sábado, 31 de dezembro de 2011

UM BOM ANO, É O QUE LHE DESEJA ESTE HUMILDE ESCRIBA


(IMAGEM DA WEB)

O FUTURO DE ADELAIDE




Adelaide agarra com força a sacola,
na grande praça henriquina,
pensa na sua época de escola,
nos seus tempos de menina,
parece que nada a consola,
no seu rosto de campesina,
apetece mandar uma asneirola,
que se fornique a concertina,
ela só pede para ter boa carola,
quer lá saber se o ano alucina,
esse que vem, mete medo e esfola,
a sua ambição é a de uma dançarina,
não roga para ganhar o totobola,
só quer estar no palco e ser bailarina,
apenas pede para viver sem esmola,
quer continuar a ser a varina
vendendo castanhas ao rapazola,
engravatado, peneirento de brilhantina,
mas hoje está apreensiva na terriola,
nestas mudanças de ano ganha angina,
dói-lhe o peito, a alma está uma padiola,
tem medo, sente-se uma folha de cartolina,
a voar ao vento, em ziguezague de passarola,
mas, mesmo assim, continua uma ardina,
a apregoar a esperança como grafonola,
a vida é o mais importante, é nesse tom que afina.



A LENA, DO "ESPÍRITO SANTO"



 Na maioria dos casos, num acto simples e corriqueiro como é o de comprar um jornal, achamos que o facto de pagarmos o serviço logo ali acaba a nossa ligação com o prestador. De um modo insensível e egoísta, quase sempre pensamos que aquela pessoa, a troco de uma moeda, está ali para nos servir e nem um sorriso de simpatia nos merece. Como se as relações económicas –no aforismo, “amigos, amigos, negócios à parte”- estivessem separadas das pessoais; como se, como teias entrelaçadas, não imbricassem umas nas outras; como se, neste mundo de trocas indirectas, quem nos fornece o bem fosse uma espécie de máquina de Multibanco, sem sentimentos, sem afectos.
Veio-me à ideia escrever esta introdução, a propósito, ao lembrar-me da Lena, do quiosque Espírito Santo, ali mesmo ao lado do Café Santa Cruz. Esta mulher, esposa do Jorge, mãe de duas simpáticas raparigas, trabalha muito. Durante o ano contam-se os dias que encerra a sua pequena tabacaria. Desde as 7 até às 21 horas, diariamente, é vê-la sempre ali, como sentinela perfilada, com uma vontade férrea de servir os seus clientes. Neste “serviço público” diário há uma transcendência que foge à lógica comercial. Ou seja, neste “servir” da família “Espírito Santo”, como ligação siamesa entre homem e cidade, existe um cordão umbilical que os liga. São pessoas como a Lena, e toda a sua família, que, nos seus gestos simples, humanizam os centros urbanos.
Quando lá for comprar o jornal atente um pouco nas rosáceas cinzento-escuro em torno dos seus olhos. É cansaço. Muito cansaço. Seja simpático com esta Lena, com muitas outras Lenas. Elas são heroínas esquecidas no meio da selva das nossas preocupações. O que seria a cidade sem elas? Individualmente, o que seríamos sem elas?
Uma grande salva de palmas para a Lena do quiosque Espírito Santo!


Há certas pessoas na cidade
que nunca deveriam morrer,
são símbolos de antiguidade,
luzes brilhantes no anoitecer,
património da humanidade,
dão-nos força para viver;

Passamos por elas uma vida,
achamos que sempre ali estiveram,
são marcos numa praça esquecida,
em gestos simples nos acolheram,
semáforos tricolores numa avenida,
nunca um sorriso nos mereceram;

Até que um dia, uma tarde qualquer,
por ali passamos novamente,
sentimos o nosso coração encolher,
falta uma peça naquele ambiente,
é como um luar de Agosto a chover,
uma tristeza nos invade docemente;

Só então damos conta da ingratidão,
de tanta injustiça que cometemos,
é bem certo que foi por distracção,
mas, repare-se, não desvalorizemos,
agora é preciso tomar mais atenção,
é uma pessoa com alma… olhemos!

UMA IMAGEM... POR ACASO...


A DENÚNCIA DO FARINHA



“Ó Luís, tens de escrever sobre esta vergonha –e aponta o indicador para um tubo que verte continuamente há já alguns dias para o chão. Este cano está aqui a largar água há mais de um mês. Uma pessoa vem descansada a passar e, pumba!, leva com um banho de pingos em cima. De certeza absoluta que se trata de água corrente, sei lá, de algum tubo roto. Então, para safar à portuguesa, às tantas, colocaram ali o enrolado para remediar. Sabes como é?! É o passar a bola para quem passa! Isto é uma vergonha! Numa cidade universitária… admite-se isto?! Percebes o que eu quero dizer, Luís?!" –assim falava José Farinha, um simpático morador e zelador das ruas e praças do nosso bairro.


