sábado, 4 de junho de 2016

EDITORIAL: PRAÇA DO COMÉRCIO, QUE FUTURO?




Esta semana, para gáudio de quantos lutam e esperam um futuro melhor para a Baixa, abriu um grande empreendimento hoteleiro, o BE 51, na Praça do Comércio. Como é natural e razoável foi-lhe concedido pela Câmara Municipal um espaço de ocupação de via pública –já que à edilidade, que pouco faz para ajudar os empresários, no mínimo, cabe-lhe não colocar o pau na roda. Ou seja, sem perder de vista as regras legais, e sociais de concorrência, deve fazer tudo para que quem aposta na zona histórica se sinta apoiado e protegido. Já há muito que, para ajudar a revitalizar esta parte da cidade –Alta e Baixa-, a autarquia deveria isentar os empresários de vários licenciamentos como, por exemplo, de via pública –que este ano fez o contrário e aumentou os valores desmesuradamente-, quer para comerciantes, quer para hoteleiros. Assim como o licenciamento e anualidade de toldos, reclames dos estabelecimentos –basta dar um passeio na Baixa à noite para se verificar a escuridão permanente. Pode até argumentar-se que, tal como outras, para continuar a fazer investimentos no concelho, esta Câmara Municipal terá de se reinventar para continuar a cobrar taxas, já que a construção civil, o seu maior financiador, claudicou. Mas quando, em Coimbra, vemos que, alegadamente, a edilidade paga mais de 30 mil euros a um cantor, Benjamin Cementine, para actuar no Convento de São Francisco, em recinto fechado, destinando-se o espectáculo a uma elite ou quem for mais rápido a obter o bilhete, alguma coisa vai mal nos reinos do essencial e do acessório. Isto é, confunde-se tudo, público com privado, investimento –benefício recuperável- com aplicação financeira sem retorno. O PREC, Processo de Ruína em Curso, continua.



MAS, E A PRAÇA VELHA?

Voltando à Praça do Comércio, que foi o que me levou a escrever, nos últimos tempos assistimos a este espaço histórico estar a ser transformado numa manta de retalhos e sem saber o que se quer fazer dele. Está destinado a ser um espaço orientado para a hotelaria, com esplanadas, e ser um palco natural para algumas iniciativas cénicas e de arte? Se assim é, e até me parece bem, então comece-se por proibir de vez o estacionamento desbragado de automóveis –era bom lembrar que quando o PS estava na oposição, no tempo dos anteriores presidentes camarários, Carlos Encarnação e Barbosa de Melo, a expulsão das viaturas desta praceta era uma bandeira permanentemente içada. Agora que está no poder, o PS, num escandaloso deixa-correr, não quer saber e, através dos seus eleitos, faz-se de cego, surdo e mudo. Porra para estes políticos descartáveis, só defensores da ética e responsabilidade urbana quando estão na oposição.
Ainda a semana passada, sabe-se lá com que critério, "plantou-se" ao fundo, junto à Igreja de São Bartolomeu, uma inestética tenda, em jeito de barraco, para servir o IEFP, Instituto de Emprego e Formação Profissional. Quanto custou implantar aquele aborto num local que deveria ser sagrado e só pisado por quem o respeitar? Por notícias comparativas plasmadas em jornais, mais de 15 mil euros. A talhe de foice, seguindo o exemplo de Milão, já alguém pensou em cobrir com vidro toda aquela área?

E A FEIRA DE VELHARIAS?

Com este encurtar de calçada –já que as esplanadas avançam e o espaço vago diminui-, não é preciso ser presciente para adivinhar que, se nada for feito, a Feira de Velharias está a prazo no sítio onde nasceu e se foi desenvolvendo. Já há muito que se fala em transferir este certame para o Parque Manuel Braga. É preciso gritar que este evento com mais de vinte anos de existência é fundamental e deve manter-se na Baixa? Se é o caso, aguarde-se então o ruído ensurdecedor.
Como a vereadora da cultura actual, Carina Gomes, embora jovem, é surda e cega aos apelos que lhe vão chegando para descentralizar as alegorias pelas ruas estreitas, é de prever o pior para a feira de antiguidades e velharias. A vereadora só não é muda, isso constata-se, porque há cerca de uma semana, interrogada pela jornalista do Diário de Coimbra para a possibilidade de espalhar as feiras pela Baixa toda, soube alegar que não poderia ser porque as ruelas e pracetas eram muito estreitas. Uma pergunta: a senhora vereadora tem a certeza que conhece mesmo a Baixa? Fica a dúvida.
Como já estamos habituados a, mesmo na indigência de ideias, o PSD ser melhor, mais inovador e acessível para pelo menos ouvir, não há problema, a gente espera que os laranjas voltem a liderar a Câmara Municipal. É certo que muitos de nós já não estarão cá, mas isso também não é problema.

1 comentário:

Daniel disse...

A próxima Feira do Artesanato Urbano terá lugar nos diversos largos e praças da Baixinha, em vez de se realizar nas ruas largas: http://i.imgur.com/eDYfxFK.jpg

Vamos lá ver se a moda pega.