quarta-feira, 22 de março de 2017

UMA CARTA QUE DEVERIA FAZER REFLECTIR A IMPRENSA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




Na penúltima edição do semanário Campeão das Províncias, na primeira página, podia ler-se o título: “É polémica a substituição de IPSS por uma empresa na Unidade de Saúde de Coimbra”. O desenvolvimento prosseguia na segunda e terceira páginas. Em subtitulo vincado a preto podia ler-se: “No princípio era o GES e Victor Camarneiro”. No prosseguimento da crónica o nome de Camarneiro apareceu uma única vez a finalizar um parágrafo. Era assim: “A parceira da Demagre, de que foram sócios dois gestores da Trancone (TCN), era a instituição particular de solidariedade social Associação de Fernão Mendes Pinto (AFMP), então presidida por Vitor Camarneiro”.
Este procedimento -a meu ver, algo anómalo- deu origem a uma carta do visado de impressionar o mais sensível. Sem querer mostrar qualquer sentimento de superioridade moral, tenho para mim que Victor Camarneiro ao usar do seu direito de defesa, eventualmente e alegadamente, terá carradas de razão. Um jornal, seja diário, seja semanário, seja local ou nacional, tem uma obrigação dupla: tratar todos os assuntos com independência e mostrar imparcialidade aos seus leitores. Eu sou leitor do semanário Campeão das Províncias. Enquanto companheiro semanal não gostei de ler a súplica de Camarneiro a solicitar aos órgãos do jornal um respeito merecido e que não lhe foi atribuído na crónica. Qualquer um de nós hoje pode estar bem e amanhã não se sabe. Seja lá quem for, hoje pode ser bestial e amanhã uma grande besta. Seja o tratamento do primeiro caso, em que é idolatrado, seja no segundo, em que passa a pior que asno social, os órgãos de informação, enquanto veículos de construção da honra e da desonra, têm uma responsabilidade acrescida. Quem escreve detém um poder muito acima do vulgar cidadão e por isso mesmo -tenho quase a certeza de que não foi o caso- não pode ser tomado de espírito justicialista ou legalista. Para julgar existem os tribunais e até estes órgãos de soberania, que exercem o seu poder de absolver ou punir em nome do povo, não podem cair em radicalismos societários, sob a consequência de desvirtuar a justiça.
Por outro lado, ainda, há um princípio aplicado a todas as religiões e boas regras societárias: não se bate em quem está no chão. Se não é possível estender-se-lhe a mão para o soerguer, no mínimo, vira-se-lhe as costas.
Admito que fosse um erro do jornalista, ou da redação, mas a ser assim, pelo exagero do subtítulo, o jornal, mesmo depois de publicar a carta de esclarecimento, deve um pedido de desculpas formal ao visado em edição subsequente.
Como ressalva, para que não se pense que faço este reparo sobre qualquer ponto de vista de interesse, sobre palavra de honra, não conheço, nem nunca vi mais gordo, Victor Camarneiro.
Deixo extractos da carta publicada na última edição do Campeão das Províncias:

DIREITO DE RESPOSTA DE VICTOR CAMARNEIRO”

Disseram-me, e eu confirmei, que o meu nome é citado na edição de 09 de Março do “Campeão” a propósito de mais um daqueles escritos do R.A. (Rui Avelar) sobre a Unidade de Saúde de Coimbra (USC), certamente com o objectivo de lançar suspeitas sobre o eventual favorecimento perpetrado pela administradora de insolvência, Ana Rito, à mãe dos seus netos, simultaneamente psicóloga da USC, e ao seu sócio, Carlos Magalhães, director clínico da Unidade, há muitos anos, na empresa que hoje gere e explora aquela entidade, cuja denominação, Propriarmonia, fiquei agora a conhecer.
(…) Só que, surpreendentemente ou não (???!!!), como há uns anos atrás quando fui constituído arguido no então designado processo dos CTT, voltou o vosso escriba a usar e abusar do meu nome sem alguma vez, antes como agora, me ter abordado para, no mínimo, conhecer a minha versão dos factos e dar-me a oportunidade de o esclarecer e me defender. Aliás, nem sequer depois de eu ter sido absolvido pelo colectivo de juízes, do Ministério Público não ter recorrido da sentença e da mesma ter transitado em julgado, jamais o Rui Avelar ou qualquer dos outros escribas que se apressaram a a comprometer-me publicamente deu qualquer relevo ao facto ou quis saber das consequências que tão ignóbil cometimento teve na minha vida e dos meus.
(…) O Dr. Lino Vinhal, director do “Campeão”, o Rui Avelar, ou quem quer que seja, por um momento que fosse, pensaram alguma vez em mim, no que me aconteceu e à minha família, e imaginaram em que situação fiquei no meio de tudo isto? Acusado pelo Ministério Público, constituído arguido, declarado insolvente por manigância de uma administradora de insolvência; contudo, absolvido, mas falido e desacreditado depois de uma vida repleta de feitos em prol dos outros e da comunidade em geral. Por acaso reflectiram, um minuto que fosse, como é que alguém depois de tudo isto ainda se consegue erguer sem deprimir, embebedar ou drogar?
(…) Decerto que nunca o fizeram porque o vosso ofício não é esse. O vosso ofício é outro. Bajular poderosos de forma acrítica e interesseira e amesquinhar quem se torna alvo fácil da vossa lamentável e vingativa escrita. Se não dizei-me que “merda” de subtítulo é este de “no princípio era o Ges e Victor Camarneiro”? -Falta de imaginação? Incompetência? Encomenda? Querem o meu sangue? Continuar a espezinhar-me porquê? Quem vo-lo encomendou?
(…) Estejam descansados comigo, vivo num T2 arrendado, estou divorciado há seis anos, os meus filhos mais velhos encontram-se fora do país, não possuo sequer conta bancária nem cartões de espécie alguma, nem carros, casas ou seja lá o que for! Trabalho por conta de outrem;
(…) Pode dormir tranquilo e deixar-me em paz, Sr. Dr. Lino Vinhal. Podes tu também deixar-me em paz, Rui Avelar. (...)”

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