quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A BAIXA VISTA DA MINHA JANELA





 POR MÁRCIO RAMOS

Li com atenção a queixa apresentada à policia sobre o miúdo-maravilha que toca violino.
Acho que não incomoda, dá outro ânimo à Baixa da cidade. É melhor ouvir sua música que a de outros artistas que circulam por esta zona histórica, mais parecendo ruído. Acho que deve continuar, até porque numa altura que Coimbra é invadida por turistas estes levam uma boa imagem da cidade para mais tarde recordar. Mas, a meu ver, porque não fazer mais por estes artistas que dão mais beleza a cidade?
Ainda em exposição, está patente no Museu temporário da Memória, na Rua Velha, na Baixa, a mostra “Rostos Nossos (Des)conhecidos”. Amiúde passamos por eles na rua e os olhamos tantas vezes como mobília da cidade sem querer saber da sua história.
Com os artistas desta urbe agimos de igual modo, incluindo a Câmara Municipal, que obriga a que o artista pague sua legalização. Resumindo, tem que pagar à edilidade para mostrar sua arte que vai animando a Baixa tantas vezes triste. Não concordo.
Todos os anos há as Noites de Verão. Como se sabe, consistem em mostrar aos turistas o fado de Coimbra -geralmente à quinta-feira- e folclore regional -à sexta-feira.
Uma boa iniciativa, mas que deveria ser alargada a outras artes como teatro. Deveria também trazer outros conceitos. Não só o fado e os típicos ranchos são importantes. Nomeadamente o fado de Coimbra tão único dentro deste estilo musical.
Ao ler o texto sobre a queixa de comerciantes acerca do miúdo maravilha pensei num conceito que poderia funcionar.
Num Sábado de Verão, porque não montar aparelhagem sonora e luzes a condizer e fazer um espectáculo mas onde os intervenientes fossem estes artistas de rua? A autarquia tem os meios e podia convidar estes intérpretes a participar nesse espetáculo. Assim estes criadores tinham mais visibilidade, eram mais aceites pela comunidade, e, além de mais, expunham sua arte performativa.
A meu ver estes obreiros dão uma lufada de ar fresco a esta zona comercial da cidade, tantas vezes ensimesmada, triste, e envolvida do manto do silêncio avassalador. Não deveria a Câmara Municipal e a Baixa agradecer-lhes, criando esta apresentação?

Sem comentários: