quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

CARTA AO TRAMP (DESCULPA LÁ...)

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(Imagem retirada da Web)






Trump, meu amigo, companheiro -não te chamo camarada porque poderia irritar-te deveras, e não quero- espero que estejas bem, isto é, que ainda estejas em pé depois dessa tua constante provocação mundial. Antes de prosseguir, como deves calcular não me esqueço da Melania. Sei que continua boa, boa, sempre boa de saúde, é claro.
Continuando, meu caro colega, gostava de te dar os parabéns por continuares a agitar o teu país, os vizinhos do lado e os fora de vistas. Ó pá, imagino que a indústria mundial de fármacos, sobretudo de ansioliticos e produtos para emagrecimento, não deve estar nada a gostar da brincadeira. Por cá no meu cantinho tudo continua quase, quase igual. Refiro Portugal -não sei se já ouviste falar, se calhar não. Às tantas até pensas que, apesar de me conheceres, pela proximidade da língua, sou mexicano. Nem me admira se isto for mesmo assim. Sou da terra do Lobo Antunes. Aquele que escreve o que penso. Já estás a ver qualquer coisinha?
Continuando, que não devo fugir ao tema, essa tua jogada de aí, nos “staites”, colocares tudo a mexer é de mestre. O pessoal, por aí, andava muito obeso, só emborcava batatas fritas e hambúrgueres, e não fazia qualquer tipo de exercício. Agora não, passam a vida de cartazes ao alto e a gritar contra a decisão da maioria de te eleger. Espectacular, meu! Eu vi logo que quando revogaste a lei de reforma da saúde, o Obamacar, do nosso ex-colega que te precedeu, tinhas um novo modelo, como quem diz, um trunfo na manga. Está de ver que sabes bem o que fazes e caminhas em boa direcção. É preciso entregar tudo aos privados. Por aqui a coisa é parecida. Embora o que era bom já foi. Agora já só restam os transportes públicos de Lisboa e Porto, mas, pelo prejuízo continuado que geram, ninguém os quer.
Vê cá o nosso colega Marcelo -deves conhecer, é o supervisor do “teatro” nacional, o ministro-sombra do Governo, o nefelibata da ubiquidade, “o assunto arrumado da razão pura” de tudo o que não interessa discutir. É só beijinhos e abraços aos velhinhos. Por este andar, com tantos carinhos, vão durar até aos cem. Um problema de custos incomensuráveis para o Estado, como já anteviste. É de tal maneira grave que, para o contrariar, os partidos de esquerda querem a legalização da eutanásia a toda a pressa. Este Marcelo, que até é bom homem, nem as pensa! Com tanta lamechice à solta ainda nos torna mais moles do que já somos. “Pai mole gera filho molengão”, não é o que dizem?
Mas, ó Tramp, desculpa lá! Como a conversa é como as cerejas, até esqueci do que me trouxe aqui e levou a escrever esta cartita de cumprimentos efusivos. Então, afinal, sempre havia merda -perdoa não escrever trampa, mas podes pensar que estou a gozar contigo- lá na Suécia! Venho pedir-te perdão. Até eu, que te conheço, duvidei de ti. Cheguei a pensar que a Melania andava a esgotar-te fisicamente e dar-te cabo do intelecto. E não é que, como o tempo mostra sempre a razão, estavas a falar verdade? Já agora, meu caro, aproveito para te fazer uma pergunta: achas que, por cá, no velho continente, tentam esconder alguma coisa? Achas que a coisa está a ser branqueada com detergente da China? Ó pá, acredita, fiquei com a pulga atrás da orelha.
Abusando de ti, agora que já estás há mais de um mês na Casa Branca, não consigo deixar de te interrogar: se os Democratas, com o “Barraco” a comandar a coisa, deixou tão bem a tua terra, por que razão foste tu o escolhido? A culpa foi da Rússia? Achas que, em analogia, o que moveu os eleitores norte-americanos foi o mesmo sentimento que impele um gajo com uma mulher boa, boa, boa e repetidamente boa, a meter-se com a vizinha, que é um cavaco do pior? Teria sido isso?
E não te admires se por cá, pela Europa, a coisa vá pelo mesmo caminho. Vivemos todos muito felizes. Adoramos o situacionismo democrático. Amamos este Estado como “pater” protector. Este sistema monetário do euro é fantástico. É uma maravilha podermos circular à vontade. O não termos dinheiro para o fazer, bom, é um mero detalhe de circunstância. O que interessa não é o interesse geral como fim em si mesmo mas como meio. Ou seja, o que importa é termos um leque de possibilidades mesmo que nunca as possamos usufruir e que esteja apenas acessível somente a alguns. É assim uma espécie de miragem constitucional. Vivemos numa certa doutrina imposta de cima para baixo, da cúpula para a base. O vértice da pirâmide pensa, irradia pelos meios de informação, e o povo aceita pacificamente até ao dia em que, só para chatear, elege um “Tiririca” ou um Tramp como tu -não leves a mal, escrevo isto pelo arrebatamento que me causou a tua subida ao pódio.
Recebe um caloroso abraço cá do rapaz. Quando quiseres visitar-me estás à vontade. Garanto-te que cá no meu largo não haverá manifestações de protesto contra a tua visita. Isso é que era bom! Aqui mando eu, e tenho tudo controlado. Ai não?!? Se não poderes vir, faz-me um favor, manda a Melania.

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