quarta-feira, 31 de março de 2010

O SENHOR DOUTOR...DESCULPE




 O senhor doutor Fernando Nobre desculpe lá, estou de acordo com tudo o que diz -ou melhor, quase, falta só mesmo um "niquinho". Pode defender todas as convicções, mas por favor, querer manter a Marisa Matias em Bruxelas? Isso nem pensar! Tem de nos devolver a Marisa, homessa! Pode lá ficar com o Rui (Tavares) e com o Miguel (Portas), agora com a Marisa, nem pensar. Este ponto é inegociável. Coimbra, desde que perdeu esta "bela dona" nunca mais foi a mesma, Juro que é verdade! A cidade está entristecida, ensimesmada. Anda deprimida. Basta andar nas ruas da Baixa para ver. Nem um sorrisinho, nem uma graça. A gente olha para os rostos carcomidos dos velhotes, e, quem for sensível e souber ler nas entrelinhas, pode ver-se encriptado, lá no meio das linhas sinuosas das rugas, a mensagem: levem-me a reforma, mas por favor, devolvam-me a Marisa.
Portanto, senhor presidente da AMI, ou a manda de volta à cidade de Coimbra ou então, profundamente irritado, prego aos quatro ventos andarilhos que não votem si para próximo Presidente da República. E não tome esta ameça de somenos, olhe que meio Portugal e mais dois terços lê este blogue. Quem o avisa seu amigo é...

O VÍDEO DO DIA...

MINETTI ITALIANO FAZ FUROR...




  Conta o Diário de Notícias online, aqui, que esta simpática rapariga, de nome Nicole Minetti (primeira foto de cima), é um dos rostos da vitória do centro-direita de Sílvio Berlusconi. Embora nunca lá tivesse estado, gosto de Itália por vários motivos. Como as outras razões não interessam para aqui, foco essencialmente a “open mind” e a filosofia do aparelho partidário do país de Benito Mussolini. Basta lembrar a eleição da “porno star” Cicciolina para deputada.
 Eu acho que cá a política deveria ser uma “forza” maior, como lá em Itália. Por aqui, cá no rectângulo, é tudo cinzento. Basta lembrarmos a “saudosa”, salvo seja, Manuela Ferreira Leite –veja a foto, com uma cara destas alguém pode sentir motivação para votar? Está de acordo comigo, não está? Bem sei que a senhora não tem culpa, quando nasceu, certamente, Deus estava a bater uma soneca e esqueceu-se de lhe dar os “perlimpimpins” da beleza. Pronto, mas isso, só prova que o Criador não é equitativo nem justo, mas para o caso em apreço não interessa nada. O que quero dizer é que, por aqui, a política, e nomeadamente os partidos, é toda muito escurecida, quase preta.
Por exemplo, a Ana Malhoa não dava uma boa candidata? Dava ou não dava? Ah, pois dava! Eu cá, sem rodeios, sem me preocupar com o seu programa eleitoral, votava cegamente nela. E tanto me fazia que representasse o CDS, como o PCP, eu queria lá saber! O que me importava era a candidata e mais nada! Mas, por cá, continuam a insistir nas públicas virtudes. Ainda hei-de ver uma freira ser candidata, com véu e tudo –padres já há muitos, mas a iniciativa não obteve o resultado desejado.
Voltando a Manuela Ferreira leite –veja a foto outra vez, se faz favor! Desvie lá os olhos da Ana Malhoa, fosca-se, por isso é que não coloco aqui muitas fotos de nus. Se o fizesse nunca liam nada do que escrevo. Até fico irritado…(deixem-me inspirar e expirar para acalmar).
Voltando à Manuela Ferreira Leite, está de ver a razão por que não conseguiu agarrar os homens do laranjal Sá-carneirista nem o povo que lavra no rio. Mas isto não é óbvio? Claro que é. Bem sei que você está a pensar: “e então como explica agora a vitória do Passos Coelho (PC)?”. Pois! Realmente, vendo bem a coisa, fico um bocado atrapalhado, mas, pegando na tese do meu colega aqui ao lado, do blogue “Piolho da Solum”, como agora está na moda ser “gay” –e assumir-se publicamente, veja-se o caso de Ricky Martin-, quem sabe se PC não teria sido eleito por, aos olhos de muitos filiados “gay’s” do PSD, ser um bom exemplar masculino e a anos-luz de Ferreira Leite?
Bom, especulações à parte, o que defendo é que o panorama político deve mudar imediatamente. Deve acabar-se com este puritanismo bacoco já! Depois queixam-se da abstenção. Então se os candidatos, visualmente, não motivam, o que é que querem? Pelo menos devem mandar apagar aquelas caras que “desafiam soco”, assim do tipo do Jerónimo de Sousa. Ou até daqueles rostos “tipo copo de leite”, por exemplo, do Francisco Louçã. Este partido é o exemplo acabado do que defendo. Este líder histórico petrificado no poder –que me lembra o Enver Ocha da Albânia-, está a prejudicar muito o bloco. Ai se está! Com candidatas que facilmente levantariam as massas, como por exemplo, a Marisa Matias, a Joana Amaral Dias –está explicada a razão de esta última não ter sido incluída nas listas do partido, é óbvio, em pouco tempo mandava o "Francisquinho" para a reforma.
Paulo Portas é outro que deve ser arrumado na prateleira. Ou melhor, dava-se-lhe um lugarzinho, como vendedor, ao lado dos ciganos na Feira do Relógio. Deve ser imediatamente substituído por Teresa Caieiro. Os partidos Socialistas e PSD, por enquanto, vamos aguardar para ver o que dá...

