sábado, 31 de março de 2012

COMO O TEMPO ESTÁ NUBLADO...

DIAS DE NUVENS NEGRAS QUE CAVALGAM SOBRE AS NOSSAS CABEÇAS




 Tenho dias que me parecem séculos carregados de moléstias, fome e dor. Perdido nos anéis do tempo, pareço circular ao acaso por entre montes e vales de solidão. Apesar de alguns ruídos de fundo as ruas parecem-me vazias de vida. Noto um silêncio conspirativo em tudo o que as envolve. Os transeuntes que as percorrem são autómatos comandados por uma missão pré-definida: todos procuram salvar o seu dia. Todos buscam algo, mas essencialmente um amor que os tire deste tédio em que se transformou este tempo de nuvens negras, de fantasmas esvoaçantes empurrados pelo vento. O amor continua a ser o bem mais rebuscado. Provavelmente, se calhar, ninguém o trocaria por uma grande fortuna. Nos seus rostos apáticos, sombreados, uns olhos cinzentos sem brilho, mostram um desalento palpável e patente. Ninguém ri. O sorriso, manifestação efusiva de felicidade, passou a ser ouro, quem o tem conserva-o com unhas e dentes, não vá ser roubado pelos carentes de alegria. Quando mostrados em público, são sempre poupados e minimizados em amostra de cartaz. Raramente se ouve uma estridente gargalhada.
A cidade não é mais a terra de oportunidades de antigamente, onde um necessitado mendicante, pela pedinchice ou através do esforço de trabalho, poderia vir a alcançar um estado de graça. Hoje, num fenómeno de anomia, destrutivo e antieconómico, o outrora remediado todos os dias empobrece mais e caminha, a passos largos, para a miséria. Um exército de indigentes diariamente tenta sensibilizar os que estão na borda do precipício em busca de uma moeda. Recorrendo a todas as lamúrias, e, quando estas não resultam, choram mesmo com lágrimas vivas em corrupio pela face árida e gretada. Contrariando outros tempos de glória, agora, contam as suas histórias de vida carregadas de melodrama e falhanço de perspectiva.
A maioria dos operadores, constituídos por comerciantes, prestadores de serviços e hoteleiros, o espírito que através da sua ousadia sempre animou a urbe, nos seus ombros caídos anunciando desgraça, como se carregasse todos os pecados do mundo, indumentária coçada e que já viu melhores dias, cabeça com cada vez menos cabelos, olhos baços sem esperança, implantados sobre negras olheiras, lábios mudos sem apelo, envelhecem a olhos vistos e, como sobreviventes num campo de batalha onde nuvens de fumo se elevam para o céu, parecem perdidos num labirinto sem saída. Se tentarmos puxar uma conversa, inevitavelmente, ela recairá sobre a descrença no amanhã e na interrogação: “o que é que vou fazer?”
O comprador médio, noutros tempos o motor da economia, com cada vez menos dinheiro no bolso, entra nas lojas, mira, revira os artigos, volta a revolver e, sem pudor, exclamando que não tem meios,  sai com a frustração estampada no rosto.
O escasso adquirente de posses superiores, sempre que se sinta interessado num qualquer bem, oferece metade e, sem disfarçar, lança um olhar compungido de pena para cima do vendedor. Às vezes, como a chicoteá-lo impiedosamente, ainda lhe atira: “isto está muito mau, não está? O senhor vende alguma coisa? Coitado!”
Os jovens, a semente futura desta realidade pouco expectável, desempregados e sem futuro à vista, vivendo às costas da geração anterior, para além de não terem poder de compra –o pouco disponível vai para as noitadas de copos e própria da sua idade, já que outra via não lhes resta para afogar a desilusão-, não querem saber dos bens materiais e olham para estes como um burro mira um palácio. Diabolizam a posse. Vêem neles, nos bens, a droga, a dependência, a ambição, a desgraça do mundo, causa e consequência do fracasso desta economia hodierna.
Então, perante este cenário tétrico, tristonho e pessimista, o que fazer das cidades? O que vai acontecer a quem cá vive e, através do trabalho, aqui extrai o seu rendimento único que lhe permite, mensalmente, liquidar os seus empréstimos e fazer face às despesas do dia-a-dia? Verdadeiramente, esta é a questão que se coloca.
E o Estado não sabe o que se passa? Parece que não. Em vez de facilitar a vida aos cidadãos, fazendo leis de excepção e discriminação positiva, deixando-os pelo menos sobreviver, e para evitar que estes caiam no crime, pelo contrário, cria cada vez regras mais apertadas, desencadeando o ódio contra quem gere a coisa pública, para que cada um sucumba e se torne salteador e criminoso. Como exterminador compulsivo, através de impostos cada vez mais implacáveis, sem dó nem piedade, paulatinamente, vai fazendo encerrar os pequenos estabelecimentos, que, para além de serem o único sustento de uma prole, são as palmeiras de sombra deste deserto colectivo que se aproxima a passos largos.
Ninguém tenha dúvidas de que, quando o desânimo virar raiva, vai haver sangue a jorrar pelas pedras das calçadas. Ninguém vai estar seguro. A morte aproxima-se a passos de gigante. Alguém vai ter de pagar pela destruição de uma classe média que, através de muito esforço, suor e lágrimas, sonhou, abalançou-se para a sua concretização, realizou, e agora, numa insensibilidade atroz de quem governa, está prestes a perder tudo. Cuidado com as consequências desta frustração.




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sexta-feira, 30 de março de 2012

ENTÃO NÃO É QUE HOJE PARECE-ME SEXTA-FEIRA?

"A HORA DO PLANETA "APAGA" LUZES AMANHÃ"




 Segundo os jornais diários, e, no caso, citando o Diário as Beiras, “A Câmara de Coimbra associa-se à iniciativa da WWWF –“A Hora do Planeta”- que pretende incentivar cidadãos, escolas e instituições a apagarem as luzes durante uma hora, mostrando, desta forma, o seu apoio à luta contra as alterações climáticas. Neste sentido, a autarquia irá desligar, simbolicamente, este sábado, dia 31 de março, entre as 20h30 e as 21h30, a iluminação em alguns edifícios e monumentos da cidade (…).”

 Juro pela minha avozinha, que está lá em cima a descansar da fadiga de tantas décadas que andou por cá a aturar certos filhos da pauta e que nunca leu um jornal na vida porque não sabia ler, que nada me move contra os diários da Lusa Atenas, e muito menos contra o jornal do senhor Abrantes, que já foi um dia e o pôs neste mundo, mas às vezes, citando um amigo que, conhecendo todas estas vielas e becos, diz com grande solenidade: “até a pele se me eriça” –e puxa as mangas da camisa para cima e mostra um braço mais branco que a camisa que levei à primeira comunhão. E porque é que a pele se me põe assim, a modos igual a uma galinha sem penas? Interrogará vossemecê, leitor, que já está a ficar impaciente com esta prosa e a perguntar-se assim, c’mo a modos, “o que é que este gajo quer? Porque é que não vai para a fila à espera de ocupar o lugar do Orvalho, para vereador?”
Estou irritado, tenho de confessar, mas vou encher o peito de ar e contar até dez, para ver se me consigo conter. Então é assim, aqui na Baixa, há quase dois anos que os comerciantes, todas as noites, apagam as luzes das montras para ajudar a salvar o planeta. O Diário as Beiras alguma vez escreveu sobre isto? Escreveu?? Nunca!! E agora vem a Câmara Municipal encerrar as luzes uma hora e é logo notícia? Digam-me, digam-me, porra, com franqueza, isto, está certo? Nitidamente, estamos perante uma medida discriminatória e, pior, subserviente do poder instalado na Praça 8 de Maio. É ou não é? Respondam. Estou certo ou estou errado? Aliás, até vou mais longe, a maioria dos comerciantes da Baixa de Coimbra já deixou de fumar, de usar isqueiro, acender a lareira lá em casa, tudo por causa do planeta, é claro, mas isto nunca vem nos jornais. Porquê? Pergunto eu, alto e bom som? Porquê? Não é notícia?
Quem me conhece sabe muito bem que sou mais chato que a potassa, mas isso também não interessa nada para aqui, parafraseando aquela senhora que já fez mais plásticas que a dona Lili. Mas há coisas que uma pessoa não pode calar, carago! É ou não é? Uma grande maioria de comerciantes de aqui, da Zona Histórica, notoriamente, já nem faz aqueles exercícios que antigamente e supostamente os nossos pais faziam à noite com a sua consorte. Não sei se estarão a ver quais são. São uns esforços que o eram sem o ser, mas que queimavam muitas calorias e o planeta, naturalmente ficava mais pobrezinho –sobretudo se daí resultava em mais um indigente para o mundo. Agora, por causa disso mesmo, todos os lares dos mercadores estão envolvidos em silêncio de sepulcro, tudo por causa do planeta, nem preciso de repetir. O Diário as Beiras ou outro jornal da cidade falam disto? É o falas! Mas agora só porque a autarquia fecha as luzes uma hora é logo notícia. Mas que é isto? Já chegámos à Madeira?
Estamos perante um comportamento que é preciso corrigir com urgência. Bolas, “a César o que é de César!”. É ou não é?
O que vou contar a seguir não posso afirmar, mas quase. Até aposto que, por muitos profissionais do comércio, aquele “traquezinho” tão libertador, que sub-repticiamente davam, -isto é, se largava no éter-, por causa do planeta, é lógico, estes estoicos protectores ambientais renunciaram a esse prazer - também um pouco, porque foram obrigados a comer cada vez menos, mas isso também não interessa nada, o que conta aqui é a mais-valia para a Terra, é ou não é? E o Diário as Beiras conta alguma coisa disto? É o contas!


PÁSCOA NA BAIXA




Este ano o tradicional ovo da Páscoa está no comércio tradicional

Páscoa na Baixa de Coimbra

Uma santa semana com atividades educativas para crianças, animação do espaço público e promoções nas lojas para todos!



A Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) programou um conjunto de iniciativas de formação e diversão para a semana da Páscoa, de 2 a 7 de abril. Workshops gratuitos para crianças, atividades lúdicas e desportivas, promoções nas lojas e ações de sensibilização para uma vida saudável por toda a Baixa de Coimbra.

Uma oferta-convite a passar as férias da Páscoa na Baixa de Coimbra

No dia 2 de abril, segunda-feira, começam seis atividades de formação simultâneas para crianças: workhops de teatro, fotografia, música, dança e ginástica/desporto. As atividades propostas vão decorrer em diversos espaços da Baixa (Centro de Artes Visuais, Rancho Folclórico de Coimbra, Salão Brazil, Teatro da Cerca de São Bernardo e pelas ruas…) e têm prevista apresentação pública dos resultados no dia 7 de abril. Os destinatários são crianças dos seis aos 12 anos, sendo o acesso gratuito com inscrição prévia necessária, dado o limite de participantes.

Um sábado saudavelmente festivo

A festa final fica reservada para o dia 7 de abril, sábado, com a Baixa de Coimbra repleta de propostas de atividades lúdico-desportivas para toda a família, apresentação dos resultados dos workshops e estabelecimentos comerciais com montras alusivas ao tema, abertos durante todo o dia com uma receção especial para os visitantes. E porque é Dia Mundial da Saúde, a APBC lançou o desafio a várias entidades para ações de promoção / sensibilização para hábitos de vida saudáveis.

Para mais informações, nomeadamente inscrições nos workshops, contactar a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra através do telefone 239 842 164, telemóvel 914 872 418 ou por e-mail apbcoimbra@gmail.com.


WORKSHOP DE DANÇA

para crianças dos seis aos 12 anos



Workshops Gratuitos nas Férias da Páscoa! A partir de 2 de Abril, para crianças dos seis aos 12 anos, a decorrer em vários espaços da Baixa de Coimbra
Animação | Dança | Fotografia | Ginástica | Teatro | Desporto
As inscrições são limitadas!
Para mais informações, nomeadamente inscrições nos workshops, contactar a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra através do telefone 239 842 164, telemóvel 914 872 418 ou por e-mail apbcoimbra@gmail.com

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS



"Há dois anos, frequentei um curso de fotografia promovido pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, orientado pelo fotógrafo Vítor Garcia. Não fui aluna exemplar, mas aprendi muito. Uma das coisas que aprendi foi que pouco ou nada sabia acerca do assunto. Também conheci pessoas interessantes, nomeadamente a Cristela Bairrada. Comecei pela fotografia, mas não é este assunto o motivo desta minha intervenção matinal e sim os Bombeiros Voluntários de Coimbra e a sua associação. Fiz-me sócia na altura e fiquei com um carinho imenso pela instituição, sedeada na Avenida Fernão de Magalhães, que dia 15 de Abril comemora 123 anos. O presidente, o Dr. João Silva (que não me encomendou o sermão) está a tentar por todos os meios captar a atenção dos cidadãos para as dificuldades por que passam os bombeiros. Aos meus amigos peço-lhes que fiquem atentos às próximas iniciativas que venham a ser promovidas com o intuito de os ajudarmos. A vida não está fácil para muitos de nós, mas estou certa de que uma boa soma de boas vontades poderá fazer a diferença! Bom dia para todos." -Iolanda Castro, no Facebook.


 Ao ler o seu texto, Iolanda, dei por mim a pensar nesta estranha cidade. Uma urbe pomposamente apelidada de “Cidade do Conhecimento” e constituída na sua génese por doutores e engenheiros. Confesso que detesto os estereótipos, mas, em boa verdade, caio sempre neles. Quando encontro os chamados “coimbrinhas” “passo-me dos carretos”. Arvoram-se em donos de uma verdade que nunca foi, estão sempre a pôr abaixo planos inovadores. Não direi que esta casta detestável seja nova. É muito possível que Luís de Camões quando escreveu os Lusíadas, e no seu Canto IV se refira aos “Velhos do Restelo”, no fundo, bem no fundo estivesse a pensar nestes “coimbrinhas”. São fingidos como o raio que os parta. Comparecem sempre para onde são solicitados, sobretudo quando se trata de obras de solidariedade. Como moldura de uma reserva moral purista e exegeta, marcam presença, mas estão ali, não numa posição proactiva, mas para pôr abaixo, para derrotar quem pense diferente deles. Especulando um pouco, vamos imaginar que há uma qualquer ideia nova. Pois estes “coimbrinhas” em tudo encontram dificuldades. É no dar o primeiro passo, porque assim assado e cozido, é no segundo, porque parece mal, pode-se partir uma perna, depois pode não vir o 112, ou o médico ter cara de trombeiro, ou a ambulância ter um furo a caminho do hospital. No entender destes “coimbrinhas”, para não correr riscos, o melhor, mesmo o melhor, é não fazer nada. E assim, não fazendo nada, vão continuando a roer nos subterrâneos de uma cidade… que não faz nada. Às vezes dou por mim a pensar que este modelo Camoniano é muito mais do que parece. É certo que é uma extensão de todos nós que amamos a cidade e, no fundo, talvez por a estimarmos de mais, acabamos por escravizá-la pela nossa intolerância e reduzimo-la a uma visão maniqueísta, dividida entre o bom e o mau. Às vezes dou por mim a pensar que este “cromo”, este figurino, é encomendado. É como se fosse um fantasma, uma alma perdida que esvoaça no nosso meio. Detesto esta figura. Irrita-me e tira-me do sério.
E porque é que comecei a escrever este sermão se ninguém mo encomendou? Interrogará. Não sei, talvez para tentar justificar o insucesso com que João Silva, esforçando-se a bater a todas as portas, dá uma volta sobre si mesmo e vem de mãos a abanar. O “coimbrinha”  de que escrevo nunca está disponível para participar. Apenas dissimula que está. Pobre cidade de espíritos acomodados!








quinta-feira, 29 de março de 2012

LEIA O DESPERTAR...


LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA



Para além  da coluna "Memória: um Pinto d'ouro", deixo também o texto "Reflexão: Povo que lavras no rio"

MEMÓRIA: UM PINTO DE OURO

 Não se sabe muito bem, mas é possível que a construção da nova ponte sobre o Mondego, com início em 5 de Abril de 1951, e com projeto de engenharia de Edgar Cardoso, constituísse a “pedra de toque” para a decisão de Carlos da Silva Pinto, natural de Meruge, Oliveira do Hospital, e então com 33 anos, de apostar na outra margem direita e assim, à época, abrir o melhor restaurante de Coimbra: o Pinto d’ouro. 

Substituindo a antiga passagem para a outra margem em ferro, e que já vinha do século XIX, esta nova ponte foi inaugurada, com pompa e circunstância, em 30 de Outubro de 1954. Ora, tendo em conta que, poucos meses antes, este famoso café e restaurante se implantou num antigo espaço de uma cantina de polícia, tudo leva a crer que teria sido o lado visionário de Silva Pinto, o ler nas estrelas, que esteve na origem do nascimento do Pinto d’ouro. O certo é que os vários milhares de pessoas que assistiram à inauguração da ponte de Santa Clara, em boa verdade e em sintonia, na mesma data, estavam também a celebrar a entrada em cena desta grande casa de restauração junto à antiga “Casa da Ponte”. E Carlos Pinto sabia o que fazia, ou não tivesse tirado o curso em duas das mais famosas universidades de hotelaria da cidade, a pastelaria Império e a padaria Palmeira, ambas na Rua da Sofia. Para além disso, porque na sombra de um grande obreiro estará sempre uma estratega, a observar, a planear e a pesar os prós e contras, também neste caso havia a esposa do fundador, e considerada a trave-mestra: Gracinda Medina Pinto.

Fosse pelo grande empurrão da celebração da nova passadiça para o outro lado ou não, ou porque a sorte premeia os audazes, a verdade é que este restaurante começou logo por ser um Sol brilhante no firmamento da gastronomia conimbricense. “Foi um raio de luz numa noite escura”, diz quem sabe e conheceu bem. Num bom serviço de mesas, não faltava o pessoal, limpo e asseado, equipado a rigor, com calça e sapatos pretos, casaco branco e camisa com respetivo laço negro. 
As mesas eram cobertas com toalha e emolduradas com guardanapo de pano, de um branco imaculado, louça e talheres gravados com o logótipo da casa. Sempre que entrava um grupo de estrangeiros, previamente contratados por agência ou pelo Turismo era surpreendido, em cada mesa, por pequenas bandeiras da sua nação de origem e acompanhadas da portuguesa. Quando provavam o “couvert” começava a ouvir-se o hino do país visitante. Muitos estrangeiros, perante aquela surpresa, abraçavam-se e choravam de emoção. 
Ali, naquela pequena embaixada, nada era feito ao acaso, desde o “pinto de ouro”, em faiança da Fábrica Viúva Alfredo de Oliveira, que era oferecido nos banquetes, até ao alto-relevo, em gesso, de Cabral Antunes, em alegoria à carne e ao peixe e que, com convite sub-reptício, envolvia quem transpusesse a porta.
 É evidente que o coração de um restaurante é sempre a sua cozinha e também aqui, entre outros, eram famosos os pratos típicos de Bacalhau e o frango à Pinto de Ouro, invenção de dona Gracinda. Eram de tal modo bem confecionados que, em Agosto de 1972, Amália Rodrigues, de improviso, escrevia assim no Livro de Honra: “O Pinto parece galo! Pois francamente não vi que o Pinto faça um robalo como este que aqui comi. Estava fresquinho a saltar o malandro do robalo, só lhe faltava cantar tão bem como o Pinto galo!”
No grande livro de memórias, de capas avermelhadas e nome da casa lavrado a ouro, para além da opinião da grande senhora do fado, pode ler-se ainda hoje os pareceres de Beatriz Costa, Vitorino Nemésio, Max e muitos outros intelectuais e artistas que passaram por Coimbra.

Em 1960, Carlos da Silva Pinto, era um homem de sucesso. Teria já ao seu serviço cerca de 30 empregados. Provavelmente, acusando o muito esforço, faleceu precocemente em 1984. Vamos dar voz à dona Gracinda, sua companheira desse tempo que não voltará mais, “trabalhava-se muito -nem o senhor imagina! Olhe que depois de encerrar o restaurante à meia-noite, eu ainda ia lá para trás, para o quintal, lavar as toalhas até às 2h00 da manhã. Passadas poucas horas dormitadas em solavancos lá estava outra vez a servir os pequenos-almoços a quem passava na antiga estrada de Lisboa e em direção a Fátima. Ai que tempos, senhor! Quem me dera poder voltar atrás e ver aquele corrupio de gente a sair das camionetas. Dormiam dentro delas, à espera que o café abrisse. Quando as portas eram descerradas era um pivete inebriante que ficava no ar que nem lhe conto.”
Desde Fevereiro de 2001, e depois de ter passado por um período de trevas, esta grande catedral que muito honra a cidade, pelo passado e presente, está muito bem entregue: ao Casimiro de Jesus e sua esposa Odete. Diz o primeiro: “sabemos bem a responsabilidade que temos sobre os ombros para manter esta casa de memória ativa. Nos dias que correm, acredite, não é fácil, mas trabalhamos muito para conseguir. Temos a sorte de ter aqui ao lado a Faculdade de Desporto. O nosso café é como se fosse para os estudantes a sua segunda casa. Acarinhamo-los muito. É como se fossem nossos filhos. Logo a começar as aulas, como cerimonial de batismo, iniciamos com a “poção mágica”, que é um caldeirão de 80 litros de uma bebida típica que só eu sei a receita. Quem bebe deste purgante, será sempre um bom estudante!”

REFLEXÃO: POVO QUE LAVRAS NO RIO

 Na página 2, é publicada uma carta de Paulo Diniz, um operador do Mercado Municipal D. Pedro V, em que versa uma reportagem publicada na edição anterior do Despertar. Nesta missiva fica bem patente a incapacidade e a frustração de alguém que quer continuar a remar num mar de displicência, abandono e desinteresse pelos demais colegas. Não sou jornalista. Sou um pequeníssimo comerciante da Baixa, que, tal como este mercador, todos os dias se depara com o mesmo problema. Por isso declaro o maior respeito pelo seu desabafo. O associativismo, a solidariedade, está numa profunda crise. Todos constatamos isso. Envolver alguém para defesa do coletivo é uma batalha de rios de suor. Porém, se posso invocar algo em minha defesa, todos os dias me julgo idiota por defender, através da escrita, quem tantas vezes me maltrata. No entanto, em complemento solitário, ajuízo que um homem sozinho não mudará o mundo, mas se ajudar e salvar uma única causa estará a torná-lo melhor. É preciso acreditar!


A BAIXA ESTÁ EM FESTA



 São 21h00, na Praça do Comércio. O largo da praça está toda iluminado. Ao som dos “Deolinda”, os ainda poucos frequentadores do serão que se aproxima parecem dançar. Embora ainda se vislumbrem poucos estudantes, as capas negras, em grupo, já se avistam no histórico largo. Junto à Igreja de São Tiago, com o pórtico todo cheio de luz, contrariando outros dias em que  uma relativa escuridão a envolve num manto negro e a torna igual a qualquer outro casario, está um palco montado, com vários micros prontos a receber os vários grupos de artistas estudantes que ali irão actuar.
Com uma realização da BE Coimbra, que acolhe a “Festa dos Polos”, I, II e III, da Universidade de Coimbra, nota-se um cuidado extremo na organização. Bom, convenhamos que o caso não é para menos. É que na última segunda-feira, o Diário as Beiras, assim como bomba de mau cheiro incomodativo, noticiava que a autarquia iria apreciar uma licença para utilizar a “Praça Velha”, com uma festa de estudantes e durante toda a noite. Para mais, ainda afirmava que este evento dos estudantes tinha o apoio da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra. Ora acontece que no ano passado houve aqui, neste mesmo espaço, uma festa de estudantes que, pelo barulho intenso em toda a noite, deixou amargos de boca em muitos moradores. Quando então saiu esta notícia no Diário as Beiras, na segunda-feira, deixou tudo em polvorosa, sobretudo a quem leu tal como eu. Felizmente foi fumo sem fogo. Ao que parece o jornal publicou o evento sem consultar os envolvidos –no caso, nem a BE Coimbra, nem a APBC, que só apoiava a meio apoiar. E mais ainda, segundo declarações de Miguel Matias, “a BE Coimbra apenas pediu a licença camarária até às 02h00, e nada mais!”
A verdade é que na velha praça, hoje, sobretudo os hoteleiros ali instalados, todos parecem estar satisfeitos. É que, por parte da BE Coimbra, houve o cuidado de lhes distribuir 3 pontos de venda de cerveja Sagres, mas sob responsabilidade de três cafés da praça. Ou seja, serão estes estabelecimentos que, com a promessa de estarem abertos até às 2h00 explorarão a venda de cerveja por sua conta. Extraordinário, digo eu, pelo respeito para com os mesmos este ano, já que no ano passado não foi assim. Os estudantes implantaram vários pontos de venda ao longo da calçada e, nas barbas destes hoteleiros, estiveram a vender o álcool. Pior ainda, como as casas-de-banho públicas estavam encerradas iam utilizar as dos cafés. Claro que os donos destes mandaram-se aos arames. Este ano, para além desta consideração, e pelo contrário, as sentinas estão abertas ao público. Nada a apontar, portanto.
Agora, para que tudo corra sobre rodas só é mesmo preciso que não haja chatices com os estudantes e que as bandas deixem mesmo de tocar às 2h00, que é para não haver reclamações da vizinhança. É evidente que se apela que é preciso haver alguma tolerância e nada de radicalismos, porque a praça está bonita e o ambiente está muito bom. Está giro e é uma noite diferente para a Baixa. Digo eu!


SUBITAMENTE, NUMA PRIMAVERA SECA, UM ORVALHO CAI...





 Depois do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Barbosa de Melo, na terça-feira, às 19h15, ter anunciado que “João Orvalho permanece na vereação, mas sem pelouros atribuídos”, hoje os jornais diários noticiam a sua resignação. O que é que teria acontecido para Orvalho ter mudado de ideias?
Vamos recuar e lembrar que este ex-vereador liberal, aparentemente, sem teias de aranha na cabeça, bloguista, com página no Facebook, corredor de bicicleta e frequentador dos transportes públicos, logo no início, pelo seu vanguardismo, chocou com os “senadores” do PSD local, nomeadamente com Manuel de Oliveira, líder da Concelhia, sobretudo, quando ousou criticar os transportes públicos pelo seu estado e falta de pontualidade. Logo aqui ficou debaixo de olho do “grande irmão”. A seguir atreveu-se a chamar a si um concurso internacional para alterar as regras do fornecimento das refeições aos alunos das escolas. Segundo reza a história, até aqui quem confecionava e fornecia os alimentos, e depois a autarquia pagava, eram as IPSS’s da cidade. Ao que parece, cada refeição individual custava aos cofres da edilidade cerca de 4 euros –comparticipados pelos encarregados de educação que pudessem pagar. Realizou-se o concurso para este ano lectivo e viria a ganhar a Gertal uma Sociedade Anónima, com sede em Carnaxide, e com larga experiência no ramo alimentar desde 1973. Esta firma, perante outras concursantes, propôs o preço mais baixo, ou seja, 1,1 milhões de euros, mais IVA, o que dava por refeição um valor arredondado de menos de 2 euros por aluno.

E DEPOIS? E DEPOIS?

 Como é evidente muita gente não ficou muito satisfeita com esta mudança de critérios e, mesmo antes de provar a comida da Gertal, começaram a sentir cólicas e má disposição, naturalmente não atribuídas à falta de proteínas calóricas da alimentação, mas sobretudo contra este homem, que sendo professor, vindo lá dos confins do anonimato, ousou pôr em sentido os interesses instalados. É de supor que os “prejudicados” pelo homem da bicicleta a pedais se organizassem com misseis de longo alcance e toda a tecnologia de ponta possível, recorrendo a todos os meios, incluindo na influência da oposição, e apontassem baterias ao vereador que arriscou mandar orvalho para cima de um assunto que estava solidificado no deserto urbano da parvónia e nunca ninguém discutira. E é de supor que estou certo nesta análise, porque logo em 15 de setembro, a cidade foi alertada para uma imensa nuvem de fumo que cobria Coimbra. E o que era? Uma coisa gravíssima: “Cerca de 140 crianças que frequentam o jardim-de-infância e o 1.º ciclo do ensino básico no Centro Escolar da Solum estiveram, hoje, mais de meia hora, à espera que lhes fosse servido o almoço”, noticiava o Campeão das Províncias. “As crianças que deveriam almoçar por volta das 12h30 só começaram a refeição pelas 13h00 e o mesmo sucedeu com o segundo grupo, que em condições normais estaria a comer pelas 13h30, mas cujo almoço só foi servido a partir das 14h00”, continuava o Campeão. Ora, está de ver, fazer esperar meia hora uma criança pela “paparoca”, é gravíssimo. Sei lá, se estivéssemos no Sudão, onde os infantes nada têm para o estômago, tenho a certeza, havia fuzilamentos. Como estamos numa cidade de grande tolerância democrática, começou por se dar cabo da cabeça ao responsável. Isto é, começou a guerrilha política contra João Orvalho –de tal modo que Carlos Cidade, líder da oposição na autarquia, na sua página do Facebook escrevia que foi uma hora o tempo de espera. Ou seja, eu não vejo um boi à frente mas o que é que me foi dado perceber na altura? Que todos estavam com a espada de Dâmocles, erguida e em suspenso, sobre a cabeça do vereador. Todos esperavam o mínimo deslize para fazer um “cagaçal” exagerado, e mandá-lo ao tapete. Por outras palavras, a oposição, embora seja esse o seu papel institucional, no meu entender, deixando-se arrastar pelo evidente exagero, sem o sentir, começou logo ali a fazer o jogo de uma “maioria silenciosa” que apenas visava os seus próprios interesses. A seguir é o que se sabe, vieram as acusações de má qualidade na comida e as “cartas ao leitor” nos jornais –ainda o vereador mal descansa na paz dos anjos e já hoje vem uma crónica no Diário de Coimbra, do presidente das IPSS’s-, e a presença dos pais dos alunos no executivo a metralharem Orvalho. Como já havia um conhecido mal-estar entre este e Barbosa de Melo, pelo pouco apoio nas sessões da Câmara, dava para apreender que o responsável pelas finanças camarárias tinha a cabeça a prazo.
E aconteceu o que tinha de acontecer. Mais uma vez, por causa de uma minudência, agora visando uma premissa contratual, o vereador, há dias, ficou só, a falar sozinho, no meio dos seus pares, vindo o presidente a anunciar a quebra de confiança e o retirar dos pelouros.

MAS O QUE É QUE LHE DEU NA CABEÇA PARA MUDAR DE IDEIAS?

 E então, respondendo à pergunta inicial, depois de Barbosa de Melo ter anunciado a sua permanência na vereação mas sem responsabilidade sobre as pastas, o que fez mudar de opinião João Orvalho e optar pela demissão?
Comecemos pela mera hipótese de se ter mantido no lugar sem pelouros atribuídos. O que viria a acontecer? Manteria o seu lugar na cadeira, mas seria sempre considerado “traidor” pelo PSD  –que foi o aconteceu com Pina Prata em 2006, e que acabou por se desvincular da sua filiação partidária. É certo que seria uma forma de fazer o executivo calcar pedras pontiagudas –sobretudo Barbosa de Melo-, no sentido de que, nas moções estratégicas, o seu voto, importante, nunca seria mensurável. Isto é, o vereador pagaria na mesma moeda o que lhe fizeram anteriormente. Mas, perante este cenário, o que diriam os eleitores? Que Orvalho não sabia fazer mais nada, estava agarrado ao poleiro e só estava mesmo interessado no lugar que lhe dava umas massas. Portanto, este “queimar em lume brando” a coligação tinha um reverso: também o chamuscava, e politicamente acabava com ele. Acontece que, segundo o Diário de Coimbra de hoje, Orvalho diz o seguinte: “Nos 15 meses em que exerci a função de vereador, procurei sempre defender o interesse público e saio de consciência tranquila. Estou e continuo a estar disponível para o projecto político que abracei nas autárquicas de 2009”. O que é que isto quer dizer? Tão simples quanto isto, Orvalho perdeu uma batalha, mas não perdeu a guerra contra os ”velhos do Restelo”. A mensagem é a mesma de Santana Lopes há uns anos: “tomem atenção que eu vou andar por aí!”. Até porque tem menos de 50 anos e, ao pé de muitos barões Social-democratas que hoje riscam com lápis azul, ainda é uma criança. Ora, Orvalho tem ambição política. Se optasse por ficar a remar contra a maré estava arrumado de vez. Por isso mesmo não embarcou naquilo que parecia óbvio e, quanto a mim, sai por cima, com classe e muita dignidade. Mais, com a sua saída, lança a suspeita para cima dos seus pares e inverte o ónus da prova: “eu saí porque vocês me obrigaram.”
E, com o seu bater de porta, como é que fica a Coligação por Coimbra? A meu ver muito mais vulnerabilizada do que antes e com muita dificuldade em explicar esta renúncia. O que transparece para o eleitor médio é a mesmo ilação sobre a saída de Henrique Gomes, secretário de Estado da Energia, do Governo.

TUDO PASSA, TUDO MORRE

 Não é bem assim. É que estamos a um ano das próximas eleições autárquicas, e, para além deste “caso Orvalho”, há outro pendurado que vai fazer muita mossa. Curiosamente, tal como este, por inabilidade política, o “caso Euclides Santos”, o comandante da Polícia Municipal despedido antes do fim do contrato e com base num descuido. Quando sair a deliberação de uma providência cautelar visando acautelar a sua reintegração, se lhe for dado provimento, o executivo até vai tremer perante a opinião pública.
E quem gosta da Baixa, da cidade, como é que fica? Frustrado e com uma grande raiva pelo que aconteceu. É que, por aqui, a maioria dos comerciantes apreciava João Orvalho e, para além de o acharem acessível, acreditavam nas suas promessas. E o mais grave, que mais uma vez fica adiado, é sobretudo o Mercado Municipal D. Pedro V. Embora sem orçamento, pelas mãos de Orvalho, já havia um excelente projecto de revitalização, incluindo a abertura de um posto de Correios para o seu interior, e agora, subentende-se, foi tudo por água-abaixo.
Puta de política partidária, esta. Talvez seja por isto mesmo, pelos interesses particulares nunca explicados, que a cidade se mantém na mesma modorra!


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quarta-feira, 28 de março de 2012

OLHAR O HORIZONTE




OLHAR O HORIZONTE

Luís Braga é um comerciante,
na Baixa de Coimbra, da cidade,
encostado à ombreira, é figurante
numa rua que já foi da mocidade,
hoje é uma artéria de negociante
desmotivado e sem notoriedade,
escasseia o cliente, é preocupante
o silêncio envolvente de serenidade
só é rasgado por velho de ar pecante,
que, em lengalenga de sensibilidade,
apela em pungido de dor ao visitante,
ao fundo, uma concertina de verdade
debita um tema triste, meio  agonizante,
como se rebobinasse tempo de saudade,
Luís Braga recorda quando era aspirante,
na tropa, militar, na praia da claridade,
não seguiu esta via profissionalizante,
hoje, arrependido, olha com fatalidade,
é tarde, a lua vai alta, é desgastante
estar à espera, numa imbecilidade,
de quem não prometeu vir, que desplante,
todos os dias se morre por inutilidade,
é um sentir envelhecer, tão irritante,
que consome a alma, é uma vacuidade,
Luís olha o horizonte, fixado, pensante:
“O que fazer? Este comércio é sufocante!”



NÃO ESQUECER AMANHÃ ÀS 18H00 NOS BOMBEIROS



Caros Sócios e Amigos

Venho relembrar e reforçar o convite para uma reunião amanhã, dia 29 de Março, pelas 18 horas, na sede desta Associação com o objectivo de prepararmos a realização da Feira do Bota Abaixo.

É importante a presença do maior de números de sócios e amigos por forma a que possamos encontrar uma boa solução de organização.

Pede-se tão só um acto de voluntariado que se pretende venha a constituir-se num contributo à nossa cidade.

Conto convosco.

Com os melhores cumprimentos,
 
João Silva
Presidente da Direcção

SINTO-ME FRÁGIL... PRECISO DE UMA MÚSICA FORTE...

UM CORTE NA HISTÓRIA

5 de outubro e 1 de dezembro abolidos já este ano (DE)


"Secretário de Estado do Emprego confirma que este ano marca o fim dos dois feriados civis, tal como o Governo prometeu" -5 de outubro e 1 de dezembro. LEIA AQUI.

VAMOS DISCUTIR COIMBRA?




(Recebido por e-mail, com pedido de divulgação)

 A Crise está a transformar Coimbra numa periferia? O Centro – Cidade implodiu? O Inverno demográfico é colossal? Os jovens são cómodos ou incómodos? O Ensino Superior está imparável? O movimento associativo agoniza? A proliferação de iniciativas está a ser predadora? A classe média já era? Que cenários ainda que contrastantes se podem traçar para o Futuro Previsível de Coimbra?

Coimbra merece um Debate?

 Nós, Alternativa – Associação Cultural para o Desenvolvimento do Ser Humano, Associação 25 de Abril – Delegação do Centro, Movimento Republicano 5 de Outubro (Coimbra) acreditamos que SIM, Coimbra merece e necessita de mais Debate feito a partir da Cidadania.
 É o que lhe propomos com o primeiro deles:

 “Coimbra: O Que Vale Uma Cidade No Meio Da Crise”
 Convidámos três Cidadãos. Aceitaram. Obrigado João Rodrigues, José Maria Castro Caldas, José Reis. Economistas, podemos encontrá-los na Faculdade, no CES, no blogue Ladrões de Bicicletas, pela Cidade.
 Queira, p.f., anotar na sua Agenda e Divulgar pela sua rede de contactos:

 12 De Maio – Sábado – Das 15h00 às 19h00 – Hotel Dom Luís Sala Lisboa (www.hoteldluis.pt)

 O Moderador será o Cidadão José Dias, membro das 3 Associações convocantes do Debate.
 Por questões logísticas queira inscrever-se desde já para José Dias – josemsdias48@gmail.com – 919726959

 Os iniciadores do Debate solicitam que se lhes coloquem a partir de agora, individual ou colectivamente ( grupos de cidadãos, associações, ...), as questões que os ajudem a uma boa preparação prévia.
 Pode (m) fazê-lo para o endereço acima.

 Já no Hotel e para atenuar os custos do aluguer da sala ser-lhe-á solicitada a taxa moderadora única de €1,00.

 Pretende-se um Debate calmo, profundo, com principio, meio e fim, equilibrado nos momentos de oratória e de escutatória. Coimbra Merece Um Bom Debate! Agora!

 Coimbra 28 de Março de 2012



UM SONHO QUE SE ESFUMOU







 Grávidas de força, com uma esperança no futuro inabalável, em 12 de julho de 2010, a Isilda e a Fátima eram a personificação do sonho realizado. Depois de muitos anos como empregadas em várias firmas comerciais, lançaram-se para a frente, tentando a sorte, em busca de um amanhã melhor. Mas a sorte, para além de estar cada vez mais refinada, não é para todos, é apenas para quem ela entende. Há quem diga que esta sorte, sobretudo no comércio, não passa de um esqueleto velho de uma ventura que já foi e que não quer nada com quem, legalmente, faz pela vida como estas minhas duas amigas e nossas colegas.
 O “Sonho Selvagem” morreu ontem. Sem grandes gritos de dor, feneceu como nasceu. Num dia apareceu, noutro dia desapareceu. Nascer e morrer, assim é a vida errante que todos levamos.
Com este sonho desfeito vai um pouco de todos nós. Em metáfora, é como se caminhássemos, a pé, em fila indiana ao longo de um deserto com um sol tórrido e demolidor e sem bússola. Os cantis dos mercadores estão quase todos secos de água. Num ou noutro ainda há uma ou duas gotas. Qualquer um dos caminheiros sabe que está no limite e não pode dispensar nada. De vez em quando, na longa fila, ouve-se um grito de desespero, foi mais um que caiu. Tudo indica que estes andarilhos caminham para morte certa. Mas o que fazer? Interroga-se cada um deles. Para trás não se pode andar. A única senda que resta é a esperança de encontrar um oásis. Mas ainda haverá oásis? Esta é a pergunta que cada um faz para si mesmo arrastando as pernas e levando à frente ondas de areia. Lá no alto, os abutres, cada vez em maior número, esperam calmamente o momento certo para saciarem a sua gula. É uma questão de tempo. O prémio é garantido.
Para além da esperança, o que resta a estes sendeiros? Depois de terem perdido toda a confiança no “homem-consumidor” e num Estado que os deveria apoiar e que os poderia salvar, o que lhes fica ainda? Uma fé inabalável em Deus? Mas Deus nunca esteve muito virado para quem compra e vende –basta lembrar a expulsão dos vendilhões do Templo.
Um abraço muito apertado, com muito respeito, para estas duas lutadoras, para a Isilda e para a Fátima. Um minuto de silêncio pelos seus sonhos não concretizados. Elas tentaram e lutaram como duas guerreiras da antiguidade. Resta dizer-lhes que outras janelas se abrirão perante estes tempos que vivemos. Que não desistam de sonhar.

UM GRITO DO FUNDO DA ALMA


Muito mal vai um país quando deixa morrer os seus nacionais por falta de dinheiro. Leia e se puder, por favor, ajude. Hoje por este Paulo, amanhã por si, por mim, por outro.


Ajudem o meu irmão e partilhem, por favor.
Muito obrigado
Carlos Simões


PEDIDO DE AJUDA - APELO - PAULO SIMÕES

O Paulo Simões, de Vila Seca – Condeixa-a-Nova, (amigo de muitos de vós e teclista dos DUPLEX –www.duplex.pt.vu), de 35 anos de idade (pai de uma menina de 2 anos), está doente desde Maio de 2011. Após duas operações de urgência em Outubro 2011, foi-lhe diagnosticado e retirado na cabeça, parte de um tumor de alta malignidade, fibrossarcoma, que os médicos decidiram não tratar e esperar que ele morresse.
Não nos conformámos e fomos procurando incessantemente alternativas em Portugal e no Estrangeiro para o Paulo poder ser tratado. Depois de bater a todas as portas públicas e privadas, de procurar tratamentos alternativos e de esgotar todas as hipóteses, apareceu a possibilidade dos médicos da Clínica Universitária de Navarra, uma clínica privada em Pamplona-Espanha, que se disponibilizou a operar e a fazer tratamentos.
Reunimos o dinheiro para conseguir o internamento. A cirurgia foi no dia 12 de Março de 2012 e correu bem, conseguiram retirar o tumor todo e colocaram o osso. No entanto, devido a uma infecção desde domingo (18 de Março), o osso vai ter de ser retirado amanhã (22 de Março) e terá de ser feita nova cirurgia, a curto prazo, para colocar uma prótese em substituição do osso, isto antes dos tratamentos de radioterapia e quimioterapia.
As despesas que já eram difíceis de suportar (até ao momento já foram pagos cerca de 25.000 euros) vão assim aumentar bastante e é por isso que pedimos a vossa ajuda urgente.
Precisamos de mais alguns milhares de euros - cerca de 40.000 a 50.000 euros.
Ajudem o Paulo a poder fazer as operações e os tratamentos que necessita para poder regressar a casa e brincar com a filha.
O Paulo e a família ficarão eternamente gratos.

CONTA DO PAULO SIMÕES:
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Transferências Internacionais:
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terça-feira, 27 de março de 2012

A MALDIÇÃO DA COLIGAÇÃO



 Segundo o Campeão das províncias, “João Orvalho permanece na vereação da Câmara Municipal de Coimbra, mas sem pelouros atribuídos.”
Se o tempo andasse para trás, neste episódio triste, a meu ver e extremamente lesivo sobretudo para as justas aspirações dos operadores do Mercado Municipal D. Pedro V, voltaríamos a 2006 quando Carlos Encarnação entra em rota de colisão com Horácio Pina Prata (HPP) e, tal como hoje, o primeiro, à data presidente da autarquia e o segundo vice, o destituiu, retirou-lhe os pelouros e o quis obrigar a demitir-se. HPP negou assinar a renúncia e manteve-se como vereador independente até 2009, ano de sufrágio.
Agora veja-se as similitudes, nas eleições de 2009, João Orvalho começou por ser anunciado como vice-presidente –igual a HPP-, era o vereador com tutela sobre o Mercado Municipal –igual a HPP-, perante o eleitorado apresentou-se como o grande trunfo na Coligação –igual a HPP- e agora, tudo indica, num remake de “déjà vu”, foi convidado a demitir-se e declinou o convite –tal como HPP. E para ser ainda mais igual, vai ser uma “carraça” para Barbosa de Melo –tal como HPP foi para Encarnação.
Perante todas estas coincidências, só apetece-se dizer um palavrão: fosca-se! Vade retro, Satanás! Se isto não é um acaso de bruxaria eu vou ali ao café da esquina e volto já. Nitidamente, estamos perante uma maldição no executivo ou, no mínimo, mau-olhado. A questão que se coloca nem é tanto sobre a constatação do facto, mas antes tentar saber de onde sairia a praga, isto é, quem a lançaria. Numa primeira impressão, assim a frio e sem pensar, até poderemos pôr o ónus em cima de HPP –até porque o seu braço direito na altura, Ricardo Rodrigues, continua lá –ainda hoje me chateou. Assessorou Encarnação e agora Barbosa de Melo-, mas, não, não pode ser. É demasiado evidente. Até porque um praguejamento, para o ser com certa legitimidade, tem de ter acoplado uma certa onda de mistério, assim no género dos enredos policiais de Raymond Chandler ou, sei lá, talvez nos segredos só desvendados no fim da trama de Agatha Christie. Ora, portanto, está de ver, apesar de não lhe faltar vontade, que os pozinhos de perlimpimpim de HPP nem pensar. Assim sendo vamos riscar este possível candidato à bruxaria do número dos suspeitos.
Mas quem será então, carago? –Estou a apoiar o meu queixo na minha mão em concha, assim na posição do “Pensador”, de Rodin.
E se fosse Carlos Encarnação (CE)? Sei lá! Que, às tantas, é menino para isso e muito mais, lá isso é. Mas o que ganhava ele com esta acção? Além disso, sendo ele agora o braço executor da feitiçaria, logo seremos obrigados a acreditar que ele, em 2006, também esteve por detrás do cumprimento de bruxedo contra a sua própria pessoa. Ajudem-me lá, caraças, faz algum sentido isto? Porque faria ele isso?
Ora bem, em 2006, para além de ter à perna HPP, como um chato na zona púbica, tinha também um metro que não andava um centímetro e um projecto megalómano chamado Iparque e que, pelos vistos, HPP queria tomar conta daquilo tudo. Ora… vamos com calma! Aqui já encontramos um interesse profundo do agora suspeito, CE. Com a macumba ele afastava HPP da vice-presidência e ao mesmo tempo do Iparque, e ainda saía como vítima do seu ex-correligionário… faz sentido não faz? Estou a ir muito bem, não estou? Digam-me, mas com franqueza, com estas deduções sublimes, não pareço mesmo o Inspector Martelada?
Mas… e agora? O que ganha CE em mandar o candomblé para as costas de Barbosa de Melo, sobretudo, depois de, num grande desempenho teatral de desapego do poder, ter cedido o seu trono ao primeiro? Porquê?... Porquê? –Isto sou eu a interrogar-me alto e bom som e obstinadamente.
Vamos devagar. Em Dezembro de 2010 CE resignou a favor de Barbosa de Melo com o argumento de ir cuidar das netas –não sei se estão lembrados. Suponhamos que depois de um ano e meio já está farto de passear os putos, contar-lhes sempre a mesma história: “no meu tempo, quando eu fui secretário de Estado…” E é claro, é de adivinhar que os miúdos já sabem tudo de trás para a frente, já nem o deixam continuar e replicam: “ó avô, caraças, é sempre o mesmo, não tens mais nada?” –Ora aqui já podemos adivinhar CE a arrancar os últimos cabelos, que, diga-se a propósito, quando saiu da edilidade, em 2010, já tinha muito poucos.
Continuando, vejam se estão acompanhar o meu raciocínio, perante a ofensiva das crianças, é mais que certo que CE, em vez de as aturar, prefere levar com a equipa toda da Câmara Municipal. Faz sentido, não faz? Eu sou muito inteligente, não sou? Porra!, porque é que não fui para as brigadas de investigação da PSP?... Ai o raio do Encarnação! Grande bruxo!


