogo deixou um novo comentário na sua mensagem "IGREJAS DA BAIXA ENCERRADAS EM DIA DE PÁSCOA":


Caro Sr. António Quintas:
Li o que escreveu sobre o dia de Páscoa… Vendo a sua opinião, tomo a liberdade de comentar. Porém, sem alimentar qualquer tipo de especulação, futura, mas apenas no sentido de fazer valer a verdade.
Num tempo, e neste caso num Domingo, em que vamos celebrar a Páscoa, a Vida, para alguns a ressurreição de Jesus Cristo, para todos e de forma em geral a Família. Assim como é feito no Natal celebra-se a união, um estreitar de laços e para muitos o trazer ou levar as famílias que estão longe todo o ano. Se devemos dedicar todos os dias ao trabalho, à alegria da vida, para a família, às amizades, é nestas alturas ao estar mais longe, mais afastado, do trabalho que é possível dedicar o tempo com maior cuidado e atenção à família. Com normal conhecimento mais portugueses vão e em família no Domingo de Páscoa à Igreja fazer parte desta festa que é a Ressurreição.
A igreja de Santa Cruz, que se refere, e Panteão Nacional está todo o ano de portas abertas para bem receber quem a deseja visitar. São os mesmos homens que neste dia pretendem dedicar inteira atenção à Páscoa, às suas próprias famílias e merecem esse tempo.
Coimbra que é “Património Mundial” …, também o é por o trabalho dessas pessoas que olham, ajudam a preservar, estudam, dão a conhecer estes monumentos. Durante todo o ano e em vários casos, esporadicamente como é de bons modos, até durante a noite. Actualmente, na cidade do Mondego, ao visitante, para além de poder entrar no monumento, é-lhe oferecido um serviço para que saia mais rico culturalmente. Claro através da interpretação –artística, histórica, simbólica. Como é feito na Catedral de Santa Maria de Coimbra e em Santa Clara-a-Nova.
Bem, a certa altura refere: “… manter as catedrais encerradas…”; esta afirmação torna-se, de todo, uma falácia. Assim como só existe uma Papa, um Bispo, um Rei ou um Primeiro-Ministro, uma Câmara Municipal, também só existe uma Sedis Episcupus, só existe uma Sé, só uma Catedral. Essa é parte integrante da existência de uma cidade, reconhecida pela sua história, memória e o Papa como primeira e última instância reconhece-a.

terça-feira, 29 de março de 2016

DESCENTRALIZAÇÃO DA FEIRA DE ARTESANATO EM ABAIXO-ASSINADO



Por iniciativa de Rosário Judas, proprietária do estabelecimento Namib, uma loja de pronto-a-vestir, na Rua Visconde da Luz, está a decorrer um abaixo-assinado para descentralizar a Feira de Artesanato Urbano, que se realiza ao segundo Sábado de cada mês no espaço geográfico entre a Praça 8 de Maio e o Largo da Portagem.
Segundo a Rosária, “esta minha iniciativa tem a ver com o caso de ter verificado que, nas últimas edições, os vendedores parecem estar cada vez mais concentrados em frente aos nossos estabelecimentos. Entalados como sardinhas em lata, por tão juntinhos se manterem, obliteram, tapam, completamente as nossas montras e até a entrada das lojas. Neste dia do certame é certo e sabido que para os estabelecidos não há negócio. Ainda pensei em encerrar no dia da feira mas, depois de conjecturar sobre o assunto, acabei por chegar a uma possibilidade de, alargando o perímetro da acção, todos ganharem.
Como sei que há muitos anos os comerciantes das ruas estreitas se manifestam contra o facto destas iniciativas se realizarem todas e sempre no mesmo local, ou seja, nas ruas largas, por que não estender este evento desde o Largo da Portagem à Rua de Sargento-mor, Praça do Comércio, Rua Eduardo Coelho, Largo do Poço, e Ruas da Louça e do Corvo e até à Praça 8 de Maio? Ao mesmo tempo, convidamos os comerciantes fixos a colocarem nesse dia uma banca com os produtos que vendem à frente dos seus estabelecimentos. É uma forma de participação partilhada neste evento tão importante para a revitalização da Baixa.
Perguntas-me se o facto de, na parte de baixo, as artérias serem mais estreitas não vai complicar? De modo nenhum. Repara que há muitas lojas encerradas e, naturalmente, será nestes espaços vazios que se colocam as bancas de vendedores. Pensa comigo, homem de Deus: “se vocês se queixam de falta de passantes ao Sábado e nós temos até de mais, não achas que está correcta a forma de distribuição? Vais assinar, não vais?”
Concordo completamente com a Rosário. Tenho a certeza de que é uma boa solução. Aos sábados, sobretudo durante a tarde, estas ruelas estreitas transformam-se num deserto. Ora, a meu ver, estamos perante uma boa solução. Todos ficam a ganhar. Por isso mesmo, por que o reivindicado é abrangente e beneficia todos, vou assinar.

