terça-feira, 30 de junho de 2009

O CENTENÁRIO SALGUEIRO'S DOS CHAPÉUS







(UM GRANDE ALMOÇO DE COMERCIANTES, PRESUMIVELMENTE, DE HOMENAGEM AO DR. JOSÉ BACALHAU. CERTAMENTE POR ALTURAS DE 1940 E TALVEZ NO "COIMBRA-CLUBE", UMA COLECTIVIDADE DE COIMBRA JÁ DESAPARECIDA)



(O PRIMEIRO DA ESQUERDA DA SEGUNDA FILA SERÁ, PRESUMIVELMENTE, O GANDARÊS EM 1910, AQUANDO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA E DAS REVOLTAS POPULARES EM COIMBRA)



(ESTA FOTO SERÁ POR ALTURAS DO PRIMEIRO QUARTEL DO SÉCULO XX. O PRIMEIRO DA ESQUERDA SERÁ, PRESUMIVELMENTE, O SILVANO, FUNDADOR DO ESTABELECIMENTO. O PRIMEIRO DA DIREITA SERÁ O GANDARÊS, E O RAPAZ DENTRO DO BALCÃO É O CÉSAR ALVES)




 

 Em 1869, data dos primeiros documentos escritos encontrados, já existia há vários anos o actual “Salgueiro’s”, o mais antigo estabelecimento de chapelaria de Coimbra. Situado desde sempre na actual Rua Ferreira Borges –o estabelecimento é muito anterior a este actual topónimo. Contudo, pensa-se que terá nascido por volta de 1864, aquando da inauguração da passagem do caminho-de-ferro por Coimbra e em direcção ao Porto. Sabe-se o quanto significou para o desenvolvimento da cidade, sobretudo para o seu comércio e também para a construção da linha-férrea, Lisboa-Porto, por Fontes Pereira de Melo.
Segundo o depoimento de António Salgueiro, actual proprietário e de 51 anos de idade, o primeiro dono teria sido um comerciante de apelido Silvano. Provavelmente, por essa altura do século XIX, deu trabalho como iniciado de comércio a um tal Gandarês. Mais tarde veio este a adquirir a chapelaria. Certamente, nos princípios do século XX, teria entrado como funcionário, marçano de comércio, César Alves. Talvez por morte do Gandarês teria aquele adquirido a propriedade da loja.
Em 1933, então com 11 anos, entra um novo aprendiz para as lides de chapelaria, o então Manuel Salgueiro, pai do actual gerente, António e com o mesmo apelido. Certamente pela dedicação extrema e incomum, César Alves, em 1958, dá sociedade ao seu empregado, colaborador e amigo.
Talvez porque a moda de usar chapéu começasse a decair, ou então para alargar o âmbito de negócio, em 1935 o actual “Salgueiro’s” deixa a exclusividade de venda dos abrigos para a cabeça e para a chuva e começa a comercializar também malhas e camisaria.
Em 1980 faleceu César Alves, e, apesar de a firma manter três empregados, Manuel Salgueiro, ficando sozinho na gerência, convida o seu primogénito, António, entretanto saído do serviço militar, para ir trabalhar com ele na direcção desta reputada chapelaria e camisaria.
Em 1987, Manuel Salgueiro, sócio do falecido César, vem a adquirir as quotas à família Alves. Em 2003, partindo sem avisar para a longa viagem que todos temos prometida, Manuel deixa António órfão e este, juntamente com a sua esposa, assume o comando deste museu de recordação de encher a alma e tão adorado por turistas estrangeiros e nacionais que aportam a Coimbra.
Nas ancestrais prateleiras podem ver-se chapéus de várias cores e feitios. Das melhores marcas do mercado, desde a “Stetson”, até “Panizza”. Pode apreciar-se o verdadeiro, o original “panamá”, feito no Equador. Assim como camisas, muitas camisas, das melhores marcas nacionais.
Esta casa de usos e costumes de antanho, que muito honra a cidade e deveria, tal como algumas outras, fazer parte de um roteiro turístico comercial, continua a abastecer os grupos folclóricos do distrito e de todo o nacional com chapéus e boinas de modelos antigos. “Fazemos qualquer tipo de chapéu, desde o “Indiana Jones”, ao de “Cowboy”, até à cartola do mágico, basta que o cliente nos diga o que quer e nós realizamos o seu desejo”, enfatiza o António Salgueiro, orgulhoso de ser o continuador de um comércio de tradição na cidade dos estudantes e o timoneiro de um navio que já percorreu os sete mares do universo.
Quando lhe pergunto como vê o futuro hoje, tendo em conta a retracção que se verifica no consumo, responde António Salgueiro: “os tempos mudaram muito –e de que maneira! Ainda me lembro do meu pai me contar, por alturas da década de 1960, quando surgiram as camisas TV, de adquirir 25 unidades por número e por cor. No entanto, tendo em conta os tempos que vivemos, a personalização do estabelecimento, inserido neste contexto tradicional, é uma mais-valia. Acredito no futuro. É uma questão de tempo, mas a Baixa voltará a ser um grande centro de compras e de vivências que estão gravadas a fogo na nossa recordação. A arte de mercantilizar começou aqui na Baixa, na Idade Média, na Praça do Comércio.
Este estabelecimento é parte da minha vida, porque, pela sua longa história, tenho consciência que carrego nos ombros uma herança secular de memória e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade social. Onde quer que esteja, sei que o meu pai me observa. O “Salgueiro’s” era a menina dos seus olhos”, proclama o António de voz embargada pela emoção.