TODOS TEMOS UMA SUZANNE DENTRO DO NOSSO CORAÇÃO...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

GENTE DA NOSSA RUA (14)



Há certas pessoas na cidade
que nunca deveriam morrer,
são símbolos de antiguidade,
luzes brilhantes no anoitecer,
património da humanidade,
dão-nos força para viver;

Passamos por elas uma vida,
achamos que sempre ali estiveram,
são marcos numa praça esquecida,
em gestos simples nos acolheram,
semáforos tricolores numa avenida,
nunca um sorriso nos mereceram;

Até que um dia, uma tarde qualquer,
por ali passamos novamente,
sentimos o nosso coração encolher,
falta uma peça naquele ambiente,
é como um luar de Agosto a chover,
uma tristeza nos invade docemente;

Só então damos conta da ingratidão,
de tanta injustiça que cometemos,
é bem certo que foi por distracção,
mas, repare-se, não desvalorizemos,
agora é preciso tomar mais atenção,
é uma pessoa com alma… olhemos!

Não sou fotógrafo, nem percebo nada de fotografia. Olho para alguém ou um qualquer cenário e se vejo algo que me “toque” os sentidos disparo. Nos últimos três anos reuni milhares de imagens.
Lembrei-me de separar umas dezenas e publicar aqui diariamente três. A esta exposição vou chamar-lhe “gente da nossa rua”. Infelizmente, alguns dos retratados já não estão entre nós. De qualquer modo, sublinho, este relembrar é sempre sob a óptica do respeito e consideração por alguém anónimo ou nem por isso que passa ou passou por nós. A escolha é minha e não tem qualquer pendor de favor.
Gostava de, um dia destes, passar estas fotos do virtual para o tangível e fazer uma exposição aí num local público da Baixa. Se, entre os leitores, houver um mecenas que queira patrocinar. Faça o favor de dizer alguma coisa.
Então já sabe, diariamente, colocarei três fotos diferentes e sempre com uma poesia que compus a relembrar que é preciso olhar para com quem nos cruzamos.

EDITORIAL: O QUE VAI ACONTECER AO ANILDO MONTEIRO?




 No Domingo passado, dia de Natal, fui visitar o Anildo Monteiro ao Hospital dos Covões.
Para quem não souber, o Anildo Monteiro foi um sem-abrigo que, durante dois anos, deambulou aqui pela Baixa. No primeiro ano pernoitou num anexo junto a uma tasca. Depois foi “enxotado” e acabou a pernoitar em entradas de prédios e onde calhava.
Em Junho, último, começou a dormir no meio do lixo, num quadro de completo abandono, num prédio em decomposição, no Largo da Maracha. Foi aí que “uma campainha se me acendeu” e achei que tinha de se fazer alguma coisa –saliento que já tinha sido sinalizado pelo Gabinete de Acção e Família da Câmara Municipal de Coimbra uns meses antes e estava a ser acompanhado pela Associação Integrar. Aquele quadro de miséria social era demasiado intenso, ostensivo e mexia com qualquer um. Saliento que este homem tinha um discurso desconexo e sem fio condutor. Ou seja, pela nossa experiência comum, facilmente se verificava que este sujeito não “batia bem da bola”.
Foi então que escrevi um texto e enviei para a Segurança Social e para a Câmara Municipal de Coimbra. Desta segunda, passados 5 dias, recebi resposta a dizer-me que o assunto tinha sido encaminhado para o pelouro respectivo e aguardei.
O tempo foi passando, fui escrevendo mais uns quantas crónicas, incluindo uma que foi publicada no Diário de Coimbra, e resposta dos serviços sociais não havia. Algumas vezes apanhei o Anildo a comer directamente de um contentor de lixo, assim como, isto quase diariamente, a apanhar água conspurcada num pequeno lago para beber.
Em Setembro fui ao Ministério Público tentar fazer uma participação, com base numa declaração de ofensa à saúde pública. Quer a funcionária do departamento desta entidade no Palácio da Justiça, em Coimbra, quer a procuradora não aceitaram a minha comunicação. A razão invocada era de que uns meses antes, com um mandado de um juiz e acompanhado de dois agentes da PSP, tendo por objecto o internamento compulsivo, o Anildo fora conduzido ao Hospital da Universidade de Coimbra (HUC) e fora consultado por dois psiquiatras, e um deles, o que assinou o relatório médico, “diagnosticara que o Monteiro estava pleno das suas faculdades mentais, com perfeito raciocínio lógico e detentor da sua vontade, fala fluentemente e, na consulta, até brincou com a situação”.
Neste relatório foi escrito pelo médico-psiquiatra que “estamos perante um costume social associado à vontade do próprio”.
A procuradora do Ministério Público que, apesar da minha argumentação em torno da necessidade de uma segunda avaliação mental, mostrando-me o processo, limitou-se a constatar a sua impossibilidade de fazer mais alguma coisa pelo Anildo. À minha pergunta se comer do lixo é um costume social, a procuradora engelhou o nariz.
Como me indignou toda esta impotência, tentando através da denúncia pública, escrevi para as televisões e pedi ajuda a quase todos os jornais nacionais e um de Cabo Verde, este na tentativa de encontrar familiares. Apenas recebi uma resposta do Jornal Liberal de Cabo Verde, que no dia 26 de Setembro fez uma reportagem sobre o Anildo Monteiro. Para além disso, escrevi para o presidente da Câmara Municipal de São Vicente –de onde o Anildo é natural- e para um vereador. Enviei também um e-mail ao Presidente da República de Cabo Verde e outro para a Embaixada de Cabo Verde, em Lisboa. De nenhuma destas entidades recebi uma única resposta.
Perante este pingue-pongue, no dia 10 de Outubro contactei alguns comerciantes e outros amigos mais sensíveis para estas questões humanitárias para juntos irmos ao executivo municipal pedir ajuda para este caso dramático de um homem, aparentemente senil, que todos-os-dias morria um pouco nas ruas da cidade. Se dos amigos mais sensíveis nem um apareceu na edilidade coimbrã, já por parte dos comerciantes responderam à chamada uma vintena.
Perante o executivo municipal, dando eu voz à vontade dos presentes, pedimos ajuda para um caso que, na omissão, a nosso ver, extrapolava qualquer caso semelhante. Não só na parte humana como também na parte estética, uma vez que o Anildo tresandava a pútrido e defecava onde calhava.
No dia 16 de Novembro, finalmente, o Monteiro foi internado compulsivamente no Hospital Sobral Cid, onde esteve internado até há cerca de uma semana. Neste entretanto tentei uma vez visitá-lo naquela unidade hospitalar. Quis o acaso que, mesmo junto à portaria, tivesse um pequeno acidente automóvel. Bati numa mota com poucos dias de uso e acabei por não o ver.
Então no dia de Natal fui visitá-lo ao Hospital dos Covões. Estava amarrado à cama, numa enfermaria das “Infecto-contagiosas”. O seu estado psíquico era –tal-qualmente como sempre constatei que fora aqui na Baixa- o de uma pessoa perturbada. Não me reconheceu. Só dizia: “tenho fome! Não me dão de comer! Quero ir-me embora! –ao mesmo tempo que fazia muitos esforços para se libertar. Tentei falar com um enfermeiro sobre o seu estado clínico, mas, diplomaticamente, fui despachado para o médico assistente.
No dia seguinte, na Segunda-feira, durante a manhã, fui falar com a médica responsável. Numa conversa simpática, foi-me adiantando que o Anildo foi transferido do Sobral Cid –de onde tentou a fuga várias vezes- para aquele hospital visando fazer exames que diagnosticassem o seu alheamento mental. Segundo a médica, o Monteiro não respondia às questões formuladas. Disse-me também que este homem tinha marcas de ter sofrido vários traumatismos cranianos –sem mo dizer claramente, deduzi que a recuperação psíquica futura do doente será muito difícil.
Se tal se verificar, quer dizer que será desencadeado o processo de interdição, porém, mesmo diante deste previsível cenário, surge uma pergunta: para onde vai ser encaminhado o Monteiro? Para a rua outra vez?
Outra pergunta que deixo no ar: quantos relatórios clínicos, iguais ao que foi elaborado nos HUC, acontecem, levianamente, serem exarados com completa irresponsabilidade médica? Não deveria o Ministério Público, enquanto encarregado máximo pela segurança jurídica do cidadão, preocupar-se?

O RECONHECIMENTO DOS BOMBEIROS



Caros Sócios e Amigos,

 Ao terminar esta ano quero expressar, em nome desta Associação, o reconhecimento a todas os estabelecimentos comerciais, empresas, lojas, etc. que durante 2011 assumiram uma parceria activa e generosa com os Bombeiros Voluntários de Coimbra e os seus sócios, dando-lhe condições de atendimento preferencial, através de descontos significativos na aquisição de bens e serviços.

Esperamos continuar esta colaboração, melhorando-a obviamente, com os contributos e as sugestões de todos e, sobretudo, que os nossos sócios tenham presente o nome destes estabelecimentos comerciais fazendo aí as suas compras ou utilizando os seus serviços.

Votos de um 2012 o melhor possível!

Com os melhores cumprimentos,

João Silva


VAMOS LÁ A ABRANDAR... FALTAM 2 DIAS PARA O FIM DO ANO

UMA PRAÇA VELHA NOSSA CONHECIDA

(SURRIPIADO A MÁRIO OLIVEIRA, NO FACEBOOK)

UMA GARRAIADA NA DÉCADA DE TRINTA, NA ANTIGA PRAÇA DE TOUROS DE COIMBRA

MARINHO, PORQUE ÉS TÃO "TONTINHO"?






 O caso dos deportados do Canadá para Portugal deve-nos fazer pensar. Primeiro, que o Estado Norte-americano sendo liberal não pactua com emigrantes que lhe querem passar a perna.
Segundo, que o Canadá se está marimbar para um país chamado Portugal –que por acaso é a Pátria dos deportados- quando este lhe envia dois pedidos de clemência para anular a deportação. Se responder já o irá fazer tardiamente e não irá evitar a eficácia da acção.
E servi-me deste caso dos emigrantes clandestinos para me sustentar na argumentação. Imaginemos, metaforicamente, que vamos fazer um concurso sobre a justiça. De um lado, numa secretária, está o Canadá e de outro está Portugal, com as duas pessoas mais importantes da pasta: a Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, e o Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto.
Sobre os delinquentes, com esta visão paternalista, patética, parola, bacoca e indigna de um Estado que deve salvaguardar as pessoas de bem, o que acha que faria o país da polícia montada? Fugir a sete pés… obviamente!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

GENTE DA NOSSA RUA (13)


Há certas pessoas na cidade
que nunca deveriam morrer,
são símbolos de antiguidade,
luzes brilhantes no anoitecer,
património da humanidade,
dão-nos força para viver;

Passamos por elas uma vida,
achamos que sempre ali estiveram,
são marcos numa praça esquecida,
em gestos simples nos acolheram,
semáforos tricolores numa avenida,
nunca um sorriso nos mereceram;

Até que um dia, uma tarde qualquer,
por ali passamos novamente,
sentimos o nosso coração encolher,
falta uma peça naquele ambiente,
é como um luar de Agosto a chover,
uma tristeza nos invade docemente;

Só então damos conta da ingratidão,
de tanta injustiça que cometemos,
é bem certo que foi por distracção,
mas, repare-se, não desvalorizemos,
agora é preciso tomar mais atenção,
é uma pessoa com alma… olhemos!

Não sou fotógrafo, nem percebo nada de fotografia. Olho para alguém ou um qualquer cenário e se vejo algo que me “toque” os sentidos disparo. Nos últimos três anos reuni milhares de imagens.
Lembrei-me de separar umas dezenas e publicar aqui diariamente três. A esta exposição vou chamar-lhe “gente da nossa rua”. Infelizmente, alguns dos retratados já não estão entre nós. De qualquer modo, sublinho, este relembrar é sempre sob a óptica do respeito e consideração por alguém anónimo ou nem por isso que passa ou passou por nós. A escolha é minha e não tem qualquer pendor de favor.
Gostava de, um dia destes, passar estas fotos do virtual para o tangível e fazer uma exposição aí num local público da Baixa. Se, entre os leitores, houver um mecenas que queira patrocinar. Faça o favor de dizer alguma coisa.
Então já sabe, diariamente, colocarei três fotos diferentes e sempre com uma poesia que compus a relembrar que é preciso olhar para com quem nos cruzamos.

VAMOS LÁ PESSOAL, É PRECISO CONTINUAR...

UMA ANUNCIAÇÃO COM CRISTA




 Concorde-se e goste-se ou não do actual Governo, se formos intelectualmente sérios, uma coisa temos de admitir, coordenou duas questões prementes e legislou no sentido de lhe dar solução. Refiro, nomeadamente, a colocação de João Jardim no seu devido lugar e o “dossier arrendamento”. É certo que foi obrigado pela Troika, mas fez, e, só por isso, a meu ver, é de relevante importância.
Vou apenas debruçar-me sobre o arrendamento, que foi aprovado hoje em Conselho de Ministros. Naturalmente que ainda se sabe muito pouco, e, além disso, no Parlamento ainda irá ser aperfeiçoado, creio, mas, pelo que é anunciado, é uma pedrada no charco. Já se sabe que uma reforma que esteve emperrada, e viciada, durante quase um século, agora, de uma assentada, será difícil de agradar, quer a inquilinos, quer a proprietários. Os primeiros, porque, sobretudo no último meio século, com o argumento de que eram a parte mais vulnerável, estiveram encostados a mamar na grande teta dos senhorios. Ou seja, os donos dos prédios estiveram a substituir o Estado na assistência social domiciliária. Apoiados numa lei iníqua e abominável, exigindo e fazendo pouco dos donos dos prédios, mantiveram-se à sombra da bananeira, porque o clima era de resguardo e não valia a pena arriscar na compra de casa como outros fizeram. No procedimento destes inquilinos, os proprietários, ao longo das últimas décadas, foram uma espécie de saco de boxe, em que apanharam de todo o lado. Deles, inquilinos, das autarquias, que neste processo, apelidando-os de “grande capital”, foram sempre tendenciosas e incapazes de vislumbrar um pouco para além da nuvem, até porque a isso estavam obrigados –mas fizeram sempre letra morta-, porque era o interesse público que estava em causa –o estado lastimoso das cidades também se deve muito às câmaras municipais, pela sua displicência, apatia, arbitrariedade, parcialidade, excesso de legalismo e injustiça.

