quarta-feira, 23 de março de 2016

A BAIXA VISTA DA MINHA JANELA





POR MÁRCIO RAMOS


Na minha rua, tal como tantas da cidade, todos os dias passa o camião  do lixo entre as 19h00 e as 23h00. Ontem, terça-feira à noite, quando estava a ver os noticiários,  notei que a viatura camarária de recolha estava há muito tempo parado no mesmo sítio, com o motor a trabalhar, perto da minha porta. Por achar estranho, abri a janela e vi um espectáculo pouco digno desta cidade: junto ao banco BPI estava um mar de detritos. Imensos papéis, muitos excedentes. Até cheguei a ver imagens emolduradas em quadros. Os profissionais que cuidam do ambiente na cidade lá andaram a limpar mais  de 10 minutos seguramente.  Basculhando aqui, remexendo acolá, naquele monte de coisas várias, tentavam reaproveitar e dar novo destino a algo que já não tinha préstimo para alguém. Sei que esse entulho provinha da antiga loja ao lado do meu prédio e já encerrada há vários meses. Vi duas carrinhas, apercebi-me que quem lá estava aproveitava o bom, e o mau era  posto na via pública como atulho.
Por um lado é bom que recuperem um prédio devoluto, que o limpem e lhe dêem o uso para que foi criado, que o façam voltar à vida. Mas vale tudo?  E as regras de convivência? É admissível sujar uma das mais importantes ruas pedonais da cidade? Será que estes senhores nunca ouviram falar em sacos do lixo?  Ou contentores? Tinham que fazer aquela esterqueira toda? Será que já não há respeito pelo semelhante, civismo? O pior veio depois;  depositaram junto a loja “Casa dos Enxovais” um enorme bloco de madeira. Esteve lá a noite toda. Por que razão os serviços de higiene não recolheram o tronco? Se não o podiam levar naquele carro porque não providenciaram o seu levantamento?
Já começam a ver-se vários grupos de estudantes na Baixa e durante a noite. Pergunto: se a um ou vários universitários lhe dessem para o vandalismo e atirassem o bloco de madeira contra uma das montras, de quem era a responsabilidade?
Havendo mais educação e respeito pelos vizinhos por parte de todos os munícipes, Coimbra será naturalmente mais asseada e mais bela. Há uns anos, nos carros do lixo havia uma mensagem: “Coimbra limpa tem mais encanto”. Pelos vistos desapareceu e com ela o pouco de civismo.




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