BOA TARDE, PESSOAL...

BOM DIA, PESSOAL...

segunda-feira, 28 de março de 2016

A BAIXA COMERCIAL E O DIA DOS CENTROS HISTÓRICOS



Neste Dia dos Centros Históricos, em vez de focar vários problemas que nos tocam todos os dias, passando pelo turismo que nos salva, se Deus Nosso Senhor quiser, e o futuro que se avizinha, vou começar por fazer um balanço entre encerramentos e aberturas de estabelecimentos nestes três primeiros meses.

ÓBITOS

Do que tomei conhecimento, nos três primeiros meses deste ano encerraram quatro estabelecimentos: A Casa Guimarães, na Praça do Comércio, uma loja com várias décadas e que se dedicava ao ramo de atoalhados; a Tabacaria do Jorge, na Rua da Louça, que, como o nome indica, se dedicava à venda de tabacos, jornais e revistas e já vinha da década de 1960; a Baby & Me, na entrada do Centro comercial Visconde, na rua com o mesmo nome, e onde funcionou durante escassos meses a Pepperosso. Era uma loja de artigos de criança e durou sensivelmente seis meses. Conforme indicação na montra, transferiu instalações para o Átrio Solum; e uma loja de artigos chineses, na Rua das Padeiras, onde outrora funcionou o Café Puri.

ESTADO VEGETATIVO

A vender o que resta de Stock, com cinquenta por cento de desconto, está a Românica, na Rua Adelino Veiga, e que já vem dos anos de 1950 e que foi um ícone nos brinquedos. Não se sabe o que vai acontecer às várias lojas que compõem o conglomerado e que se dedicam a vários ramos de negócio.

NASCIMENTOS

A mostrar que a Baixa está a mudar, sobretudo pela vinda destas grandes marcas, nos primeiros dias de Janeiro abriu o Continente, nas agora partilhadas instalações da Auto Industrial, na Avenida Fernão de Magalhães. E agora, nestes últimos dias, nasceu o Burger King, na Avenida Navarro e junto ao Largo da Portagem.
Se a instalação do primeiro, do Continente, pode provocar opiniões diferenciadas pela concorrência com o comércio tradicional, já o segundo, o Burger King, gerará total unanimidade.

O QUE DIZER DESTAS ABERTURAS?

Tal como já escrevi várias crónicas, muito comércio que se repete, igual a tantos outros e que pouco terá de original, inevitavelmente, vai desaparecendo. É a lei da vida, onde morrem uns para dar lugar a outros, poderá dizer-se. Mas estou em crer, por trás desta reviravolta está um motor de desenvolvimento que está a contribuir para a procura intensa de edificado na Baixa e vinda de grandes marcas: o turismo em crescendo. Segundo dados da Universidade de Coimbra, o número de visitantes duplicou no ano passado.
Está de ver que o sector alimentar, bares e restaurantes, vai tomar conta desta parte baixa da cidade e, com a sua entrada na noite, vai retirar o marasmo que se apercebe a olho nu, sobretudo, depois das 19h00.
Uma coisa dá para entender: o processo de desenvolvimento em larga escala está e vai acontecer, como sempre, por força dos privados. Se assim não fosse, se esta zona não tivesse o futuro escrito nas pedras da calçada, como entender o facto do Burger King ter criado 30 postos de trabalho? Estas grandes marcas não brincam em serviço. Só enterram o prego onde há perspectivas de extrair petróleo.

E MAIS?

Com as obras anunciadas do Terreiro da Erva e a (re)abertura da chamada Via Central estes dois projectos de iniciativa pública podem também ser a varinha de condão da tão esperada e anunciada revitalização da Baixa de Coimbra.

E A NOVA AVENIDA NÃO PODE SER ALGO DIFERENTE?

Tenho para mim que com a abertura deste canal e nas condições em que vai ser feita poder-se-ia desenvolver a ambição e realizar aqui o que se pensou no início dos anos 2000 para as ruas da calçada. Ou seja, seguindo as galerias de Milão, poder-se-ia cobrir esta nova avenida desde a Loja do Cidadão até à Rua da Sofia e fazer dela uma via comercial por excelência.
Pela ideia não é preciso pagar nada. Aproveite-se, concretize-se e requalifique-se toda esta área desclassificada e ficaremos todos a ganhar.

DEBATER A VIA CENTRAL COMO CIDADÃO POR COIMBRA






O movimento cívico Cidadãos por Coimbra vai promover uma sessão pública sobre o projecto da VIA CENTRAL no próximo dia 30 de Março, quarta-feira, pelas 21 horas, no edifício do Rancho de Coimbra, na Rua do Moreno [MAPA]. Na sessão vão participar José António Bandeirinha, deputado municipal pelo CPC, que apresentará o tema e a posição do movimento; o investigador Tiago Castela e Vitor Marques, presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra. 
Para saber mais sobre o projecto e a posição do movimento podem ler:


Artigo de Camilo Soldado no Público


EDITORIAL: AS ASSOCIAÇÕES PORTUGUESAS E A INVERSÃO DO SEU ÉTIMO

Foto de perfil de A Previdência Portuguesa




Na última quarta-feira, em Assembleia Geral convocada para o efeito, o presidente da direcção-geral e o secretário de A Previdência Portuguesa, em Coimbra, viram ser aprovadas a proposta de remuneração mensal, respectivamente de 1.250 euros para o primeiro e 1.200 euros para o segundo. Depois de 87 anos de parcial gratuitidade –já que cada membro da direcção aufere duas senhas de presença no valor declarado de 180 euros e agora os dois executivos passam a acumular- esta respeitada entidade mutualista altera uma tradição de quase um século.
Antes de prosseguir vou deixar ressalvas. A primeira é que me sinto perdido com o que está acontecer nas associações, mutualistas ou outras. Depois da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, com século e meio de existência, se encontrar em decretada falência pelo tribunal talvez valha a pena tentar perceber o que está acontecer nas nossas tão prestigiadas agremiações. Saliento que se chamo à colação a ACIC é apenas para partir do seu (mau) exemplo e não para comparar exactamente com A Previdência Portuguesa. Declaro também que apenas me represento enquanto associado antigo, com mais de 30 anos, e nenhum grupo de pessoas. Declaro ainda que nada me move contra os visados, respectivamente presidente e secretário, e por isso mesmo não refiro os seus nomes intencionalmente.
Se escrevo sobre este assunto, no fundo, é, por um lado, para que se saiba publicamente o que se passa junto à nossa porta com as instituições de bem-fazer, por outro, talvez numa ambição desmedida imaginando que este texto possa fazer reflectir sobre a matéria em análise.
Estou para escrever sobre este assunto desde o seu culminar, na quarta-feira, e, talvez por não conseguir perceber o que se está a passar essencialmente com os associados, não sei por onde lhe pegar. Há qualquer coisa que abafa o meu raciocínio. O que pode levar cerca de uma vintena e meia de sócios presentes numa assembleia Geral e mais cerca de meia centena de votos por procuração na sua posse a votarem uma medida que, pelo que foi respondido pelo presidente depois de interpelado, alegadamente visa somente “tornar a gestão mais moderna e activa”? Apenas e isto e pouco mais serviu para aprovar uma deliberação que, alegadamente e sem conhecer em profundidade o parecer do Conselho Fiscal, implica aumento de encargos e diminuição de receitas de uma instituição.

O ÉTIMO

Talvez fosse interessante debruçarmo-nos sobre o étimo, origem, de associação. Depois de umas pesquisas na Internet, tudo indica que a palavra associação vem do latim “associare”, que significa “ajuntar”, “agrupar” e que vem também de “gremium”, agremiar, “do regaço, o que pode ser apanhado no colo, protecção”. Quer dizer que quando as pessoas se agrupam passam a ter vantagens pelo facto de se associarem.
Por sua vez “mutualismo” vem do latim “mutuus” e expressa a ideia de troca ou permuta entre duas partes. Significa “doutrina ou sistema relativo a instituições de segurança e protecção Social. Sistema de associação assente nos princípios de ajuda recíproca entre os seus membros e de contribuição colectiva para benefício de cada um dos seus membros”. Isto é, os contraentes de mútuo estão na disposição de colocar a sua própria pessoa e os seus recursos em serviço dos seus pares se eles tiverem necessidade. O meu é teu; dar para receber –estes são os motes.
O que deve mover estes participantes é o mais nobre sentimento que tem por objecto a solidariedade e o bem comum.

HÁ ILEGALIDADES DETECTADAS?

Não sou jurista nem coisa que o valha, no entanto, depois de consultados os Estatutos de A Previdência Portuguesa, em princípio e de acordo com o doutrinado, não haverá nenhum ilícito. Então poderemos interrogar: por que escrevo sobre esta ocorrência? Porque, como disse em cima, ainda que a proposta aprovada em Assembleia Geral seja legal, tal não me impede de classificar a medida como imoral –bem sei que nem sempre a moralidade anda de braço dado com a lei. Tendo em conta os resultados do exercício do ano transacto apresentados nesta aprovação legal, repito legal, parece-me amoral do ponto de vista do mutualismo, da bandeira do “dar para receber”. Em face deste comportamento estamos na inversão de valores: “receber para dar”.

