quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

EDITORIAL: UMA ÁRVORE PODRE ENVERGONHA A ASSEMBLEIA MUNICIPAL

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)





A notícia vem plasmada no Diário as Beiras (DB) de hoje: “segundo microfone a desaparecer do Salão Nobre”.
Prosseguindo na citação do DB, “O final da sessão de ontem da Assembleia Municipal de Coimbra (AMC) foi de aflição para a funcionária Irene Lino. Tudo porque um dos quatro microfones portáteis, colocados à disposição dos deputados municipais, tinha desaparecido. O presidente do órgão municipal corrobora a preocupação: Este é já o segundo aparelho que desaparece”, revela Luís Marinho.
No mandato anterior, a assembleia comprou cinco aparelhos portáteis de captação de som -a cerca de 1.000 (mil) euros cada-, um para cada bancada. Mas só quatro chegaram ao final do mandato.
Se uma árvore podre não representa a floresta, é um facto, mas pode contaminá-la. Quero dizer com isto que, enquanto cidadão participante da vida política da cidade, este furto envergonha-me e deveria embaraçar todos os deputados, presidentes de junta, e membros do executivo presentes ontem no Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra.
Se todos os dias lemos na imprensa que são detidas pela PSP pessoas por furtarem roupas, vinhos e chocolates, por que razão, ontem, o presidente do hemiciclo não chamou a PSP? Os eleitos municipais estão acima da lei?
Se o tivesse feito, mais que certo, tinha apanhado o ladrão e, acima de tudo, tinha evitado que a mácula caísse sobre todos os presentes. Considerando que não vai participar o facto ao Ministério Público, interrogo: por que não o faz? Sendo eleito representante de todos os munícipes através do voto popular, com que direito se arroga o presidente da AMC para, de per si, decidir que o acto criminoso não deve ser denunciado e investigado pela polícia? Se bem que, lembrei-me agora, sendo um bem público está obrigado por lei a apresentar queixa. No entanto, a questão mantém-se: porque não chamou ontem as autoridades para apanhar o gatuno?
Novamente na minha qualidade de cidadão, que sempre cumpriu as suas obrigações cívicas para eleger representantes políticos, a ser verdade o que se transcreve -porque parece impossível isto acontecer-, sinto uma enorme humilhação por ter contribuído para eleger um ladrãozeco, reles e barato, que nem para guardar cabras serve e, onde exercer, desonra a profissão. Mais, enxovalha o órgão em que está inserido, rebaixa toda a classe política, e constrange toda a cidade.
É caso para dizer a quem pretenda frequentar a AMC: Cuidado com as carteiras!

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