quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O MARTINS, DAS FLORES, DEIXOU-NOS






A notícia caiu hoje na Baixa que nem uma bomba: “o comerciante das flores matou-se!”
Este comerciante era de tal modo introspectivo e falava tão pouco com a vizinhança que até para eu saber o seu primeiro nome foi difícil. Dos poucos que julgavam saber o seu apelido apenas o conheciam por Martins. Encontrei um confinante que disse que lhe parecia ser Joaquim.
Joaquim Alberto de Jesus Martins, de 57 anos de idade, era proprietário de duas lojas de flores na Baixa. Uma no gaveto que divide as Ruas do Corvo e Eduardo Coelho –e com frente para o Largo do Poço- e outra no shopping da Sofia –com frente para a rua com o mesmo nome. Embora tivesse começado na Praça do Comércio numa pequena entrada de um prédio, foi alargando o seu negócio e acabou estabelecido nestes pontos de venda. A mudança teria ocorrido há cerca de uma dezena de anos. Mas, afinal, o que se passou para o Martins ter colocado termo à vida? Falei com várias pessoas que, pedindo o anonimato, o conheciam relativamente bem e todos foram unânimes em afirmar que era uma pessoa pouco comunicativa, muito introvertida, mas bom homem. Um seu fornecedor, com pesar, transmitiu-me: “nem sei o que lhe diga! Ainda antes de ontem estive a falar com ele. Parecia muito bem. Até me disse que lhe parecia que o negócio estava a começar a subir. Quem entende uma coisa destas?”
Uma outra mais próxima ainda, no centro comercial Sofia, acrescentou que “estou espantada! Estou em choque! Ninguém esperava uma coisa destas! O senhor Martins tinha um aneurisma na cabeça e foi operado há vários anos. Neste último começou a piorar e, creio, voltou a ser intervencionado. Nos últimos tempos notava-se muito abatido. Segundo se consta aqui no centro comercial, ontem teria tido uma descarga pela uretra e, na casa-de-banho, foi sangue por todo o lado. Não se sabe bem, supõem-se, teria ficado em pânico. Disse à esposa que se sentia muito cansado e iria para casa descansar, para a Pampilhosa do Botão, Mealhada, onde residiam. Passado um bocado, teria sido uma vizinha que alertou a Dona Augusta, a agora viúva, para o sucedido. Uma tristeza, senhor!”
Se posso escrever assim, em nome dos seus colegas comerciantes, na Rua Eduardo Coelho e no Centro Comercial Sofia, em nome de toda a Baixa, um profundo lamento pelo acontecimento trágico. À viúva, Augusta Martins, e ao filho, Braulio Cunha, nesta hora de profundo pesar, um grande abraço de solidariedade e os nossos mais profundos sentimentos. Para o Martins, que já lá vai, até sempre e que descanse em paz!


P.S. -O corpo estará amanhã em câmara ardente na capela mortuária da Pampilhosa a partir das 11h00. Pelas 16h00, na igreja local, será celebrada missa de corpo-presente e seguidamente o féretro seguirá para o cemitério da mesma localidade.




Sem comentários: