terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O CORTÊS JÁ TEM UM "ORGON"



Passavam poucos minutos das nove quando o telemóvel tocou. Era o senhor Olímpio Medina, o proprietário do mais identificativo estabelecimento, com o mesmo nome, de instrumentos musicais da Baixa. “Alô, Luís? Queria pedir-lhe um favor. É o seguinte: ontem ligou para aqui um senhor de Miranda do Corvo a dizer que leu no jornal O Despertar o que você escreveu e tem um órgão para oferecer ao Luís Cortês mas que só o pode trazer para Coimbra quando vier cá. Acontece que o Cortês anda desesperado, até já me quer comprar um órgão de qualquer jeito –sei lá onde vai ele buscar o dinheiro? Precisa de trabalhar e ganhar. Entende-se! Então liguei ao senhor de Miranda a propor-lhe ir lá buscar o órgão mas ele, como não me conhece, pareceu receoso. Então pensei que se você fosse comigo seria mais fácil. Íamos no meu carro. Pode ir comigo?”
E, como dois catraios em busca de uma solução que pode ajudar a salvar um amigo, lá fomosinteressante como, por algo que consideramos bom, largamos tudo sem olhar a tempo e a despesas. É como se, passando o devido exagero, corrêssemos em busca de um medicamento que pode salvar uma vida –foi isto mesmo que senti no entusiasmo manifestado pelo senhor Olímpio.
Chegámos a Miranda do Corvo e ligámos ao benfeitor que se tinha disponibilizado para oferecer o instrumento ao Luís Cortês. Veio então o senhor Jorge Santos com um teclado Yamaha debaixo do braço. Pelas feições, reconheci-o de Coimbra, já lá vão muitas décadas. Disse-nos que estava aposentado por invalidez e que ao ler o apelo no jornal ficou muito sensibilizado. Por que o podia fazer, tinha muito gosto em contribuir para um dia-a-dia melhor do músico de rua, da Baixa de Coimbra. Mesmo contra a sua vontade -por não gostar de publicidade, disse-, lá consegui tirar uma foto do momento. Expliquei porque o fazia. Este seu gesto pode levar outras pessoas a fazer o mesmo para situações análogas. Comportamento gera comportamento. Apenas por isso e nada mais. Um agradecimento do tamanho do mundo para este benemérito, Jorge Santos, e um grande abraço para o senhor Olímpio. Hoje, durante a tarde, o Cortês já manifestava um sorriso de felicidade. Não é tão bom quando tudo acaba bem?

1 comentário:

JPG disse...

É bom???

Isso é pouco!

É do melhor!!!

Abraço e parabéns pela iniciativa, coragem e "força nas canetas". Como bem saberá, erra força interior ajuda a ultrapassar as eventuais agruras que a vida nos vai dando.

Aquele abraço!