E ENTÃO O QUE É QUE VAI MUDAR?

 Segundo o jornal Económico, começa logo nos prazos de vigência de contrato. Deixa de haver prazo mínimo. Quem estabelece a sua duração serão as partes, segundo as suas conveniências. Logo nesta medida vê-se que o legislador se modernizou e, parcialmente, desjudicializou o arrendamento. Não fazia qualquer sentido o Estado, metendo-se onde não era chamado, vir a impor prazos mínimos aos contratos.
A celeridade nos despejos é outra boa nova. Segundo parece, depois de dois incumprimentos é possível despedir o inquilino faltoso sem mais delongas –o que acontecia até aqui era um absurdo. Em média, segundo os jornais, para exarar uma acção de despejo, o Tribunal demorava um ano e meio. Sei de alguns amigos meus que quando se deu a audiência já o réu tinha desaparecido há muito. Mais, encontraram os locados completamente destruídos por má-fé.
Ao que se consta, se não houver acordo na nova renda, vai ser possível indemnizar o inquilino em 60 meses. Aparentemente pode parecer injusto para o proprietário, mas é uma forma de, muitas vezes, se conseguir ver livre de um escorpião. Há casos que, pela possibilidade de resolução, o dinheiro deixa de contar. Ainda que possa mais uma vez beneficiar o infractor, pelo menos já há um instrumento para pôr fim a um casamento indesejado. Pelo menos a partir do momento em que a lei entre em vigor, vão-se os anéis mas ficam os dedos. Até agora, num conflito entre inquilino e senhorio, este, numa demanda judicial, perdia tudo: dedos e anéis.

E O QUE NÃO MUDA?

 Aparentemente as pessoas com mais de 65 anos, inquilinos com deficiência superior a 60% e outros com carência económica continuam com regime de excepção.
Ora mais uma vez o aforismo bate certo: o lobo nunca muda de pele. Perante este proteccionismo, estamos em presença de um continuado abuso de direito. Ou seja, o Estado continua a sustentar-se nos proprietários e a fazer deles a assistência social. Esta medida não é mais do que beneficiar o infractor, sobretudo os inquilinos com mais de 65 anos. Estes arrendatários, nas últimas décadas, foram os que mais lucraram com os arrendamentos congelados e agora, com o argumento de que são mais vulneráveis, são escandalosamente outra vez favorecidos. Este assumir de responsabilidades sociais é ao Estado que lhe cabe resolvê-las e não, outra vez, os proprietários, que já foram espoliados tempo demais. Mais ainda, porque razão é que, pelo simples facto de ter mais de 65 anos tem direito a protecção? Sobretudo se se provar que o inquilino tem uma reforma dourada, ou que aufere rendimentos maiores que o seu senhorio?

E ESTA REFORMA VEM NO MOMENTO CERTO?

 Esta nova lei do regime de arrendamento urbano não poderia vir em pior altura. Apanha todos vulneráveis e descapitalizados, quer inquilinos, quer senhorios. Pode dar origem a verdadeiros dramas sociais, se não houver alguma clemência –por parte dos proprietários- e sobretudo bom senso. Mas para isso, certamente que o tal “balcão de resolução de conflitos” estará empenhado em resolver as coisas da forma menos traumática possível.

E NO COMÉRCIO?

 Se não houver sensibilização perante os senhorios, vai acontecer uma catástrofe neste ramo comercial. Milhares de lojas, único sustento de famílias, até agora, têm-se aguentado graças à pouca renda praticada. Quando entrar a nova lei não resta outro remédio senão entregar o locado. Mas e quem lá trabalha, como é que fica se não tem direito a subsídio de desemprego? –É obvio que são questões para o Governo resolver e não o proprietário do edifício. Cada coisa em seu lugar.
O problema reside, mais uma vez e tal como noutras áreas, que se quer resolver em tempo recorde o que não foi feito em décadas. Depois acontece que perante “galinhas apressadas geram pintos carecas”.
Vamos ver no que dá, mas, em síntese, foi bom, finalmente, o Governo ter conseguido desmanchar este enguiço.


UM MANGUITO PARA ESTA JUVENTUDE

(IMAGEM DA WEB)


 Segundo o Diário de Coimbra de hoje, “A deputada municipal da bancada da maioria Joana Martins sugeriu anteontem, em nome da Juventude Social Democrata (JSD), que a Câmara de Coimbra suspenda o licenciamento do ruído no bar exterior da Associação Académica, pelo menos durante a época de exames, para permitir que os estudantes universitários possam ter condições para estudar (…)”.
Com franqueza, nem sei como classificar isto. Até me faltam as palavras. Já agora, porque é que a senhora deputada não faz uma extensão de suspensão para a semana da Queima das Fitas?
Porque é que estes jovens, que por acaso –só mesmo por acaso- até pertencem a uma organização política-partidária, em auto-análise, não têm um pingo de vergonha? Será que na Assembleia Municipal, depois desta senhora discursar, não houve um único deputado com memória? Ninguém ali se lembrou de Vitália Ferreira –incluindo os moradores de toda a Rua Padre António Vieira- e do pedregulhento caminho que esta anciã tem percorrido por causa do barulho do bar? Quer dizer para os “meninos” estudarem deve-se suspender temporariamente o horário do café, mas para todos os moradores de uma artéria terem direito ao legítimo descanso isso já não interessa à JSD? Triste país, triste cidade com políticos assim. A urbe está bem entregue, não há dúvida! Coimbra, com representantes políticos, assim, a serem juízes em causa própria, nunca passará de uma cidade medíocre, de faz de conta e hipócrita. Será que esta JSD julga que ainda está nos anos de 1960, quando qualquer burro com capa e batina era um doutor? Certamente, ainda não se deu conta que os tempos mudaram –felizmente- e que, actualmente, um estudante ou licenciado, apesar de ter mais ferramentas para usar no mundo trabalho, tem os mesmos direitos e obrigações e é igual a outro qualquer cidadão. Acorde senhora deputada e, em nome do bom senso, tenha vergonha!

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

COMEÇARAM HOJE OS SALDOS




 Iniciou-se hoje a época de saldos. Dando uma volta pela Baixa, verifica-se que a maioria das lojas, largando a designação secular, ostenta nas suas montras o anúncio de “Promoções”.
Nos tempos que correm, estas acções de revitalização comercial, que visam essencialmente o emagrecimento de stocks, não surte qualquer efeito no consumidor. E não se poderá dizer que tem a ver com a falta de poder de compra. É antes pela contínua oferta de abaixamento de preços ao longo do ano. O comprador para adquirir barato, não necessita de esperar pela época de saldos, compra em qualquer altura do ano.
Por outro lado, pela deflação contínua de preços no consumidor e oferta maior que a procura, provocadas pela importação maciça de têxteis da China, tem levado a um desinteresse crescente da classe média pela chamada “moda”. Como tudo, quando os produtos embaratecem e se tornam corriqueiros, se, por um lado, teoricamente, pela democratização no acesso, é bom para as massas, por outro, do ponto de vista económico, perdem valor e levam ao desinteresse. Não é por acaso que as grandes marcas de luxo, não enveredam por esta filosofia de embaratecimento dos seus produtos. Estas cadeias sabem bem que, vendendo muito barato, a curto e médio prazo, a procura excederá a oferta. Porém a longo prazo, o artigo perderá o interesse e ninguém quererá saber mais da marca… nem oferecida. O ser humano é muito complexo. Sabe-se bem que a dificuldade em obter algo –e este paradigma estende-se também às relações pessoais-, para além de estimular o desejo, leva à estima do objecto adquirido e a querer perpetuá-lo no tempo como cunho de conquista difícil. Este usar e deitar fora, de que todos estamos possuídos, tem levado a uma falta de respeito pelo que se usa e se obtém de modo fácil. E, sobretudo, para os mais jovens, a ideia de que é possível ter tudo a qualquer preço, sem levar em conta o esforço que foi dispendido por quem o produziu –pelos baixos custos de produção da China e Índia e que todos já estamos a começar a pagar com língua de palmo-, exactamente porque o sistema económico está viciado, dando a parecer que tudo cai lá do céu oriental e sem custos. A ideia que perpassa é que todo o produto é passível de ser adquirido sem grande dificuldade. Todos, independentemente da sua condição financeira, temos direito a ter. Nada tem valor que suscite importância em guardar para memória futura. Tudo é imprestável –no sentido de que é facilmente substituível. 
É óbvio que ao longo das últimas décadas temos vindo a lavrar num oceano de falácias. A curto prazo, quando a China for dona de todo o saber-fazer, por força do seu poderio económico -concentrando praticamente todas as matérias-primas do globo-, e o Mundo estiver completamente nas suas garras, estabelecerá o preço a seu bel-prazer e que bem entender. Ficando refém da sua política económica geo-estratégica, resta-nos a submissão. Do nosso lado, sobretudo europeu, não haverá a mínima possibilidade de conseguir seja lá o que for com facilidades. Teremos apenas e só aquilo que o grande país de Mao quiser.
Voltando aos saldos, que começam hoje, porque me afastei do tema, vou recordar como eram há 25 anos atrás. Quem vai contar é Francisco Veiga, comerciante, hoje com loja na Rua Eduardo Coelho e nessa altura com as “Modas Veiga”, na Rua Adelino Veiga.
“No dealbar da década de 1980 havia apenas duas épocas de saldos: a de Janeiro e a de Setembro. A lei era cumprida escrupulosamente. Ai de quem a violasse. Hoje um dos factores deste desinteresse é o facto de as grandes superfícies fazerem promoções em qualquer altura. São elas as grandes culpadas desta “desregularização” –porque lhes convém. Esta lei da selva actual é um dos instrumentos privilegiados usados e que contribui para o empobrecimento do comércio tradicional.
 Nessa altura, mesmo as promoções só eram permitidas por motivo de obras ou cessação de actividade. Nós, comerciantes, sabíamos que poderíamos arriscar no ano anterior a comprar as colecções para a época seguinte que a margem de comercialização seria respeitada por todos. Os saldos eram mesmo para colocar fora os “restos de colecção” do ano em curso. Não eram um expediente somente para realizar “caixa”, eram também uma forma de renovação de um estabelecimento.
Três dias antes de começar oficialmente a venda especial, as “Modas Veiga” faziam anunciar os seus saldos em toda a Baixa com um grupo de gaiteiros e acompanhados de um agenciado para distribuir panfletos. Para além disso, era feita também publicidade na rádio e nos jornais locais.
No dia em que começavam os saldos, as pessoas, imitando um pouco o que se passava com os grandes armazéns europeus e americanos, começavam a juntar-se à porta da loja logo de madrugada. Como entupiam completamente a artéria e o acesso automóvel para a Praça do Comércio era, em dois sentidos, pela Rua Adelino Veiga, nesta altura, era suspenso temporariamente e vinham dois agentes da PSP, enviados pelo comando, para manter a paz.
Assim que abríamos ao público a loja enchia completamente. Éramos obrigados a manter, durante todo o dia, as portas semi-cerradas com um funcionário a controlar os ingressos. Saíam dez pessoas e entravam outras tantas. Isto até ao meio-dia e meia hora. Encerrávamos das 13 às 15h00 para almoço. Durante esse lapso de tempo as pessoas mantinham-se à porta em magote compacto para não perderem a vez.
Os produtos esgotavam-se completamente. Tudo se vendia. Havia pessoas que compravam ainda com peças por estrear do ano anterior.
Éramos 7 funcionários só naquela loja. Enquanto viva, jamais me esquecerei dessa época extraordinária da minha vida de comerciante e memória de um tempo comercial que não voltará mais. Bons tempos!”