PORQUE VOTAM OS ASSOCIADOS SEM CONHECIMENTO DO QUE ESTÁ EM CAUSA?

Sem especular, retorquir a esta questão formulada em título e adivinhar a resposta é o assunto que dará o prémio de um milhão de euros.
Especulando, não passando de meras hipóteses e sem ordem hierárquica e em relação a algumas associações, podemos aventar várias conjecturas:
- Os associados, desligando-se do interesse primordial da instituição, votam de acordo com as propostas para não desagradar aos visados;
- Maioritariamente, por desleixo e desinteresse funcional, os associados não conhecem o texto dos Estatutos associativos. Logo, pela ignorância implícita, não podem interpretar, refutar, ou simplesmente interpelar os autores das matérias levadas à votação;
- Os estatutos associativos, normalmente já ultrapassados pelo tempo, estão truncados, com algumas normas blindadas e em contradição com o que se pretende –que é salvaguardar o espírito associativo- mas quase sempre a beneficiar as direcções executivas no activo, na sua continuação, indicando pessoas da sua confiança política para listas de sucessão;
- O problema do voto por procuração –que poderá ser inconstitucional já que, salvo melhor opinião, viola o artigo 49-2 da Constituição da República Portuguesa, que imperativamente prescreve: “O exercício do direito de sufrágio é pessoal e constitui um dever cívico”. Ora o que se passa em muitas associações do país é que, através de credencial, o mandatado vota por si e por outro e em sua representação. Como é que este procedimento continua perante a passividade geral? Gostava, mas não sei responder;
- Por desconhecimento do próprio e aceitação da assembleia geral, o presidente deste órgão de fiscalização dos actos directivos, muitas vezes sem se aperceber da sua parcialidade, toma partido e posição em favor da direcção cuja sua função intrínseca é, sendo claro nas exposições e posições que estão em debate e votação, alertar a assembleia a que preside para que os membros que a compõem possam ser esclarecidos e, na posse de todos os dados, possam fiscalizar e aprovar ou não as acções do executivo.

O QUE SE ESPERA DO MOVIMENTO ASSOCIATIVO?

Sem querer parecer anjo da desgraça, em face do que está acontecer em muitas agremiações –e no caso desta, de A Previdência Portuguesa-, tudo indica que, ao desaparecer o espírito de altruísmo de dar para receber, o futuro que se avizinha será negro.


TEXTO RELACIONADO


BOM DIA, PESSOAL...

domingo, 27 de março de 2016

IGREJAS DA BAIXA ENCERRADAS EM DIA DE PÁSCOA



Com centenas, senão milhares, de espanhóis e outros turistas na Baixa hoje, dia de Páscoa, durante a tarde as igrejas, incluindo a de Santa Cruz e Panteão Nacional, estiveram encerradas. Santa Cruz, na Praça 8 de Maio, reabriu por volta das 17h00 para a homilia –e, tanto quanto me foi dado a conhecer, esteve aberta durante a manhã apenas para a missa das 11h00 e encerrou a seguir.
Já escrevi bastante sobre a necessidade de as igrejas serem uma complementaridade do património classificado pela Unesco. Até já escrevi uma carta aberta ao Senhor Bispo de Coimbra, Dom Virgílio Antunes. De pouco valeu, Dom Virgílio não liga a hereges.
Conheço mal Espanha mas uma coisa posso afirmar: do pouco que conheço das cidades que visitei, os templos estão sempre abertos para o visitante entrar, e até durante a noite, em alguns casos. Era curioso saber o que pensam “nuestros hermanos” desta medida de manter as catedrais encerradas numa cidade que é classificada como Património Mundial.
Curiosamente, o Diário de Coimbra de ontem, Sábado, em reportagem pela Baixa de Coimbra, referia o desabafo de um turista espanhol de nome Isidro Blanco em que este cidadão residente em Ourense lamentava que o posto de Turismo da Portagem estivesse encerrado no dia de Sexta-feira Santa.
Cidade rica pode dar-se ao luxo de desperdiçar, digo eu.

"MAIS DE METADE DO COMÉRCIO DA BAIXA VAI DESAPARECER"




“Não sei se isto vai dar a algum lado, mas pelo menos dá a conhecer o que se está a passar. E eu sei bem o que se está a passar: nos próximos dois anos, metade do comércio da Baixa vai desaparecer. Metade, se não for mais.”

sábado, 26 de março de 2016

QUANDO A JUSTIÇA PROTEGE CRIMINOSOS PODE DAR EM CAOS

(Imagem do Jornal de Notícias)



Foram vistos por frequentadores do bar, que fica a pouco mais de 100 metros da casa onde um deles acabou por ser morto a tiro. José Sousa, de 74 anos, está indiciado pelos crimes de homicídio privilegiado e detenção de arma proibida. Terça-feira à tarde, foi ouvido pelo juiz de instrução criminal do Tribunal de Setúbal, que o libertou, decretando como medida de coação a apresentação semanal no posto da GNR de Palmela.-retirado do Jornal de Notícias.

