sábado, 9 de janeiro de 2016

EDITORIAL: CAÇA AO PEQUENO EMPRESÁRIO






Historicamente, a direita, enquanto ideologia conservadora, o conservadorismo, alinhada com a tradição e inimiga de grandes mudanças abruptas, sobretudo revoluções em corte com o passado, sempre se outorgou defensora da iniciativa privada. Na última década, contrariando a sua génese e travestindo-se num produto ideológico irreconhecível, transformou-se numa máquina exterminadora da criação de riqueza nacional.
Em passos tímidos, e com poucos a prever o que viria a acontecer no futuro, começou há 30 anos com a adesão de Portugal à então CEE, Comunidade Económica Europeia, em 1986. Estava dado o primeiro franquear de portas para que a tropa avançada do grande capital estrangeiro pudesse entrar livremente e, legalmente e em nome da concorrência, arrumar o pequeno produtor e a pequeníssima empresa.
Depois, desde o virar do milénio para cá, vieram as directivas comunitárias, acompanhadas da insensibilidade dos governos nacionais e sem nada fazerem para o evitar, a aniquilar as pequenas indústrias tradicionais –milhares delas desapareceram.
A seguir, há cerca de 5 anos veio o fisco, com o argumento da modernização fiscal, a tornar impossível a permanência de muitos que tinham resistido às primeiras investidas, e limpou uma grande maioria.
Agora, em forma de decreto, que é o instrumento mais eficaz para atingir o maior grau de eficiência, vem o último assalto em forma de bomba-atómica para estilhaçar e rebentar com os últimos resistentes (ver a nova legislação para os operadores de metais preciosos usados). As malhas de escolha impostas são tão estreitas que só mesmo uma pequena minoria consegue passar pelo apertado buraco de agulha de triagem. A fazer lembrar a Europa de 1930, com a supremacia existencial do Nacional-Socialismo e a homogeneidade a passarem a doutrina social, onde o dogma de fé radicava em Hitler, que via o mundo pela predomínio dos mais aptos (Eugenia), aparentemente, caminhamos para a regressão de uma época que, pela tragédia humana de cerca de oitenta milhões de mortes, não deixou saudade.
Por outro lado, embora resvale para fora do caminho que me levou a escrever esta crónica, não deixa de ser curioso que, nessa altura, uma das premissas que conduziu ao convencimento e à alienação de massas foi o declarado domínio da economia pelos judeus -que seriam massacrados por essa alegação e em nome dessa promiscuidade. Agora, o avanço do islamismo vem dar de bandeja a mesma motivação. Começou a desenhar-se em 1990, com a invasão do Kuwait pelo Iraque, e com a aliança entre os Estados Unidos e vários Estados europeus, incluindo Portugal. Hoje, com a invasão de migrantes vindos de vários pontos do globo, sobretudo do Norte de África e oriente médio, está criado o rastilho que a qualquer momento pode incendiar e manipular o tecido social europeu sobre controlo de um grande grupo predominante com interesses mundiais. É a história no seu eterno retorno.
Voltando aos pequenos empresários,  se não se arrepiar caminho –através da revogação destas selváticas normas exterminadoras- nesta purga e pela absurda exegese, as consequências a curto ou médio-prazo serão avassaladoras e imprevisíveis. Com estas medidas, velhos e novos, que procuram na iniciativa privada resistir à inscrição nos centros de emprego, não terão outra hipótese senão entregarem-se nos braços da apatia profissional e da indigência.
Num tempo em que a técnica e a digitalização estão a derreter o emprego como Sol de Agosto em gelo glaciar, é de interrogar o que pretende tal grupo de gente quando incentiva e dá cobertura a tal destruição de postos de trabalho? Serão declaradamente inimigos do povo? Para quem trabalham? Para as grandes multinacionais? Para o grande capital, sem rosto e sem pátria, que vem pelos ventos da Globalização? Continuando nesta ordem (anarquia) de demolição de sonhos e realização pessoal do cidadão, quem vai gerar riqueza, pagando impostos, para sustentar este Estado glutão e absolutista que come tudo a eito e sem ter em conta os pressupostos do amanhã?
Em verdade, estamos num tempo, sem tempo para pensar, num novo tempo em que se apregoa o progresso para todos mas só uma minoria, ínfima e elitista, alcança o paraíso. Na prática, para uma maioria outrora classificada de classe-média, regride-se para as trevas de um novo analfabetismo em que, pela ignorância disfuncional e desconhecimento alheado e objectivo, é fácil de controlar e fazer dela o que se quiser. É uma maioria vencida e silenciosa, incapaz de suster esta investida economica ultra-liberal –demos-lhe esta classificação ou outra qualquer.
Tomemos atenção aos novos tempos!

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