terça-feira, 30 de março de 2010

POR CÁ, HÁ MUITO BOA MÚSICA




  Quem passou ontem ou hoje nas ruas da calçada, Visconde da Luz e Ferreira Borges, foi certamente surpreendido por um quarteto que tocava música celta. Estou certo, que quer pelo desempenho cénico, quer pela elevada qualidade musical, inevitavelmente, como eu, ficou para ali especado a ouvir aquelas melodias que nos tocava a alma.
 São os “Cornalusa”. São portugueses e foram contratados pela Empresa Municipal de Turismo para actuarem aqui na Baixa, nesta semana da Páscoa. Uma medida de louvar…sem dúvida!
Mas, já agora e a talhe de foice, esta medida –já disse- é de louvar, porém há um provérbio popular que nunca devemos esquecer: “ao subir a escada não esqueças de reparar em quem a segura, porque ao desceres encontrá-la-ás novamente”. E o que quero eu dizer com este aforismo? Pouca coisa, mas algo de substancial. Durante todo o ano, a Baixa é animada pela Patrícia, pelo Walter, pelo Luís e, mais recente, pelo Luís Bartolessi. Ora estes quatro meus amigos, para tocarem na via pública, pagam uma licença mensal à volta de 30 euros. Então, penso que já viram onde quero chegar: ficaria muito bem à Turismo de Coimbra, em alturas festivas como esta, contratar também os serviços destes artistas. Porque o são mesmo…e são muito bons também.
Como disse em cima, e mantenho, gostei muito dos “Cornalusa”. São mesmo muito bons, mas não podemos esquecer a “prata da casa”, são estes que nos “seguram a escada todos os dias do ano”. Isto é, naqueles dias cinzentos, em que nos apetece pontapear as pedras, são eles que estão lá, com algum sacrifício, a puxar pela nossa força anímica…

UMA IMAGEM...POR ACASO...

UM RICO EXEMPLO, SIM SENHOR!

(IMAGEM SURRIPIADA DAQUI DA NET)



  Segundo o jornal “Sol” online a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) “defendeu hoje a possibilidade das denúncias de actos de “bullyng” poderem ser feitas electronicamente e de forma anónima (…)”.
Admiro-me como é que, passados mais de 35 anos da queda do Antigo Regime, pode ainda haver pessoas –e no caso, pais, o que torna ainda mais dramático- a defenderem a queixa anónima. O Estado, devendo ser pessoa de bem, não deveria, em caso algum, admitir a participação sem rosto.
Não há dúvida de que esta medida, vindo de educadores, é um rico exemplo para os futuros cidadãos de amanhã…

segunda-feira, 29 de março de 2010

O VÍDEO DO DIA...

EM ZIGUEZAGUE ATÉ À VITÓRIA FINAL







 O meu amigo João Braga abriu hoje uma bonita loja de atoalhados, retrosaria e artigos diversos na Rua Ferreira Borges, mais exactamente no prédio onde nasceu o poeta Eugénio de Castro. Durante toda a manhã, para além de oferecer bebidas à descrição, leitão e croquetes, esteve a oferecer tudo, salvo seja. Passo a explicar: de todos os artigos expostos na loja, ninguém pagava nada. Uma forma muito interessante de promover o seu novo estabelecimento. (Não olhe para o relógio)…foi mesmo só durante a manhã. Uma pena, digo eu! Então, se eu soubesse, não ia lá dar-lhe um grande abraço? E você também não ia? Ah pois íamos. Paciência, não é? Pronto, fica a história da nova loja.
Segundo se consta –porque sou mesmo uma nulidade na história da cidade, não consegui confirmar- naquele espaço, até meados do século XX, funcionou uma conhecida retrosaria -do senhor João Abrantes de Melo-, então o João Braga, que é todo virado para o esoterismo, ao que parece, em espírito, recebeu um chamamento em forma de apelo do antigo dono da retrosaria: “tens de continuar o negócio de retrosaria!”. Creio que o Braga ainda lhe perguntou: “ e posso abrir sem problemas? É à tua responsabilidade?”. Mas o “raio” –espírito é luz- da voz fechou-se em copas e nada disse. E tau, o meu amigo João logo tratou de colocar o novo investimento em marcha.
A Anabela, a esposa do João está feliz! Quando lhe pergunto se, num momento de arrefecimento da economia, não sente receio, responde: “mas que receio, senhor Luís? Quem tem medo compra um cão. Só tem lugar no comércio quem tem esperança. Esta rua (Ferreira Borges) é muito movimentada por transeuntes e esta loja será sempre um complemento da nossa outra “Zig-Zag”, ali em baixo, a dois passos daqui, na Calçada dos Gatos. Além disso, cada comerciante deve contribuir para renovar o comércio tradicional. Já viu o impacto negativo que dá à Baixa estas tantas lojas encerradas? Individualmente, devemos ser o motor proactivo de revitalização para que a Zona Histórica se mantenha e, sobretudo, venha a melhorar. Todos temos uma responsabilidade social e ética perante o legado que os nossos antepassados nos deixaram. Eu vim trabalhar para aqui há muitas décadas. A Baixa é o meu mundo”, enfatiza a Anabela Braga.
Com a abertura desta encantadora loja, criaram um novo posto de trabalho para a Nathalie, uma franco-lusa, licenciada em relações internacionais pela Faculdade de Economia de Coimbra. Uma simpatia de mulher. “Eu gostava muito de seguir a diplomacia…mas olhe, gosto muito de comércio…temos de fazer alguma coisa, não é?” –questiona-me com um brilhozinho nos olhos, naquele fogo que arde sem se ver. Isto é, de quem, sem cruzar os braços, vai à luta e sabe que a sua oportunidade chegará.
Felicidades para todos. E você, está à espera de quê? Vá lá! Já não há croquetes, mas diga que vai da minha parte que lá lhe fazem um bom preço.
É gente boa. E nós, todos, devemos ajudar quem quer o bem comum.

UMA IMAGEM...AO ACASO...



O Sertório, um nobre e fiel amigo que costuma andar por ali na zona da Praça do Comércio a calcorrear becos e vielas, hoje não estava nos seus dias. Quando passei por ele vi logo. Está um bocado amarelado, não está? Pois está. Fartei-me de insistir, o que é que tens ó Sertório? Mas ele, olhando-me com aqueles olhos profundos de gaulês –sem ofensa para o Sertório-, não me respondeu.
O que terá o Sertório? Estará preocupado com o PEC, Plano de Estabilidade e Crescimento? Não, talvez não! Às tantas era apoiante do Aguiar Branco e como ganhou o Pedro Passos Coelho ficou chateado. Será isso?
Ou será a crise do comércio tradicional que o preocupa? Ai, é muito bem capaz de ser isso. Afinal com as grandes superfícies o meu amigo não se safa. Ele só frequenta mesmo estas casas do centro histórico.
Estará farto daquela capa, que, por teimosia do dono, não escapa? Andará deprimido? Ai certamente, quem não anda?
Coitado do Sertório…