Nos últimos anos, os acontecimentos em que se coloca a justiça no banco dos réus têm sido recorrentes. Lembremos o caso do agente da GNR, Hugo Hernano, que, por ter matado uma criança levada pelo pai num assalto, foi condenado em primeira instância a 9 anos de prisão. A administração da justiça, enquanto pilar fundamental e institucional do Estado, está cada vez mais descredibilizada e, enquanto nobreza de virtude, vazia de missão no sanar de conflitos.
Como ressalva, sou totalmente a favor do constitucional primado da vida humana –ou seja, a defesa intrínseca na sua prossecução até ao limite, até à exaustão do último suspiro. A preservação da espécie humana é o alicerce e o suporte desta mesma humanidade. A Natureza sem o humano não deixará de prosseguir o seu caminho, contudo, sem ele, não seria a mesma coisa. Porém, numa rota rumo ao desconhecido contrário à multiplicação, o que vemos nos últimos tempos?
Valorizar e dar mais importância aos irracionais do que propriamente os humanos –não longe virá o tempo em que será proibido matar animais para alimento: carne e peixe. Com a continuada sacralização do animal, um dia, seguindo a Índia com a idolatria às vacas, veremos cães e gatos, em hordas, a passear livremente pelas cidades ocidentais e sem que ninguém lhes possa tocar. Num cenário futurista e dantesco, através de mais inteligência induzida nos seus cérebros, é possível antever o animal a tomar conta do homem.
Vemos defender a eutanásia como se alguém em estado de grande sofrimento fosse capaz de expressar uma vontade livre e independente de decisão –com esta medida, a ser aprovada, está-se a abrir uma porta para provocar a morte precoce de velhos e padecentes de doenças graves e desonerando o Estado da responsabilidade de assistência.
Em nome da independência da mulher, vemos os governos (sobretudo de esquerda) defenderem o aborto sistemático –excluindo o aconselhamento psicológico antes da decisão e transformando o acto em mera acção contraceptiva.
 Para poupança dos cofres estatais, vemos o continuado implementar de medidas políticas contra o nascimento de crianças –que está nos antípodas da eutanásia. Como exemplo, diminuição de abonos de família, aumento de escalões no IRS que retiram receitas às famílias e diminuição do rendimento através dos cada vez mais baixos salários. Aumento de desemprego pelas políticas contrárias ao desenvolvimento do emprego, isto é, em vez dos governos fazerem tudo para manter pequenas e micro-empresas a funcionar, conservando os postos de trabalho, abandonam-nas à sua sorte e depois quando já só resta a devastação social e económica, com custos incomensuráveis, vêm então a apoiar ora com subsídios de inserção –que já pelo nome constituem um estigma e atentado à dignidade- ora com a distribuição de verbas para instituições de solidariedade.
Prosseguindo na linha da notícia que está na origem desta crónica, sem levar em conta que, por questões económicas-financeiras, o Estado se desonerou completamente da defesa da propriedade, os tribunais, como que seguindo a mesma doutrina executiva, parecem querer castigar ferozmente quem se opõe ao assalto violento. Em silogismo, com condenações absurdas, de agentes da lei e de cidadãos privados apanhados, parecem dizer: ninguém tem o direito de se opor ao furto e roubo violento. Devem deixar levar sem manifestar qualquer reacção. É a forma encontrada para redistribuir e descentralizar a concentração de riqueza.
Então, num inexplicável entendimento das leis e desvalorização da legítima defesa –em acção directa por omissão do Estado-, vemos os tribunais valorarem mais a vida perdida às mãos de quem tenta defender a propriedade do que aquelas mortes que resultam de homicídio perpetrado por delinquentes.
Talvez valha a pena pensar nisto.











quinta-feira, 24 de março de 2016

RESPOSTA DE FERREIRA DA SILVA À CARTA ABERTA

FOTO DB/CARLOS JORGE MONTEIRO
(Foto do Diário as Beiras)


Meu caro Luís Quintans:

Li com atenção a “carta aberta” que me dirigiu e a que só agora respondo devido a ausência de Coimbra e a múltiplos afazeres profissionais.
Como cidadão e um dos responsáveis do CPC, Cidadãos por Coimbra, conheço bem a sua dedicação à causa pública e a frontalidade com que expressa os seus pontos de vista. O que numa cidade em que se debate e polemiza tão pouco não pode senão ser louvável.
Dito isto, não posso deixar de lhe dizer, meu caro amigo, que fico preocupado com o balanço que faz da atividade do CPC na Câmara Municipal, sobretudo, quando diz que “(…) é mais do mesmo”.  Com a mesma frontalidade com que se expressa permita que lhe diga que entendo estar profundamente errado, por várias razões:

