segunda-feira, 20 de julho de 2015

O QUE É QUE SE PASSA COM OS NOSSOS FILHOS?





Neste Sábado, último, a RTP Informação passou uma reportagem inserida na rubrica “Linha da Frente”, realizada em Setembro de 2014 no Algarve, com o título “Noites Loucas”. O vídeo, com cerca de trinta minutos, mostrava como, sobretudo os jovens, nacionais e estrangeiros, se enfrascam até caírem redondos no chão.
Se é certo que, maioritariamente mas não todos, aos 20 anos somos partidários de experiências arrojadas no fio da navalha, aos 40 já olhamos para o que fizemos uma vintena de anos antes com distância e aos 60 já colocamos as mãos na cabeça perante os jovens que fazem o mesmo que nós fizemos. Mas, parece-me e correndo o risco elevado de ser tomado como velho, nas últimas décadas, estamos a assistir a um acentuado resvalar pelo cano, para o facilitismo do álcool e das drogas.
Os Estados, mais propriamente os governos, em nome de uma intocável liberdade individual dividem-se entre o deixar fazer –desde que esta liberdade não fira a do próximo- e um regredir, um voltar atrás nesta permissão, tornando-se cada vez mais paternalistas e invasores até de uma decisão íntima que, se estivéssemos perante pessoas de vontade responsável, deveria ser considerada atrofiadora.
Então, perante esta ambiguidade de critérios, o que estará certo? No primeiro preceito, em nome da tal liberdade intrínseca, devem os Estados deixar, sem interferir, que cada cidadão escolha o seu próprio caminho, mesmo que a sua estrada seja de perdição no consumo de drogas? Porque, pensemos, qual é a norma? Desde que ninguém se sinta prejudicado e não se queixe de um comportamento lesivo de interesses, uma pessoa, mesmo em processo auto-destrutivo que vai mais tarde implicar uma despesa brutal ao Serviço Nacional de Saúde, entre os lamentos de “ai coitadinho!”, dividindo as opiniões públicas entre a simpatia, a compaixão e o desprezo, vai passando pela colectividade como se fosse invisível. Na rectaguarda destes disfuncionais, perdida e sem saber como lidar com estas psicopatias, está sempre a família. Numa moral algo duvidosa de bode espiatório, em que se responsabiliza por uma educação deficiente, é para esta célula que se reporta a culpa do comportamento desviante. Mas, perante a opção deliberada do libertino –vamos chamar-lhe assim-, não querendo ele qualquer tipo de ajuda, o que pode fazer a família se não assistir impotente a este processo de destruição? E mais uma vez a interrogação: o que se pode fazer para evitar um destino inevitável, que é a morte a médio prazo? Deveriam ser criados, ou não, mecanismos legais para evitar este epílogo anunciado? Deveria a lei ser mais restritiva ou nem por isso?
Depois, temos de ver que estas questões que tocam a liberdade individual são sempre analisadas à luz da ideologia. Para a direita, tudo assenta na educação de uma autoridade perdida da família e, a seu ver, o Estado deve apostar na formação de adultos, recuperar o domínio e ter mão pesada para os incumpridores. É frontalmente contra o casamento homossexual e considera uma aberração. O divórcio é considerado um atentado à prole e no aborto em qualquer circunstância ofensa à multiplicação da espécie.
Para o centro –se é que existe-, que assenta numa ambiguidade dividida entre os opostos com uma perna na direita e outra na esquerda, liberal e mais crente na responsabilidade individual mas nem por isso a ponto de lhe dar corda solta, dá com uma mão e retira com a outra. No divórcio vai de arrasto pela teoria esquerdista e no aborto diz “nim”. O casamento homossexual é um espinho cravado na santa aliança. Umas vezes defende a identidade e liberdade individual para, a seguir, pugnar por medidas intrusivas que entram na exclusiva esfera pessoal.
Já a esquerda aposta tudo na liberdade de cada um. Considera que é um direito adquirido à nascença sem discussão. Cada cidadão é pessoa de dignidade e livre de optar pelo que quer beber, fumar, inalar e injectar. É assim que a teoria marxista-leninista defende a total liberalização de todas as drogas, leves e pesadas. O casamento homossexual e a co-adopção são regras elementares numa sociedade heterodoxa e não amarrada a dogmas religiosos.
Entre todas as opiniões formadas, a meu ver, pelo arrastar cada vez mais da sociedade para os comportamentos desviantes, deveríamos retirar a cabeça da areia, fazendo de conta que nada acontece, e discutir abertamente este problema. Pensemos nisto!


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