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)



Marco deixou um novo comentário na sua mensagem "SAUDADE DE ANGOLA...":



 Boa escolha Luís. Infelizmente esta história é a de muitas famílias, pois quase todos nós temos familiares que nasceram ou viveram nas antigas províncias ultramarinas. O narrador comenta o facto da descolonização ter sido uma vergonha. É verdade que muitos trabalharam nessas colónias e vieram sem nada, e no regresso não foram devidamente auxiliados. Mas existiram outras vítimas desta vergonhosa descolonização: os que lá ficaram, pretos ou não.
Os políticos da altura (todos sabem quem são) entregaram de mão beijada o poder a organizações terroristas de inspiração marxista-leninista. Organizações essas transformadas em partidos totalitários e autoritários, como o MPLA, PAIGC, Frelimo, etc. O resultado está á vista: nações com potencial e riquezas enormes estão na miséria e a população continua a sofrer as consequências. Angola e Moçambique, por exemplo, ainda hoje não sabem o que é uma democracia pluripartidária ou a liberdade de expressão. Portugal continua a tratar ditadores como José Eduardo dos Santos com toda a reverência, quando devia, em jeito de compensação, denunciar à comunidade internacional a situação politica e social do país.
Abraço,
Marco

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Ana "Strobe" Mendes deixou um novo comentário na sua mensagem "SAUDADE DE ANGOLA...":



 Além de um belíssimo texto devo admitir que me emocionei com essa verdade por si romanceada, é de enaltecer a sua beleza de espírito, poucos seriam aqueles que pegam na vida dos outros para deflagrar histórias como esta, histórias de vida que merecem respeito. Tenho a certeza que esse senhor foi alguém muito feliz, e isso não tem preço.
Bonitas palavras, gostei muito. De novo devo admitir que adoro ler o que escreve.
Um abraço de já sua "fã".

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MoonDreamer deixou um novo comentário na sua mensagem "SAUDADE DE ANGOLA...":



Parabéns é a única palavra que me ocorre, mas expressa apenas muito palidamente o que gostei de ler este texto.
Um relato na primeira pessoa da história de tantas pessoas que conhecemos.Os nossos heróis que hoje vivem apenas de memórias agridoces e muitas saudades.
Obrigada por partilhar de forma tão brilhante, tão bonita história!!!

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NOTA DO REDACTOR: Eu é que, enleado e um bocadito envaidecido, agradeço o facto de fazerem o favor de lerem o que escrevo. Como sabem, só percepcionando que somos lidos, nos sentimos empurrados a continuar a escrever. Toda a obra (passo a expressão, sem me referir a mim ) que não é visionada inevitavelmente morre. Este princípio aplica-se à cultura e a toda a arte em geral.
Obrigado por serem clientes da minha "mercearia".
Abraço.

domingo, 28 de março de 2010

SAUDADE DE ANGOLA...