Nunca antes, ao que me lembro, uma força política, sem pelouro atribuído, colocou na ordem do dia tantos assuntos, fazendo as correspondentes propostas: acessibilidades a Coimbra (A13, Coimbra B e Terminal Rodoviário); mobilidade interna com destaque para o metro (com a promoção de um amplo abaixo assinado que colheu mais de 5000 assinaturas) e para o estado decadente dos SMTUC que perdem passageiros a cada dia; património classificado pela UNESCO que, quase três anos depois, continua ignorado, sem ter sequer sinalética adequada; requalificação e reabilitação do centro, questionando o papel da SRU deixada totalmente ao abandono durante largos anos; ligação da cidade ao rio para fruição deste; Terreiro da Erva, Rua da Sofia, Pátio da Inquisição, Jardins do Mondego e alargamento do Parque Verde; estacionamento caótico  nos CHUC;  etc, etc, etc.;

Propusemos que diversos assuntos fossem objeto de ampla discussão pública, mesmo para além daqueles em que a discussão resultou de imperativo legal, organizámos debates, mobilizámos cidadãos e convidámos técnicos qualificados para ajudarem a reflexão: destaco o Terreiro da Erva que permitiu elaborar uma proposta que, a ser aprovada, teria enormes benefícios para a cidade e o Regulamento das Águas, em que apresentámos uma proposta, quando mais ninguém o fez; 

Batemo-nos na CMC pela democracia, pelo respeito do direito da oposição, pelo agendamento das propostas que apresentamos, contra sistemáticos ajustes diretos, (por regra, a favor de amigos ou correligionários do partido no poder), contra a nomeação para a Empresa Águas de Coimbra de uma pessoa cuja única qualidade para o cargo era a de ser líder distrital do PS (como já o anterior era líder distrital do PSD). E sinceramente custa-me ouvi-lo dizer que “é chover no molhado” ou “é pouco e não serve de analgésico” porque no CPC estamos profundamente convictos que sem democracia, sem transparência, sem um combate intenso ao nepotismo, não há desenvolvimento económico e social.

Deixe-me agora abordar especificamente a questão dos horários dos estabelecimentos. Não sei onde o meu prezado amigo foi buscar a ideia de que “(…) o CPC  defendeu o alargamento de abertura dos estabelecimentos pela madrugada dentro ao arrepio do harmónico e legítimo interesse dos moradores”. Não, caro Luís Quintans, o que defendemos não foi nada disso. Ao contrário: foi o CPC que, na Câmara e na opinião pública, primeiro levantou a questão dos horários sem limites que se praticavam em várias áreas da cidade. Visitámo-las. Organizámos três debates com moradores, com técnicos, com o Presidente da AAC e com os poucos comerciantes que acederam a participar, apesar de todos e suas respectivas associações terem sido convidados. Elaborámos uma proposta global alternativa ao Regulamento que foi posto em discussão, tendo presentes três preocupações essenciais: a salvaguarda do direito ao repouso dos moradores; o estabelecimento de regras em função da classificação económica da atividade (CAE), como forma de gerar igualdade e combater a concorrência desleal; e, finalmente, a requalificação dos estabelecimentos de modo a proporcionar boas condições e qualidade adequada aos clientes, sobretudo jovens. Mau grado o documento final ter absorvido muitas das nossas propostas, que a melhoraram substancialmente, alguns aspetos, entre os quais o seu restrito âmbito territorial de aplicação, como se houvesse cidadãos que têm direito ao repouso e outros não, votámos contra.
No que respeita à chamada “via central” penso que a posição do CPC é muito clara e bem fundamentada, não sendo eu capaz de dizer mais do que o arquiteto José António Bandeirinha já disse. Para debater esse tema, fica desde já convidado a participar no debate que vamos organizar no próximo dia 30 de março, pelas 21h, no Rancho de Coimbra, com a participação de José António Bandeirinha, Tiago Castela e Vítor Marques.
Quanto à votação do aumento de estacionamentos para uma superfície comercial a instalar na margem esquerda, o Pedro Bingre do Amaral já explicou, com clareza, as razões do seu voto enquanto vereador em representação do CPC, não havendo, em minha opinião, nada mais a dizer.
E para terminar vou então responder à primeira questão que coloca na sua carta aberta: “(…) a posição do movimento Cidadãos Por Coimbra (CPC) perante o necessário equilíbrio das forças económicas no desenvolvimento da cidade”. E a resposta, em coerência com a visão que temos da cidade e do seu desenvolvimento, é que o isolamento a que os sucessivos governos autárquicos do PS e do PSD deixaram chegar a cidade é o principal responsável pelo atual estado decadente. Por isso, levantámos a voz perante os estudos territoriais da Gulbenkian, coordenados por Félix Ribeiro, que consolidam a tendência para Aveiro ficar com o Norte e Leiria com Lisboa, quando todas as demais forças políticas ficaram caladas; por isso, também, denunciámos o abandono a que o IPARQ tem sido votado pela atual maioria camarária, não permitindo o seu desenvolvimento com a instalação de empresas tecnológicas, que podem dar emprego qualificado e assegurara permanência de jovens famílias na cidade; do mesmo modo, batemo-nos contra a degradação dos parques empresariais; por isso também, damos especial importância à requalificação do centro, com o retorno de moradores, condição absolutamente essencial à revitalização do comércio local, cujas dificuldades e carências bem conhecemos e com que somos ativamente solidários. Mas a não ser que recorrêssemos à demagogia, conhecemos bem os limites da nossa intervenção.
Creia que foi um prazer poder responder à sua “carta aberta“ e que estarei sempre disponível a debater consigo as coisas da nossa cidade.

     Cordiais saudações cidadãs
    José Augusto Ferreira da Silva 

JANTAR PELA ACIC ADIADO "SINE DIE"



Segundo Arménio Pratas, “por não estarem reunidas todas as condições para debater o estado de insolvência da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, entre comerciantes e pessoas que ainda fazem parte e outros que  já pertenceram aos órgãos directivos, e procurar soluções possíveis num ambiente económico impossível, não iremos realizar o jantar agendado para a próxima segunda-feira, dia 28. Fica adiado “sine die” e até termos novos dados, nomeadamente, o resultado de algumas reuniões com interessados que a Câmara Municipal de Coimbra marcou para o efeito”, remata o comerciante estabelecido com a loja Sofimoda, na Rua da Sofia, e ex-director da ACIC.

quarta-feira, 23 de março de 2016

A BAIXA VISTA DA MINHA JANELA





POR MÁRCIO RAMOS


Na minha rua, tal como tantas da cidade, todos os dias passa o camião  do lixo entre as 19h00 e as 23h00. Ontem, terça-feira à noite, quando estava a ver os noticiários,  notei que a viatura camarária de recolha estava há muito tempo parado no mesmo sítio, com o motor a trabalhar, perto da minha porta. Por achar estranho, abri a janela e vi um espectáculo pouco digno desta cidade: junto ao banco BPI estava um mar de detritos. Imensos papéis, muitos excedentes. Até cheguei a ver imagens emolduradas em quadros. Os profissionais que cuidam do ambiente na cidade lá andaram a limpar mais  de 10 minutos seguramente.  Basculhando aqui, remexendo acolá, naquele monte de coisas várias, tentavam reaproveitar e dar novo destino a algo que já não tinha préstimo para alguém. Sei que esse entulho provinha da antiga loja ao lado do meu prédio e já encerrada há vários meses. Vi duas carrinhas, apercebi-me que quem lá estava aproveitava o bom, e o mau era  posto na via pública como atulho.
Por um lado é bom que recuperem um prédio devoluto, que o limpem e lhe dêem o uso para que foi criado, que o façam voltar à vida. Mas vale tudo?  E as regras de convivência? É admissível sujar uma das mais importantes ruas pedonais da cidade? Será que estes senhores nunca ouviram falar em sacos do lixo?  Ou contentores? Tinham que fazer aquela esterqueira toda? Será que já não há respeito pelo semelhante, civismo? O pior veio depois;  depositaram junto a loja “Casa dos Enxovais” um enorme bloco de madeira. Esteve lá a noite toda. Por que razão os serviços de higiene não recolheram o tronco? Se não o podiam levar naquele carro porque não providenciaram o seu levantamento?
Já começam a ver-se vários grupos de estudantes na Baixa e durante a noite. Pergunto: se a um ou vários universitários lhe dessem para o vandalismo e atirassem o bloco de madeira contra uma das montras, de quem era a responsabilidade?
Havendo mais educação e respeito pelos vizinhos por parte de todos os munícipes, Coimbra será naturalmente mais asseada e mais bela. Há uns anos, nos carros do lixo havia uma mensagem: “Coimbra limpa tem mais encanto”. Pelos vistos desapareceu e com ela o pouco de civismo.




ESTOU CONTIGO, COSTA, PÁ!

 António Costa não dá tolerância de ponto na Páscoa



O Governo de António Costa não vai dar tolerância de ponto na quinta-feira à tarde aos trabalhadores da Função Pública, véspera do feriado de Sexta-feira Santa, segundo a RTP.”


