terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A BAIXA VISTA DA MINHA JANELA





POR MÁRCIO RAMOS


Lendo o blogue e os comentários no Facebook sobre a nova taxa das esplanadas é bom constatar que há discussão, que há pessoas que mostram a sua revolta.  Mas também acho que não é por se discutir que se faz algo melhor. A união faz a força e, neste caso, todos deveriam falar a uma só voz perante a Câmara Municipal de Coimbra e numa das reuniões do executivo aberto ao público ou da Assembleia Municipal apresentar o problema em manifestação da classe profissional. Não basta dizer está mal, e depois pagarem e não haver reacção. Lamento apenas que só nestas alturas haja discussão acesa e quase intervenção, mas só quando toca nos bolsos dos operadores. Quando há outras questões igualmente importantes para a Baixa ficam calados.
Mas vamos lá as explanadas. A autarquia está a ser coerente, senão vejamos: há uns anos  neste blogue foi  revelado outro atentado ao comerciante e, este, pouco ligou. Por alturas do Natal os lojistas, para ajudar a embelezar as suas ruas já que a edilidade tinha colocado o espírito natalício numa gaveta a apanhar pó, aplicaram uns vasos   com algumas decorações alusivas à quadra. A fiscalização camarária, sabendo desta iniciativa, o que fez?  Por mais ou menos trinta centímetros, começou a cobrar por ocupação de espaço público. Se bem me lembro, pagavam em média cerca de 20 euros. Não se vê muito bem a razão, agora, dos hoteleiros ficarem admirados por se cobrar pelas explanadas.  Não entendo é por que é que a Câmara não o fez mais cedo, sobretudo sabendo o historial desta entidade pública. No entanto, confesso que não estou de acordo mas também não plenamente em desacordo. Acho, isso sim, que há  limites para a decência. Vamos por partes: Num largo  pequeno, como é o caso  do Largo da Freiria, acho bem haver uma esplanada  a dar vida a um local pouco concorrido. Acho que  nessas várias pracetas, por essa Baixa fora, deveria haver uma esplanada pois dá outra alegria e movimento ao Centro histórico.  Em contraposição, há outros casos em que se exagera. Por exemplo nas ruas largas há esplanadas que ocupam metade da rua, e já  não acho bem. A meu ver, o problema nem será o facto do espaço ser pago ou não. Tenho reparado que  em Coimbra há uma guerra silenciosa  nos cafés e restaurantes e acho que a Câmara quer pôr cobro a isso. Passo a explicar melhor: comecemos pelo Largo da Portagem, a entrada da Rua Ferreira Borges quase está embargada e a passagem de transeuntes chega a ser difícil. Parece que quem tiver a maior explanada é o rei dos cafés, tipo eu tenho que ter uma explanada maior que a tua, pois, sendo assim, é sinal de prestígio e de grandeza.
Na  Praça do Comércio lá estão as explanadas. Mas vou ser sincero, preferia que estivem em toda a sua área, pois acho uma falta de respeito e cidadania às  vezes passar por lá  e  ver este recinto histórico mais parecer o “Bota-abaixo” antigo com estacionamento à balda. Isto não  dignifica a Baixa nem a cidade. Dai, concedam licenças para explanadas até à Igreja de São Bartolomeu. Sempre é melhor que manter lá diariamente os automóveis a ocuparem um espaço que deveria merecer outra dignidade.
Concordo que os hoteleiros devem pagar taxa de ocupação de via pública, já que o café ou restaurante  está a servir-se de um espaço que é da comunidade. Porém, não deve haver uma taxa fixa igual para todos –além de mais é uma falta de respeito  por parte da Câmara não avisar os comerciantes com tempo pois ainda são umas centenas de  euros a pagar de uma só vez. A autarquia  deveria  fazer de outro modo  e passo a explicar:
Antes de aplicar a pastilha  a edilidade deveria consultar os rendimentos anuais das empresas que solicitam licenças. Hoje com o sistema fiscal informatizado deve ser fácil.  
 Outra forma era dividir a cidade por zonas. A Praça da República pode não ser igual à Praça do Comércio em rendimento. O Largo da Portagem não deve ser igual ao Largo da Fornalhinha.
Já agora, a talhe de foice, será que  com estes preços por metro quadrado o  Jazz ao Centro Clube vai mesmo ocupar o Largo do Poço,  cheio de mesas e cadeiras como estava a programar? Mas isso, como se imagina, é outra historia que não me cabe a mim analisar.


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