 Chamo-me Avelino, tenho 76 anos e moro nas redondezas da cidade. Passando a imodéstia, sou um velhote simpático. Sou assim um pouco para o atarracado, à volta de pouco mais de um metro e meio de altura. Quem me olhar com olhos de nada ver, como quem avalia um livro pela capa, toma-me por mais um velho igual a tantos outros que se encontram por aí. Hoje, nesta sociedade envelhecida, os velhos são como as ervas daninhas, parecem nascer ao virar da esquina. Mas, quem atentar bem no brilho dos meus olhos, verá que tenho um espírito rebelde, como se estivesse aprisionado dentro de um pequeno corpo. O meu bigodinho, à Errol Flynn, dá-me assim um certo ar diferente, de vanguardista de um qualquer movimento criado na sombra dos dias ou nos dias que voam, tanto faz.
Em 1960, tinha eu então 25 anos, embarquei para Angola. Cá, na metrópole, como então se dizia, eu era marceneiro, ganhava 30 escudos por mês. Através de um contacto, recebendo carta de chamada, fui para aquela grande ex-colónia portuguesa ganhar logo 220 escudos.
Aquela imensa colónia ultramarina era fantástica. Metaforicamente, era o paraíso terreno, uma terra abençoada pela natureza. Aquele solo sagrado produzia tudo e sempre a dobrar. Lembro-me, por exemplo, que aqui, devido ao elevado preço proibitivo, nunca comia bananas. Lá, um quilo custava cinco tostões. Quando entrávamos num qualquer bar, se pedíssemos um copo de cerveja davam-nos para acompanhar um pires de camarão, mas grande, não era desse da "pedra", pequenino.
Eu sempre fui caçador. Havia alturas, em certas zonas daquele grande país, que o jipe em que nos fazíamos transportar parava por força do magnetismo do solo. Olhávamos para baixo, entre o fundo do carro e o solo, e víamos raios de luz a faiscarem. Eram os diamantes enterrados sob poucos metros de terra. Se pudesse, hoje mesmo, tomaria um punhado dela e beijaria com sofreguidão, levando-a à boca e inalando o seu cheiro agridoce.
Era um território fantástico, até pelo seu clima imprevisível. Tão depressa chovia a rodos, como se Deus estivesse irritado com os humanos, como, logo a seguir, em escassos minutos, o Sol sorria como criança despreocupada e feliz. Nesta ambivalência climática, parecia que o Criador era bipolar. Tão depressa estava aos gritos, como logo a seguir aos beijinhos.
Tinha uma vida boa. Sempre tive o cuidado de respeitar toda a gente, independentemente da cor da pele. Na oficina de carpintaria onde trabalhava, ao meu lado, a folhearem os móveis, havia 139 pretos. Éramos todos amigos. Lá dentro e fora do serviço. Eu era empregado como eles. Nunca tive problemas com nenhum.
Fiz a minha casa, ao lado do Garfanil, paralelo ao quartel. Tinha lá a minha família e a vida organizada. Éramos todos tão felizes! Tivemos 9 filhos. Um deles morreu por causa de uma injecção mal administrada.
Havia brancos muito maus. Eu via alguns, na forma como tratavam os pretos servidores. Alguns iam para receber ao fim do mês e não lhe pagavam o salário. Invocavam que já tinham recebido. Aquilo gerava revolta, é óbvio.
Pouco tempo antes do processo infamante da descolonização, lembro-me, um dia, estava numa estalagem, a almoçar, longe da cidade, no morro de Catete, a caminho de Malange, andava à caça e estava acompanhado de mais três amigos também caçadores. O empregado de balcão era negro retinto, de ar humilde e olhos muito brilhantes. Entrou um branco, chegou ao balcão e disse: “faz-me aí duas sandes para dois cães que tenho lá fora. O rapaz fez e, acompanhado do branco, levou-as à rua. Cá fora, à espera, estavam dois trabalhadores pretos. Quando o funcionário voltou para dentro reparei no brilho irado de fúria contida que os seus olhos denunciavam. Recordo-me bem, disse para os meus colegas: é por causa de filhos de putas como este que um dia vamos ter todos de fugir daqui. Passado menos de um ano estava a entrar no avião com uma mão à frente e outra atrás. Materialmente, deixei lá tudo. Para além da família, apenas com a roupa no corpo, só trouxe mesmo recordações e saudade.
Morreram lá muitos soldados indevidamente. Muitos deles, como néscios, entravam sozinhos nos “muceques”, nos bairros pobres de palhotas. Iam às “meninas”. Apareciam depois decapitados à catanada. A mensagem para Portugal, em jeito de epitáfio, era sempre a mesma: “morto em combate, em defesa da Pátria”.
Aquela descolonização foi uma vergonha. Os políticos portugueses da altura não tiveram em conta os interesses de gente honesta que simplesmente lá trabalhava. Trataram-nos como escroques da pior espécie. Abandonaram-nos, pura e simplesmente.
Lembro-me de ver um grande político da nossa praça, mandar queimar a nossa bandeira (desculpe, tenho de tirar o lenço, estou a chorar). Estava acompanhado com outro, também de renome e já falecido. Mandou hastear a do MPLA e quando a nossa desceu até à altura de um homem, mandou regá-la com gasolina e ordenou que lhe pegassem fogo. Eu vi, com estes olhos que a terra há-de comer. Ali, naquela espécie de comício, em que os portugueses estavam a ser vilipendiados e espezinhados na sua dignidade por um vendido da Pátria, eu chorei como uma Madalena arrependida.
Muitos portugueses morreram por culpa destes imbecis e calculistas, que só visavam o interesse deles. Eu vi gente morrer à minha frente. Eu presenciei uma adolescente de 13 anos ser violada por seis pretos na presença dos pais. Ainda hoje me interrogo se teria feito tudo o que estava ao meu alcance. Mas o que poderia eu fazer? Se interviesse, era mais um pescoço cortado e a derramar sangue naquela terra de homens transformada em demónios num inferno de Dante.
Todos os dias penso em Angola. Ainda sonho muito com aquela imensa pradaria que não voltarei a tocar. Nessa fantasia, umas vezes estou sentado no chão. A chuva molha-me o rosto e vejo os grossos pingos de água, lentamente, muito devagarinho, a baterem no solo e levantarem poeira “chapiscada” com vapor. Outras vezes, no sonho, vejo-me a dançar, dançar como um louco, num calor tórrido de 40 graus.
Quando aprecio uma foto, ou uma reportagem sobre Angola, choro desalmadamente como uma criança de berço. Se eu pudesse, largava tudo. Não olhava para trás, para ir ao encontro do meu amor. Infelizmente, estou velho, tenho uma reforma miserável, nunca mais vou beijar a minha adorada terra longínqua do outro lado do mar. Se me dessem a escolher um grande prémio, pode crer, escolheria uma viagem para ir lá. E mais, adorava ser lá enterrado. Bem sei que nada disto será possível.
De lágrimas nos olhos, fica o grito de despedida: ADEUS ANGOLA, MEU AMOR!

*TEXTO ESCRITO PARA A "FÁBRICA DE HISTÓRIAS" SOB O MOTE "SAUDADE".
http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/42896.html?view=459664#t459664

sábado, 27 de março de 2010

A COLUNA DO JORGE...


(ESTA IMAGEM FOI ROUBADITA DAQUI -VEJA A HISTÓRIA)


A desertificação, o envelhecimento e o envolvimento dos cidadãos.



Coimbra tem um grave problema de gestão do espaço público. Para a sua resolução apresento duas soluções: A gestão privada do espaço público e a descentralização do poder do município, distribuindo mais competências pelas freguesia da cidade. Todos já vimos praças, pracetas e largos, jardins, ruas e becos, logradouros e espaços esconsos que mais não são que um conglomerado de lixo, votados ao abandono. A sua reabilitação não é uma prioridade da câmara porque o dinheiro não abunda e o seu arranjo apenas beneficia as poucas pessoas que tirariam proveito desse espaço. A maioria vê-os quando passa por eles, mas nunca pára, nem se interessa, porque não vive nas redondezas. O espaço pode ser público, mas não é delas.
É, pois, essencial que os habitantes de Coimbra possam cuidar dos espaços públicos, beneficiando com o seu uso exclusivo. Uma rua, largo ou praceta da nossa Cidade, frequentada apenas por quem lá mora, pode perfeitamente ser deixada ao cuidado dos moradores da zona, permitindo-lhes a sua utilização exclusiva, como forma de premiar o seu esforço e entrega. Esta solução é bem melhor que deixar abandonados os jardins, fontenários, pelourinhos que, por isso mesmo, não são utilizados por ninguém. Nem por moradores, nem por qualquer outro habitante da cidade.
A adopção desta política não só permitirá a reabilitação destes locais, sem custo da autarquia, que não tem meios para o fazer, como aproveita o sentido cívico dos cidadãos de que os políticos tanto falam, mas pelo qual pouco fazem e com o qual pouco contam.
Por fim, seria a atribuição às freguesias de muitas das competências que pertencem ao município. Esta descentralização implicaria o redimensionamento das freguesias de Coimbra que passariam a ser bastante menos que as actuais. Desta forma, todos os poderes que, de acordo com a actual lei, podem ser delegados pela câmara às freguesias passariam a ser da exclusiva responsabilidade destas últimas. Outras competências, como as deliberações sobre o estacionamento de veículos, e que hoje não são delegáveis, poderiam passar a ser também atribuídas directamente às freguesias. O dilema que é o estacionamento em Coimbra, em particular na Baixa, seria resolvido.
Na cidade não se justifica a existência de freguesias apenas para a passagem de certificados e demais papelada. A elevada concentração populacional e os problemas inerentes a uma vida na grande cidade, implicam freguesias mais participativas e com maior capacidade de decisão.
O que proponho é uma forte redução do número de freguesias, que aconteceria através da fusão de muitas das existentes e atribuição de diferentes competências de maior dimensão, com mais poderes e com titulares eleitos todos os 4 anos, a descentralização do poder municipal seria uma realidade e a burocracia reinante no município não seria tão esmagadora.