UMA IMAGEM...POR ACASO...



Revestida com umas "fraldas" de circunstância, a varanda que ameaçava ruir na Rua Ferreira Borges, por agora, está pronta para não incomodar os olhos mais sensíveis, mostrando as partes baixas.
Apesar da minha insistência, talvez envergonhado por lhe terem colocado uma espécie de "coeiro", o edifício em questão, não quis prestar declarações.

O ESTADO DA BAIXA




































CLIQUE EM CIMA DAS FOTOGRAFIAS PARA AMPLIAR E VEJA A MISÉRIA QUE VAI PARA AQUI; DESDE VIDROS QUE NÃO SÃO REPOSTOS ATÉ ÀS CIMALHAS QUE SE ESBOROAM)



Em 26 de Março chamava atenção para o estado decrépito e de abandono em que se encontrava a Baixa. A maioria destas fotografias foram publicadas nesse "post", intitulado "O ESTADO DA BAIXA...NUM RAIO DE CEM METROS".
Saliento que tudo praticamente continua igual, senão para pior. Os prédios que mostro entaipados permanecem abandonados há anos. Enfim...talvez sirva para meditar, perante o que aconteceu ontem e hoje na Rua Ferreira Borges.

A BAIXA A CAIR AOS BOCADOS









Hoje, cerca das 09Horas, na Rua Ferreira Borges, a protecção civil, coadjuvada pelos bombeiros, foi alertada para a ruína eminente de uma varanda em pedra no mais belo exemplar arquitectónico desta rua larga da Baixa. Segundo informações, a queda de inertes já vinha de ontem, e que obrigou ao fecho de um estabelecimento comercial no rés-do-chão. O presidente da Câmara Municipal, Carlos Encarnação, presente no local, pode ver como é que, por causas várias –não só atribuíveis ao proprietário- se pode deixar chegar a este estado decrépito esta obra maravilhosa do homem.
Em manifesto protesto, pela displicência dos humanos, este edifício, de estilo rococó, em mistura de “Manuelino” e “D. João V”, onde o ferro forjado, tão identificativo de Coimbra, mostra a sua pujança naquelas varandas espectaculares de pedra rendilhada, como se de renda de bilros se tratasse, há muito que ameaça quem passa na sua sombra. Hoje, e ontem, talvez cansado de ser ignorado, lançou umas pedritas para a calçada. Foi curioso ver as faces dos responsáveis. E se alguém tivesse ficado ferido? De quem seria a responsabilidade? Em princípio do proprietário. Mas seria curioso saber quanto receberá este senhorio pelas rendas cobradas.
Até quando vai continuar esta apatia, este desleixo, esta afronta aos centros históricos. Quando é que teremos um partido de governo que, em vez de pensar nos votos que vai receber, pense no interesse público, pense na conservação do património. Com este (Novo) Regime de Arrendamento Urbano jamais isso será possível. Enquanto nas cidades se praticarem rendas de 5 euros com o mesmo grau de conforto de uma outra em que é paga 1000, quer arrendamentos habitacionais, quer comerciais, nada mais é possível de fazer do que assistir a estes tristes espectáculos.
Felizmente que a divina Providência é muito generosa com os inocentes. Até quando a sorte continuará a beneficiar quem passa? Isso não se sabe. O que sei é que na Baixa há dezenas de prédios neste (mau) estado…

segunda-feira, 29 de junho de 2009

UM HOMEM DURA TÃO POUCO, SEGUNDO O "TIO SAM"



Segundo a SAPO, Portugal Online, Bernard Madof –que está por detrás da maior megafraude da história, que envolveu várias instituições bancárias do mundo inteiro- foi condenado, aos 71 anos, a 150 anos de prisão. Em tribunal pediu desculpa aos investidores, empregados e à mulher”.
Falta outra pertinente retratação: Madof deveria pedir desculpa aos Estados Unidos da América por não poder cumprir a pena até ao fim.