sexta-feira, 11 de setembro de 2015

FALECEU O MONTEIRO, DOS RETRATOS






Como já vem sendo hábito, nas colunas da partida sem regresso que se multiplicam pela zona histórica –a talhe de foice, era altura de se dar outra dignidade ao local onde são colados estes anúncios- fui hoje surpreendido pelo desaparecimento de Mário Duarte Monteiro, de 73 anos. Embora o conhecesse mal, durante décadas, foi dono da Foto Monteiro, na Baixa, e um nome grande na fotografia em Coimbra.
Pedi a um colega de profissão, o Mário Afonso que conviveu com o finado mais do que eu, que me desse umas palavras acerca do grande retratista. Diz o Mário: “embora não tivesse muita confiança com ele, falei e fui várias vezes ao seu estabelecimento. Foi um nome muito prestigiado na fotografia, em Coimbra. Enquanto fotógrafo do mesmo ofício do Monteiro, lamento profundamente a forma como esta sociedade hodierna trata quem levou uma vida a servir os outros. Ainda que legitimamente se procure o lado egoísta, já que ainda não se inventou outra fonte de rendimento que não seja o trabalho, os artistas –porque um fotógrafo é e será sempre um criador-, que se dedicam a uma causa, na generalidade e salvo excepções de origem particular, são simplesmente esquecidos pela cidade que os acolheu e eles, na sua função, tanto deram para que  a urbe fosse reconhecida no país e no estrangeiro. É uma pena que o poder político só tenha olhos para os seus, os da sua classe, e despreze os pequenos que, em esforço de formiga, ajudaram a projectar Coimbra no mundo. No mínimo, deveriam merecer uma pequena homenagem póstuma.”
Se posso escrever assim, em nome dos poucos fotógrafos ainda em actividade, em nome de toda a Baixa, para a família enlutada, pelo falecimento do seu ente querido, os nossos sentidos pêsames.


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