Jorge Neves
Independente no Bloco de Esquerda
Assembleia Freguesia São Bartolomeu

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COMENTÁRIO DO REDACTOR: Em relação às freguesias, não posso estar mais de acordo. Veja, por exemplo, aqui na Baixa: fará algum sentido haver duas freguesias –São Bartolomeu e Santa Cruz-, quando uma delas, no caso de São Bartolomeu, tem menos de 800 eleitores? No caso de Santa Cruz, tem mais –não sei ao certo-, mas, mesmo assim, não é justificável do ponto de vista financeiro para o país.
No tocante à administração pelas freguesias de ruas e largos, também estou de acordo. Lembro apenas um pormenor foi crido há poucos meses um programa muito interessante, disponível a partir do “Portal do Cidadão”, apelidado de “A minha Rua”. Trata-se de “um projecto de participação cívica que permite o envolvimento activo do cidadão na gestão da sua rua ou bairro, comunicando as mais variadas situações relativas a espaços públicos (desde iluminação, jardins, veículos abandonados, etc.) e sugerindo melhorias directamente à respectiva Câmara Municipal.
Posso dizer-lhe que a nível nacional, a adesão tem sido enorme. Neste momento, creio, conta já com 30 municípios. Se a memória não me falha, a última autarquia a aderir foi a Figueira da Foz. Coimbra ainda não aderiu.

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Carlos Clemente deixou um novo comentário na sua mensagem "A COLUNA DO JORGE...":



A Rectificar o Editor.
A Freguesia de São Bartolomeu, possui ao dia de hoje 965 Eleitores.
É uma Freguesia pequena, mas com grande coração.
Grato, agradecendo a rectificação.
Carlos Clemente
(Presidente da Junta de São Bartolomeu)

A COLUNA DO MARCO...




 Amigo Luís, este comentário vem no seguimento de vários post’s já publicados aqui no "Questões Nacionais". Post’s relacionados com as greves, manifestações e protestos realizados na cidade, a situaçao do “call center” da PT Mercado entre outros.
 Como já referi tenho um “part-time” de 4horas neste “call center”, e esta semana ao sair do trabalho, no fim do turno, deparei-me com três pessoas a distribuir um panfleto. Todos os meses é publicado, tem o nome de “Precariacções”. Existe também um blogue com o mesmo nome. Costumo lê-lo, não estou de acordo com alguns comentários mas, contudo, tem outros que têm o seu interesse, não gosto da linguagem utilizada mas tratam de assuntos importantes. Como dizia, as pessoas que distribuíam os panfletos. Não as conhecia e entabulei conversa. Perguntei qual o turno que faziam e disseram-me que não trabalhavam na PT. Muito admirado questionei então qual o seu interesse e o porquê do seu “trabalho” (em distribuir panfletos), pois estava frio, chovia e eram 22H. Lá me responderam que não tinham nenhum interesse pessoal, tinham amigos que lá trabalhavam e eram indivíduos preocupados com a situação laboral dos trabalhadores da PT. Mais admirado fiquei, que pessoas tão altruístas e solidárias!! Mas depois de mais uns minutos de conversa lá percebi. Contaram-me então que eram militantes do Bloco de Esquerda e realizavam umas reuniões onde se discutiam estas situações. Agendavam protestos e organizavam este tal “Precariacções”, convidaram-me mesmo para a próxima reunião e para mandar um comentário para o blogue.
O aspecto principal do panfleto e do blogue é o facto dos operadores do “call center” serem colocados por empresas de trabalho temporário, dos contratos serem de 30 dias renováveis e do baixo ordenado comparativamente aos lucros da PT. Devo dizer que antes aceitar trabalhar neste “call center” -que me expuseram todas as condições, não me esconderam nada e recebo pelas 4h de trabalho diárias sem comissões cerca de 300 euros (tenho meses de receber ainda mais 150-200 euros de comissões). Portanto, quem não está de acordo dê o lugar a quem precisa, só assina o contrato quem quer. E, meus amigos, não me estraguem o “part-time”. É que este dinheiro extra dá-me muito jeito.
Esta é mais uma situação que vem confirmar aquilo que já afirmei aqui anteriormente. Em Coimbra existem profissionais do protesto, das manifestações e das lutas politicas. Utilizam tudo e todos para atingir os seus objectivos. Sei que existem pessoas solidárias e ajudam o próximo sem interesse pessoal, mas alguém acredita que um individuo com 20 e poucos anos, estudante, esteja à chuva e ao frio ás 22H00 da noite a distribuir publicidade anti-capitalista (sim só falam dos lucros das empresas privadas) e a promover a sindicalização dos operadores do “call center”, só por amizade?
Abraço Marco

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)




Marco deixou um novo comentário na sua mensagem "ESCOLHER O FUTURO PRIMEIRO-MINISTRO":



 Amigo Luís, acabei de saber o resultado das eleições do PSD, e tenho de lhe dizer: está confirmado, as suas capacidades mediúnicas são fracas ou mesmo nulas. Pelo menos em relação a prognósticos eleitorais partidários. Não errou por muito: em 4 acertou 2, só trocou os dois primeiros candidatos.
Agora falando a sério, estou de acordo consigo quando afirma que para além de se eleger o presidente do PSD, estas eleições vão determinar o próximo primeiro-ministro de Portugal. Portanto, são eleições que nos interessam a todos, sociais-democratas ou não. Devo dizer que, como cidadão preocupado com a situação do país, gostei e fiquei satisfeito com o resultado final. Ou seja, estou novamente de acordo com o Luís quando diz que Pedro Passos Coelho (PPC) era dos quatro candidatos a melhor opção, preparou-se antecipadamente para este combate eleitoral, apresentou alternativas e afirmou, sem deixar duvidas, qual a sua estratégia de acção governativa. De salientar que não se submeteu aos barões e figuras históricas do partido, veja-se o episódio com Alberto João Jardim, o que só abona em seu favor. Parece ser um corte com os ilustres instalados no aparelho partidário desde há muito, uma nova equipa, jovem e com ideias. Era o que o partido precisava e, também, o país. Acho também, que apesar de tudo, Paulo Rangel deveria ser aproveitado para participar num futuro governo.
Em conclusão, espero que PPC seja o rosto da mudança, um novo rumo para este país. Não sou do PSD, não vou votar no partido nas próximas eleições (o meu voto está destinado desde há muito), mas espero sinceramente que PPC seja o próximo 1º ministro de Portugal. Já agora, talvez uma maioria e uma vitória de Cavaco Silva nas presidenciais, fosse o enquadramento mais adequado para conseguir trabalhar com a tranquilidade necessária. Penso que PPC, se isto acontecer, não irá ter o mesmo comportamento de José Sócrates na legislatura anterior.
Marco

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NOTA DO REDACTOR: Obrigado Marco pelo seu comentário e ter opinado. Estou de acordo com o que escreve. Só não gostei que escrevesse que eu falhei as minhas previsões. Não acredita nos meus poderes de adivinhação, é isso? Pensa que eu estava distraído? Nem pensar Marco! Isto foi estratégia. Pura estratégia, homem de Deus. Já sei que não percebeu, mas eu vou explicar melhor. Se eu escrevesse, aqui, que o vencedor, e futuro líder, seria Pedro Passos Coelho, sabe o amigo Marco o que iria acontecer? Logo a maioria dos militantes do PSD iriam votar massivamente no Paulo Rangel…só para me contrariar, está de ver! Eu conheço bem esse pessoal do laranjal. Estão sempre com um espião aqui no blogue a ver o que escrevo para imediatamente perpassar às massas Sá-carneiristas. Olhe, amigo. Caíram que nem uns patinhos. Bastou apenas eu ter-lhes indicado -falsamente, está de ver- outro vencedor para irem votar no contrário. É o que lhe digo, eles fazem tudo para me contrariar. Só que esquecem que cá o “je” é mais esperto do que eles…(estou a colocar o indicador debaixo da pálpebra). Espero que acredite no que estou a escrever. Não é por nada, mas pareceu-me ver um sorrisinho no seu rosto, como se não acreditasse em nada do que estou a escrever. Ó Marco, por amor de Deus! Então isto não é óbvio…?

sexta-feira, 26 de março de 2010

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)




SDaVeiga deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)":



Para um dos Anónimos:
Os centros comerciais têm sucesso porque são um local em que podemos estar sozinhos, mesmo que rodeados de montes de gente, em que passamos pelo vizinho da frente sem sequer reparar nele porque já ninguém se dá ao trabalho de reparar em ninguém...
Se alguém abrisse na Baixa um clube da moda e iniciasse um "Bairro Alto" ou "Ribeira" à moda de Coimbra, os cafés receberiam mais gente, as lojas teriam mais razão para ter montras acesas e, quiçá, ter horários mais alargados!
Mas o pessoal está comodista e solitário: só não entra em casa com o carro porque não dá, só não anda na Baixa porque não há passadeiras rolantes, só não visita o segundo andar/cave das lojas porque não há elevador, só não vai à Baixa às compras porque não está tudo exposto e ter que perguntar alguma coisa ao lojista já é "demodé"!!!
E não é só a chuva que afasta as pessoas, porque os Fóruns originais (por exemplo, Aveiro e Faro) são abertos, uma espécie de ruas da Baixa com tecto e só esta terra para fazer o primeiro fechado, completamente tapado!!!
Os comerciantes só podem fazer algo para atrair pessoas (patrocinar actividades, ter maior horário, etc.), se houver demanda disso porque, quer se queira quer não, a carga fiscal é demasiado elevada para fazer coisas que não impliquem um retorno financeiro imediato. As pessoas esquecem-se que as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) é que sofrem mais com a política económica deste país e, por isso mesmo, o espaço dos centros comerciais, pago a peso d'ouro, é maioritariamente ocupado por empresas de franchising ou multinacionais, que deixam de abrir ou fecham mesmo as lojas noutro sítio para abrirem nos ditos cujos (exemplo da Pré-Natal da Fernão de Magalhães e da Casa à beira da Segurança Social).
Esta é uma situação de ovo ou galinha mas, infelizmente, se o mexilhão não passar tempo nem gastar dinheiro num local, a desertificação começa, a insegurança instala-se e, rapidamente, tudo fica deserto.
O medo é um bicho negro, mas a indiferença e o tapar o Sol com a peneira, culpando os resistentes de provocarem o abandono, são simplesmente piores!!!

UM DISPARO...AO ACASO...

UMA IMAGEM...POR ACASO...

UMA TOMADA DE POSIÇÃO A ENALTECER




  Ao esvaziar as gavetas e fazendo as malas, a, em tempos, designada "dama de ferro" social democrata, Manuela Ferreira Leite, deixou um acto de grande responsabilidade nacional que é preciso relevar. Como conta aqui o jornal "Sol" online, a outrora desejada sebastianista e agora "vai-te embora ó mês de Agosto", numa atitude meritória, indo contra a opinião da Comissão Política do PSD e fazendo abster os deputados sociais-democratas, viabilizou o PEC, Programa de Estabilidade e Crescimento. Num momento tão grave, politico e económico,  para as finanças públicas do país, é de realçar esta posição de firmeza e responsabilidade.
 Quanto ao sair sem pompa e sem glória, não gosto muito de fazer realçar os meu dotes de presciência -porque sou muito modesto, homessa!-, mas eu avisei-a. Até escrevi aqui o que lhe ia acontecer com dois anos de antecedência, mas a senhora doutora não me deu ouvidos! Acho que estava com medo que eu me aproveitasse da minha influência astral sobre ela. Não sei, acho que foi isso! Eu fartei-me de repetir que, se me nomeasse seu acessor para as questões esotéricas, eu não iria pedir muito. Como sou modesto, disse-lhe que me bastava um lugarzito de deputado. Para verem o meu desapego às luzes da ribalta, até lhe disse que poderia ficar na última fila. E se quisesse, não me importava nada de ficar ao lado da Inês Medeiros...não sei se estão a ver, assim sempre ia espreitando qualquer coisa ao inimigo. Digamos que seria uma espécie de lança em África tipo submarino espião. Mas qual quê? A senhora doutora Manuela ficou furibunda, nem me quis ouvir. Estão a ver no que deu...