TRISTE NOTÍCIA... TRISTE FIGURA...

(IMAGEM DA WEB)



Segundo o Campeão das Províncias, "João Orvalho permanece na vereação da Câmara Municipal de Coimbra, mas sem pelouros atribuídos, revelou, hoje, o presidente.
Após a rejeição de uma proposta do vereador, que preconizava a “modificação objectiva” de um contrato de prestação de serviços por que se pauta o fornecimento de refeições escolares à autarquia, a opção de Orvalho era entre a renúncia ao cargo e a continuidade sem funções executivas.
A preconizada modificação prendia-se com o facto de João Orvalho ter dispensado a empresa Gertal do cumprimento de uma obrigação contratual, medida que, por exceder as competências do vereador da Educação, foi inviabilizada devido a falta de homologaçao por parte da CMC."




TEXTO RELACIONADO


"Riam, macaquinhos, riam..."

CMC: A VERGONHA

(IMAGEM DA WEB)


 Segundo parece, depois de três adiamentos, foi anunciada a conferência de imprensa para as 19h00 na Câmara Municipal de Coimbra sobre o “caso Orvalho”.
À hora marcada, junto ao gabinete da presidência, eu estava presente junto de vários jornalistas e, dirigindo-me a Dora Santana, do Gabinete de Relações Externas e Comunicação, disse que não era jornalista, mas -como colaborador, tenho uma página semanal n’O Despertar- como era um assunto que me interessava para escrever, perguntei se poderia assistir à conferência de imprensa. Esta senhora não manifestou qualquer atitude contra, até porque conhece-me e sabe que o que disse é verdade. Passado 15 minutos, Ricardo Rodrigues, o assessor do presidente Barbosa de Melo, mandou entrar para o gabinete. Quando me viu interpelou: “o senhor é….? E respondi o mesmo que tinha dito a Dora Santana, que não era jornalista, mas escrevia para O Despertar. Barrou-me a porta e mandou-me esperar… para não mais voltar a vir falar comigo. Foi preciso eu abrir a porta e, lá do fundo, disse: “um momento!”, mas não apareceu mais. Passado um bocado veio Dora Santana falar comigo e dizer-me que lamentava, mas as ordens que tinha é que a conferência de imprensa era só mesmo para jornalistas.
Triste postura, má educação, prosápia, grosseria, prepotência, sobretudo deste senhor que dá pelo nome de Ricardo Rodrigues –que me conhece muito bem, desde o tempo em que entrou para a autarquia pela mão de Horácio Pina Prata. Não há dúvida nenhuma que, com atitudes destas, com pessoas assim como este senhor, estamos todos muito bem servidos. Uma coisa garanto, este senhor Ricardo Rodrigues há-de cair do poleiro e -espero que seja breve- estou certo, quando pisar a mesma terra que eu piso, havemos de nos encontrar novamente. Com gente assim não iremos longe.


PARA PENSAR QUE TIPO DE SOCIEDADE É ESTA...



(RECEBIDO COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO)

UM COMENTÁRIO RECEBIDO... SOBRE...




Jorge Neves deixou um novo comentário na sua mensagem "RIAM, MACAQUINHOS, RIAM...":


 Como já lhe disse pessoalmente amigo Luís, para mim o não cumprimento de uma obrigação contratual e ainda por cima com a origem no vereador, no meu entender, mete em causa os princípios do concurso publico, salvo erro que até foi internacional, as outras empresas que concorreram têm todo o direito de reclamar e pedir a nulidade do contrato.
Mas, por outro lado, não entendo como é que o senhor presidente Barbosa de Melo deixou esta situação chegar a este ponto. Para mim, ele é o principal responsável.
Também acho que o vereador João Orvalho, bem ou mal, ainda é o único que apresenta trabalho e não devia ser submetido a um enxovalho destes.
Quase que aposto que existe aqui uma “guerrinha” de seguidores do Rangel e do Passos Coelho.
Caro Presidente Barbosa de Melo, demita o vereador João Orvalho e de seguida demita-se de um cargo que não é seu. Não fui em si que votaram para presidente da autarquia.
Coimbra não merece gente desta à frente da Câmara Municipal.



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NOTA DO EDITOR:



Actos nulos

1 - São nulos os actos a que falte qualquer dos elementos essenciais ou para os quais a lei comine expressamente essa forma de invalidade.
2 - São, designadamente, actos nulos:
a) Os actos viciados de usurpação de poder;
b) Os actos estranhos às atribuições dos ministérios ou das pessoas colectivas referidas no artigo 2º em que o seu autor se integre;
c) Os actos cujo objecto seja impossível, ininteligível ou constitua um crime;
d) Os actos que ofendam o conteúdo essencial de um direito fundamental;
e) Os actos praticados sob coacção;
f) Os actos que careçam em absoluto de forma legal;
g) As deliberações de órgãos colegiais que forem tomadas tumultuosamente ou com inobservância do quorum ou da maioria legalmente exigidos;
h) Os actos que ofendam os casos julgados;
i) Os actos consequentes de actos administrativos anteriormente anulados ou revogados, desde que não haja contra-interessados com interesse legítimo na manutenção do acto consequente. 




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Jorge Neves deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO... SOBRE...":


Por isso mesmo amigo Luís é que todos votaram contra com excepção do próprio.
A nível politico partidário não comento mas está à vista de todos que foi um tiro no pé neste caso em concreto.

Um exemplo pratico:
Duas empresas concorrem para fornecer papel higiénico e no caderno de encargos diz que o papel tem de ser entregue no local X e esse transporte fica a cargo do fornecedor. A empresa A ganha o concurso porque faz mais barato e demora menos tempo na entrega.
Na primeira encomenda a Instituição resolve que vai ela pagar o transporte da entrega do papel e que pode demorar dois meses para fazer a entrega. A empresa que perdeu o concurso pode pedir a nulidade do mesmo, porque não se está a cumprir o caderno de encargos, porque se fosse para poder entregar em dois meses e os custos do transporte ficassem a cargo da Instituição tinha conseguido fazer mais barato que a empresa que ganhou.

Isto é o que penso sobre este assunto não sei se estou certo ou errado mas uma coisa sei, o caderno de encargos tem de ser cumprido na íntegra.