Caro amigo Costinha:
Estou completamente de acordo com a última deliberação do teu/nosso Governo. Decretaste tolerância de ponto no Carnaval. Muito bem! Aceitei inteiramente!
Agora, nesta véspera de Sexta-feira Santa –ao não dares abébias-, com a tua decisão, volto a concordar. Já se sabe que, pelas leis da física, ninguém pode dar sem retirar de algum lado. E não esqueças que estamos a atravessar uma grave crise –que, para aliviar a austeridade, só se resolve com esforço e trabalho. Eu esgravato no privado e, para me aguentar sem ordenado garantido, tenho de dar no duro -não sei se estou a ser claro, pá! Tens de falar nisto ao pessoal!
É natural que o maralhal da função pública não goste de ser obrigado a malhar na eira amanhã, quinta-feira, mas paciência! Se desses, desses e voltasses a dar, serias o melhor governante de sempre. Mas tu não estás no Governo para agradar a todos. Governas para agradar à maioria dos portugueses –e é esta maioria, tivesse ou não votado em ti, que te julga e te dá nota positiva. Citando um teu amigo chegado e conhecido, “por cada nega que possas fazer acontecer, muitas dezenas de afirmações não se concretizam.”
Recebe um abraço cá do “Je”.
Qualquer coisinha ,embora sem te passar cheques em branco -aviso já!-, dispõe.

A VERDADE VEM SEMPRE AO CIMO






“Autobiografia do ex-apresentador de televisão relata episódios de envelopes com dinheiro e vivendas no Algarve na alegada compra de votos para a candidatura portuguesa ao Euro-2004.”


Tenho para mim que Carlos Cruz, no processo Casa Pia e referente à pedofilia que abalou o país, está a ser alvo de um tremendo e trágico erro judiciário e é inocente. Escrevi isto mesmo em 2010. Porque foi incriminado e condenado ao degredo não se sabe mas, como manta que se levanta devagarinho, começam a aparecer indícios que suscitam suspeitas. Se for verdade que foi uma cabala, o tempo se encarregará de provar a sua inocência. Não conheço o ex-apresentador logo, por isso, estou à vontade para escrever o que penso. Fez muito bem em denunciar em livro a corrupção do futebol europeu nas mais altas instâncias. Pela sua postura digna, em não aceitar a sua liberdade provisória a troco de uma confissão forçada, um enorme abraço de solidariedade para Carlos Cruz.



BOM DIA, PESSOAL...

MUDAR O MUNDO A A PARTIR DA PARTÍCULA

terça-feira, 22 de março de 2016

ACIC: OS MILAGRES ACONTECEM DEVAGAR





Depois de, na semana passada, o Diário as Beiras ter publicado a notícia da insolvência da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, decretada pelo tribunal, e aqui no blogue se terem publicado dois textos insurgentes contra a inércia que se verifica na cidade, eis que, como ondas telúricas a abanar consciências adormecidas, começam a surgir dois movimentos no sentido de reverter a decisão do tribunal.
O primeiro vem de um grupo de comerciantes liderado por Arménio Pratas e Armindo Gaspar, ambos ex-dirigentes da ACIC, e que na próxima segunda-feira, 28 do corrente, vão realizar um jantar-encontro no restaurante Paço do Conde, pelas 20h00, na Baixa da cidade, “para tentar delinear ideias e ver o que é possível fazer para salvar a ACIC, uma instituição de interesse público e com 153 anos de existência”. Segundo Pratas, “pelo princípio da cidadania e do amor por Coimbra, convidamos a comparecer e a apresentarem propostas ex-presidentes da vetusta associação, membros da direcção, actuais e corpos-gerentes das últimas décadas, ex-funcionários e todas as pessoas de bem que possam contribuir para evitar o desaparecimento de uma parte da história comercial e industrial da cidade em século e meio. Estará presente o actual presidente em exercício, Paulo Mendes.  
Aproveitando o meio de divulgação, dirigido a todos, por favor compareça! Não deixe que se afunde desta maneira uma instituição tão importante! Pelo menos lutemos por ela”.
O segundo movimento vem dos lados da Praça 8 de Maio, mais propriamente da Câmara Municipal de Coimbra. Segundo uma fonte que pediu o anonimato, “a crónica demolidora que você escreveu no seu blogue (HOMENS SEM MEMÓRIA CONDENAM UMA CIDADE E NÃO DEIXAM RASTO NA HISTÓRIA) caiu muito mal na autarquia, mas pode ser que talvez sirva de abanão. Tanto quanto julgo saber estão a ser marcadas reuniões com as partes interessadas no sentido de desbloquear o problema.”
O que disse a esta fonte anónima reitero aqui: se foi escrita num tom avassalador, a intenção é mesmo abanar consciências adormecidas. Como é de calcular não se pretende ofender quem quer que seja. Digamos que, em metáfora, são pancadinhas de amor.


VEJA AQUI O ROL DE CREDORES DA ACIC (Junho de 2013):

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