P.S. -Bem sei que você reparou que há dois anos a Inês Medeiros não era ainda deputada do Partido Socialista. É verdade. Mas veja bem, o meu poder de adivinhação é tão grande que eu já nessa altura sabia que a "minha" Inês -gosto dela, pronto, o que é que quer?-, passado um ano e meio depois, iria ser eleita. Não tenho bem a certeza, mas, se a memória não me falha, acho que até fui eu que a recomendei ao José Sócrates. Mas, uma coisa, por favor que isto fique cá entre nós, caso contrário, a rapariga vai ficar aborrecida. Ela não sabe nada disto...

ESCOLHER O FUTURO PRIMEIRO-MINISTRO

(FOTO DO DN)
(PARA QUEM OU DE QUE RIRÃO ELES?)


  Não possuo capacidades mediúnicas, mas, pegando aqui no Diário de Notícias e realizando-se hoje as eleições no PSD para secretário-geral, algo me diz que o eleito desta contenda de quatro candidatos, respectivamente, Aguiar Branco, Passos Coelho, Castanheira Barros e Paulo Rangel, vai ser o próximo primeiro-ministro de Portugal.
 Já que ninguém pede a minha opinião, sobre quem deveria ganhar -ser insignificante e obscuro é terrível!-, mesmo assim, eu vou dá-la. Gostava que ganhasse Pedro Passos Coelho. É o sangue novo liberal que este grande partido de ideologia social-democrata precisa. Pois! Eu disse "gostava", mas não vai ganhar. Gera muitos anticorpos e estas grandes agremiações partidárias não gostam de quem faça ondas e abale a paz telúrica das instituições partidárias. É preciso mexer, mas sem grandes abalos ou vagas revolucionárias que o "zé povinho", como é conservador, não gosta de grandes mudanças e não alinha em tiradas liberais. Que é isso? Já chegámos aos países-baixos ou quê?! Isso é que era bom! Respeitinho é muito lindo. Tudo se pode fazer, desde que se seja discreto. Nada de dar nas vistas!
 Então quem vai ganhar? Quer você saber? Mas olhe, desculpe lá,assim estou a contradizer-me -em cima, eu disse que não tinha poderes mediúnicos, não era presciente, adivinho, não sei me entende. Olhe, deixe lá! É o que faço mais diariamente, portanto lá vai mais uma contradição. Vou então antecipar-lhe o resultado, mas isto fica cá entre nós, que senão depois não me desamparam a loja. Todos querem resultados antecipados sobre tudo. E eu não posso, porque não cobro...estou a ser claro? Bom, mas vamos lá aos resultados: Quem vai aceder ao pódio do primeiro lugar vai ser...(ta...ran...tan)...pois!...Paulo Rangel. Embora com uma margem muito pequenina do segundo candidato Passos Coelho...que fica então em segundo lugar. Em terceiro é o portista Aguiar Branco e em quarto lugar, o nosso conterrâneo Castanheira Barros. Adianto também que o nosso reputado advogado de Coimbra, concorrendo com grande pertinácia e dignidade, foi muito maltratado pelo aparelho Sá-Carneirista de que tanto se sente próximo. Quase que não lhe davam votos nenhuns. Mas, para prever isto, não era preciso ser bruxo como eu. É ou não verdade? Ó larilas...

P.S. -Por favor não espalhem a boa-nova aos quatro ventos. É que vai influenciar o resultado do plebiscito e eu não quero. Nestas coisas temos mesmo de ser sérios...ainda que não pareça.

quinta-feira, 25 de março de 2010

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)





Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "PARA MEDITAR: BAIXA DE COIMBRA, 24 DE MARÇO, 21H30...":





 É visível a falta de pessoas a circular nas ruas da cidade após as 19 horas. Também é visível e notório que a luz que os candeeiros proporcionam não é a mais amiga, a mais conselheira, nem que incentive as pessoas ditas "normais" a passear à noite nas ruas da nossa linda cidade. É notório nas fotos, o contraste entre a luz baça e amarelada que provem dos candeeiros de iluminação públicos e da luz limpa e clara mantida por algumas montras de lojistas que se mantem por motivos óbvios só até certa hora da noite.

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Lapa deixou um novo comentário na sua mensagem "PARA MEDITAR: BAIXA DE COIMBRA, 24 DE MARÇO, 21H30...":



Já não há pessoas, onde é que elas estão? um belo post, vale por mil palavras. Obrigado.

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SDaVeiga deixou um novo comentário na sua mensagem "PARA MEDITAR: BAIXA DE COIMBRA, 24 DE MARÇO, 21H30...":



CREDO!!!


Uma das coisas que mais confusão me fez quando para cá me mudei, foi o facto de a cidade morrer no Verão ao ponto de ser assustador andar na rua à noite em Agosto, de os cafés fecharem às dez da noite ou nem sequer abrirem o mês todo.
Estou fartinha de dizer que uma cidade que depende dos estudantes para (sobre)viver não é cidade!!!
Agora, em pleno Março, numa noite agradável dentro do género, nem sequer uma alminha a beber uma bica ou mesmo a fumar na rua (visão tão comum deste que saiu a "lei do tabaco"), é que é de assustar!!!
Coragem a sua de andar aí no meio a disparar na "baixa-fantasma"!!!

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Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "PARA MEDITAR: BAIXA DE COIMBRA, 24 DE MARÇO, 21H30...":



 E o que andariam as pessoas a fazer pela Baixa a essa hora? Ver montras de loja fechadas, que encerram às 19h!?
Quando não há nada de interessante para fazer em determinado local, as pessoas procuram outros sítios bem mais interessantes.
Por isso é que os centros comerciais têm sucesso. Os comerciantes da Baixa ainda não perceberam que o grande trunfo dos centros comerciais é o horário alargado.
Enquanto as mentalidades, dos comerciantes que gerem um loja como se estivéssemos no século XX não mudarem a Baixa continuará assim em declínio.

