quarta-feira, 24 de agosto de 2016

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




MÁRCIO RAMOS deixou um novo comentário na sua mensagem "BAIXA: A APBC E O DEJÁ VÙ” (2)



1 -Tenho para mim que que os comerciantes devem participar nos eventos da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra. Como um comerciante digno desta praça disse um dia, “os comerciantes estão cansados de um dia de trabalho, tristes, e ainda vêm para aqui a noite toda arriscando a não fazer uma venda?”. Concordo. Mas a agência devia incentivar estes comerciantes a participar. E como? A meu ver, deveria haver dois horários, o de verão e o de inverno. O da época das chuvas seria praticado, como agora está, das 9 as 19h00, com ou sem pausas para almoço. As interrupções seriam da responsabilidade do comerciante. No horário de verão, com bom tempo e com pessoas nas ruas durante a noite a dar seu passeio, as lojas da Baixa deveriam estar abertas até mais tarde 22h00 ou 23h00. Os SMTUC, Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, deveriam também agilizar um pouco o seu horário para ir até mais tarde -ainda há pouco foi feito um estudo em que o resultado apontava para esta solução. Só assim, com outra visão, pode a Baixa combater as grandes superfícies.

2 -A exposição de “Rostos Nossos (Des)Conhecidos” foi uma ideia foi óptima, a execução péssima.
Deveremos recordar caras que muitos de nós vimos quando éramos mais novos, mas não deveria ficar por aqui. As lojas que marcaram esta zona da cidade e já desapareceram deveriam fazer parte do projecto; mostrar as transformações que esta zona teve ao longo dos anos, para que jovens como eu tomem noção de como era a Baixa e para aprendermos a não realizar atentados arquitectónicos. A Torre de Santa Cruz, que poucos tem memória dela, e tantos monumentos que desapareceram ou foram transformados, como era a Praça 8 de Maio antes da transformação, ou o “Bota Abaixo” antes de o ser.
E pergunto: porquê só a Baixa? Por que não mostrar a evolução da cidade durante as últimas quatro décadas? Ou como era a Alta antes de Salazar mandar demolir para fazer a a área universitária? São tudo memorias que merecem ser partilhadas e não ficarem armazenadas num sótão a apanhar pó.
Além das pessoas que deram vida a esta Baixa, por que também não mostrar a história universitária? Quando os estudantes, caloiros, tinham que se refugiar ao toque da cabra ou eram punidos. Ou os apregoados amores dos estudantes pelas tricanas; ou o trabalho das lavadeiras do Mondego; o historial dos doces típicos e toda cozinha regional. Tudo isto merece ser mostrado numa exposição.
3 -Mas o local escolhido para esta exposição não lembra o diabo. Primeiro, num beco, sem nenhuma indicação, num prédio antigo, abandonado e não muito acolhedor, a exposição já relatada fica muito a desejar. Embora no coração da Baixa, ficou num sítio fora dos guias turísticos -e que vergonha tinha eu se um turista levasse como memória de Coimbra aquela exposição.
Pergunto: havendo tanta loja fechada por essa Baixa fora, não seria mais sensato arrendar um desses espaços durante o período da mostra e fazer um evento mais digno? Nem que fosse para respeitar as pessoas que nele estão representadas. Em alternativa, por que não se fez a exposição no Museu da Cidade, no Edifício Chiado? Tenho para mim que este espectacular espaço, com uma situação privilegiada, é pouco utilizado para o público em geral. Por que não transformar esta mostra numa exposição permanente? Não deveremos esquecer o passado. Alguém disse um dia que um povo sem memória é um povo sem história.
4 -Para acabar, pois texto já vai longo, a APBC tenta fazer o melhor. Lamento que quando há reuniões desta agência sejam tão poucos os que aparecem, mas quando esta entidade faz algo errado sejam muitos a criticá-la. Se acham que conseguem fazer melhor candidatem-se, ou vão as reuniões. dêem ideias. Sinceramente, às vezes fico pasmado que em Coimbra hajam tantos “Velhos do Restelo”.
A Baixa não voltará a ser o que era, por culpa de muitos, inclusive de comerciantes que não souberam inovar, adaptar-se, unir-se e impor-se.
Na baixa há um mostrengo, em jeito de cancro, de seu nome “via central”. Quantos lojistas se uniram e já fizeram pressão junto da Câmara Municipal para avançar com as obras? A única coisa que vi nestes meses desde que anunciaram que a “via central” era para andar foi a colocação de andaimes e lonas com desenho dos prédios, em frente à Caixa Geral de Depósitos, estando acessíveis a qualquer marginal.
Na zona da Rua Direita há problemas de segurança, ninguém quer saber, nem mesmo os comerciantes, os que têm mais interesse. O mundo transformou-se imenso durante estes últimos anos. Não podemos ficar no passado. O futuro passa por agirmos e tentar resolver os problemas que destroem a Baixa e seu potencial. Os comerciantes devem apresentar soluções, falar a uma só voz. A APBC deve ser a sua representante, só assim, a meu ver, a Baixa terá futuro.



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MÁRCIO RAMOS deixou um novo comentário na sua mensagem: “BAIXA: A APBC E O DEJÁ VÙ" (1) 

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