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

UMA NOVA LOJA ENTRE NÓS





 Abriu há dias uma nova loja de roupa de marca na Rua das Padeiras número 57. Talvez poucos se lembrem, mas este espaço está carregado de história e de sucesso. Foi ali que, por volta de 1974, o António Gomes António e a mulher Angelina fundaram a sua casa denominada de AGA. Foi um êxito estrondoso. A seguir, por esta casa já ser pequena, passaram para o Largo do Poço, para onde hoje funciona a Daline. Foi uma das mais importantes lojas da cidade.
Passando este momento de memória comercial da Baixa, vamos então voltar ao tempo presente e novamente à Rua das Padeiras. Então, escrevia eu que, mais precisamente na Sexta-feira passada, abriu um novo e bonito estabelecimento de pronto-a-vestir.
Segundo a simpática Maria do Carmo (MC), que é funcionária, “é um novo espaço de Fátima Cruz –que é um nome sobejamente conhecido no mundo da confecção. Continua MC, “somos fabricantes e representantes de várias roupas, todas com a marca “FC…IN”. Temos lojas em Leiria, Marinha Grande, Figueira da Foz, Batalha e Nazaré.”
Quando a interrogo se não está apreensiva, tendo em conta o momento económico que vivemos, responde assim: “eu tenho muita confiança na marca e nos artigos que estou a vender, até porque os conheço bem. Já vi o lado de lá, enquanto patroa, e o de cá, enquanto empregada” –MC já trabalhou 11 anos para Fátima Cruz. Depois, durante 4 anos, esteve estabelecida por conta própria no Centro Comercial Visconde, e agora regressou novamente. “É um novo conceito de moda que assenta na singularidade, no baixo preço e na qualidade. Os nossos clientes poderão ter a certeza de que os nossos modelos não serão multiplicados até ao infinito. Apostamos muito na individualização de cada cliente.”
Quando lhe pergunto como está a achar o seu novo ponto de venda –comparativamente com a Rua Visconde da Luz-, diz-me que está muito satisfeita. “Felizmente aqui pára muita gente e entra. Lá em cima, nas ruas da Calçada, passam muito mais pessoas, mas não param, sobretudo os turistas.”
Este novo estabelecimento vai estar aberto à hora do almoço e aos Sábados durante todo o dia.
Da minha parte, renovo as maiores felicidades –até porque, pelos empregados de comércio que vi lá na loja, sei que são os desejos comuns de quem aqui trabalha. Que tudo lhes corra pelo melhor. E se mais não houver, que ninguém lhes crie dificuldades e apoie esta nova superfície comercial. Que o “espírito” do AGA comercial de outras décadas e Eras  a ajudem neste momento em que todos estamos em graves dificuldades.


COISAS SIMPLES E BANAIS



 Às vezes há obstáculos tão simples de remover -um quebra-cabeças, sobretudo, para os deficientes motores-, que depois, quando deixam de constituir estorvo, até batemos com a palma da mão na fronte e interrogamos: "como foi possível aqueles abortos permanecerem ali durante décadas sem que ninguém levantasse um dedo?"
E em analogia, foi este caso que ilustro com foto. Durante muitos anos, quase em frente ao antigo cinema Tivoli e depois confecções Zara, a impedir a circulação pedonal, estiveram dois muretes que só os atletas de alta competição tinham capacidade física para os transpor. Hoje, à hora do almoço, passei lá e fiquei vislumbrado com o serviço. Até me apeteceu assobiar de espanto e proclamar: "sim, senhor! Um bom serviço prestado pela Junta de Freguesia de São Bartolomeu!"

LUZES DO DESLEIXO



 Em 15 de Novembro, último, escrevi um texto sobre 11 focos de luz intensa, e própria para espectáculos de rua, que desde o Verão se encontram diariamente, à noite, ligados na Praça do Comércio. A crónica de alerta, para que se mandassem apagar esta forma perdulária de gastar dinheiro, foi enviada para a Câmara Municipal de Coimbra. Os serviços competentes, para além de nem sequer darem resposta -porque eticamente assim deveriam proceder-, continuam a ignorar o bom senso e o bom exemplo a que deveriam estar obrigados.
Muitas vezes penso que estas instituições, que permanentemente apelam à cidadania activa, quando há cidadãos que se disponibilizam, parecem que levam a mal e até ficam ressabiadas se alguém lhes chama atenção para certos factos, como é o caso. Porque a questão é simples de colocar: as verbas que são gastas na iluminação pública é paga por quem? Pelos ordenados dos membros do executivo? Todos sabemos que não. É do erário público. Logo, por inerência, todos temos a ver com estes casos. E mais, sempre que alguém chamasse a atenção, num prazo útil, deveria ter resposta. É que pela omissão, ou desleixo, talvez sem o quererem, estão a contribuir para que ninguém se importe. 
Com este desligamento e apatia, será isso que a autarquia de Coimbra quer? Responda quem de direito.

UMA CIDADE DESERTA...



 Estas fotos foram obtidas ontem, cerca das 21h30. Se por um lado salta à vista a grandiosidade e omnipotência da cidade, por outro, choca o vazio de pessoas. É óbvio que não trago nada de novo ao escrever isto, aliás já o faço há muitos anos. Mas é impressionante toda esta beleza abandonada durante a noite. Uma pessoa, ao percorrer estas ruas de silêncio, sente como se estivesse num museu apenas acompanhado com as figuras que o compõem. Apetece gritar: "ó da guarda!"

UMA IMAGEM... POR ACASO...


TODA A ACÇÃO GERA REACÇÃO...





 Em 15 de Dezembro, último, escrevi um texto sobre o presumível envio de milhares de livros para a reciclagem/lixo, em Coimbra. Ao mesmo tempo, por considerar um escândalo de lesa-cultura e princípio -quem sabe?- de uma consciencialização de que o livro precisa de protecção imaterial, solicitei uma averiguação ao Ministério Público, através do DIAP, Departamento de Investigação e Acção Penal. 
Certo é que pensei que nem resposta receberia desta entidade de acção penal. No meu apriorismo, imaginei que este meu pedido seria arquivado sem mais delongas. A verdade é que hoje recebi uma comunicação a informar-me de que "De acordo com despacho proferido no expediente entregue por V. Ex.ª em 15/12/2011, onde era solicitado um pedido de Averiguação, o mesmo foi nesta data remetido à Secretaria de Estado da Cultura para os fins tidos por convenientes".
Esta resposta do DIAP é importante? Tenho a certeza de que sim. Ao enviar para a tutela este assunto, quem sabe não se disponham a intervir num problema que é de índole nacional? Tal como afirmei na participação, não conheço pessoalmente os autores da presumível destruição de obras, nem nada de pessoal me instiga contra a editora/livraria de Coimbra. O que entendo é que, num desleixo inadmissível, ou num interesse comercial egoísta, que instiga a destruição de obras escritas, tenho a certeza, é um dever de cidadania intervir na sua preservação. Vivemos num tempo em que ninguém se importa com nada, sobretudo se tiver a ver com o passado e com a memória. Quem deveria dar o exemplo -aqui reporto para as autarquias que até têm um pelouro e um vereador da Cultura e que, verdadeiramente, para além de umas festarolas e feiras de rua pouco mais fazem- não quer saber de nada o que se passa dentro dos seus respectivos municípios.
Não podemos, nem devemos, assistir de braços cruzados à aniquilação de um mensageiro de cultura, de informação, de formação colectiva, impávidos e serenos, como é o livro. Oxalá esta acção tenha uma consequência positiva. Fico com a esperança.


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VER, OUVIR E PENSAR...