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L. Pereira deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)":



As pessoas não vão à Baixa depois das 19 horas porque a Baixa infelizmente, é mal frequentada.
Enquanto não varrerem os indesejáveis, o cidadão comum não arrisca e deixa de frequentar o coração da cidade.
Era meu hábito passear pela Baixa à noite, tive de alterar esse comportamento por sentir insegurança.
Haja coragem para tomar medidas drásticas, Coimbra precisa.
L. Pereira

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Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)":



 Vindo a Primavera será mais agradável passear pelas ruas da nossa cidade, sentindo uma aragem fresquinha na cara e observando uma infinidade de espaços diferentes a ir percorrer espaços fechados e bafios cheio de corredores.

EDITORIAL: BAIXA, ESTA AMADA TERRA DE NINGUÉM






 Ao ver as muitas fotografias que publico da Baixa, e captadas ontem às 21H30, não sei se o consegui, mas a intenção é de quem as visionar, pelo choque, apanhe um murro no estômago. Uma coisa é falarmos, dizendo que o Centro Histórico à noite não tem ninguém, outra, é olharmos as imagens, a frio, e, uma-a-uma, vermos que esta zona está transformada em terra de ninguém.
Como sempre, há muito que perdemos tempo e energia a driblar a culpa deste “status quo”, deste desertificado situacionista. Os consumidores e inquilinos atribuem responsabilidades aos comerciantes e proprietários; estes à Câmara Municipal e esta ao governo do país. E, à roda, sem fim à vista, andamos neste círculo infernal. Sim, é um círculo, porque se invertermos a ordem dá o mesmo. O problema (e grande) é que, dos que falei, ninguém está isento de culpas. O governo porque não legisla, acabando de vez com este anacrónico Regime de Arrendamento Urbano. Apostou tudo nas SRU’s, Sociedades de Reabilitação Urbanas, e vai perder. Ou melhor, nós é que perdemos, porque, entre o convencimento natural dos donos dos prédios e a impugnação em tribunal, tudo vai continuar na mesma. As câmaras municipais, porque embora, de certo modo, estejam de mãos atadas pela absurda lei de arrendamento que rege o sector, não fazem grande coisa. E o pouco que fazem é mais mal do que bem. Em vez de sentarem à mesma mesa proprietários e inquilinos, apelando a uma ponderação possível numa razão impossível, que não existe por imposição de uma aberração a que chamam lei de arrendamento.
As autarquias, como se fossem um grande pai de filhos que não reconhecem a mãe, limitam-se a ouvir os inquilinos, obrigando os senhorios a fazerem melhoramentos às vezes absurdos, sem levarem em conta as rendas pagas e o empobrecimento geral e continuado dos proprietários. Deveriam, por exemplo, isentar de IMI, Imposto Municipal sobre Imóveis, todos os locados arrendados nos centros históricos.
Os proprietários, muitos deles envelhecidos, uma grande maioria, senhores de um património vasto que herdaram dos seus antepassados, e, estes, que tantos sacrifícios passaram para os adquirirem, agora, em vez de venderem, mesmo barato, não senhor, preferem ter os edifícios vazios, abandonados e a esboroar-se, do que darem o objecto de uso a que foram destinados. Com esta decisão egoísta estão a condenar os centros das cidades ao abandono.
Outros ainda, embora mais no caso de lojas comerciais, pedindo valores que são verdadeiros horrores –sabendo antecipadamente que são incomportáveis, porque foram comerciantes-, preferem manter os espaços encerrados, e contribuindo para a desertificação urbana, do que arrendá-los por verbas justas, tendo em conta o momento económico que se vive.
Os comerciantes, maioritariamente cínicos e egoístas, que desde sempre apenas olharam para os seus umbigos. Nunca fizeram nada nem pelo vizinho caído em desgraça, nem pela zona onde sempre ganharam a vida, nem pela cidade a que devem profundo respeito. Desde sempre se habituaram a “esmifrar” o mais possível sem nunca darem nada pelo colectivo. Basta reparar nas muitas montras às escuras, que se vêem nas fotos, para se ver que, neste apagamento, há muito mais do que o querer poupar. É o estar a marimbar-se para quem passeia à noite e para as zonas em que estão inseridos. Não dando um pouco de luz para a via pública, é o mostrar alheamento por tudo o que se passa à sua volta. É, neste acto, o mostrarem desprezo pelos poucos que, sacrificando a sua vida em contínuo prejuízo da família, vão tentando remar contra a maré. Estão ali por estarem. Nada fazem, nem por eles, nem pelos outros. Pedir-lhes sacrifícios, para abrirem até mais tarde, para além das 19 horas ou não encerrarem aos Sábados à tarde, nem pensar! O que quererão estas pessoas? Ao menos que fizessem um pouco de esforço em memória dos seus antepassados, velhos comerciantes, que nas décadas de 1970/80, tanto fizeram para desenvolver a cidade e torná-la no maior centro comercial ao ar livre da zona centro do país.
Por fim, os consumidores (que somos todos). Uma massa abstracta, fria e insensível a qualquer apelo bairrista ou nacionalista, egocêntrica, que, nas últimas décadas, se constituiu no motor da economia –ou então, pelo contrário, a economia é que ancorou o seu desenvolvimento no consumo- e que se está nas tintas para a decrepitude dos sectores económicos de um país ou de uma cidade. Mesmo sabendo que vai pagar com juros –já está a pagar, através da subida de impostos para colmatar o défice interno, e que todos os dias se agiganta para pagar subsídios de desemprego-, assobia para o lado.
Entretanto, a cidade, aquela das fotos, aquela terra de ninguém, todos os dias vai ficando mais vazia e triste…

UM DISPARO...AO ACASO...

COIMBRA, VISTA PELO OLHAR RASGADO DO SOL NASCENTE



Alheias a quem passa, estas simpáticas nipónicas gravam no papel um edificado patrimonial que, de tanto estar desprezado, aparentemente, não damos qualquer valor.
 Infelizmente para mim, sou um poliglota de trazer por casa. Se falasse japonês, apetecia-me perguntar-lhes: seria possível acontecer uma coisa destas no Japão?

PARA MEDITAR: BAIXA DE COIMBRA, 24 DE MARÇO, 21H30, 8 GRAUS CELSIUS, TEMPO SECO



Não irei escrever muito mais do que isto: APRECIE AS IMAGENS E MEDITE.

P.S. -SÓ PARA LEMBRAR: SÃO 21H30