quarta-feira, 8 de julho de 2015

O JORNAL DO DIA, UM PALITO E UM COPO DE ÁGUA!






“A empresa municipal Águas de Coimbra desafiou a restauração e hotelaria da cidade a mostrarem as qualidades da água da rede, servindo-a à mesa aos seus clientes e incentivando o consumo”. Extracto retirado da página 6 do Diário as Beiras de hoje e acompanhado com foto onde, para além do presidente da empresa Municipal, Pedro Coimbra, e de um outro podem ver-se dois importantes representantes hoteleiros da Baixa. Todos estão de copo na mão, presumivelmente, a beber água.
Vamos lá ver se eu percebi bem. O presidente das Águas de Coimbra, assim naquela coisa como quem especta uma lança em África, diz aos hoteleiros: “não sirvam água engarrafada mas sim água da torneira aos vossos clientes para incentivar o consumo”. Espere aí, leitor, continuo a não perceber bem. Pedro Coimbra, o presidente da empresa municipal, teria mesmo dito as coisas assim, sem mais nem menos? Não, não pode ser! Ele deveria ter querido dizer aos hoteleiros que dessem água da torneira aos seus fregueses que a empresa a que preside, tendo em conta o momento de grave crise que a hotelaria atravessa, oferecia de desconto metade do consumo. Não foi isto que ele disse? Não? Mau, Maria! Não estou a entender nada disto! E os hoteleiros ainda aplaudiram?
Vou citar um: “É uma iniciativa fantástica. Está provado que temos água de qualidade. Vamos divulgar que a água tem qualidade e deve ser aconselhada”.
Vou citar outro: “Fico satisfeito pela proposta. Os excelentes resultados obtidos pela nossa água só serão facilmente divulgados se trabalharmos em rede”. Aqui, confesso, não sei a que rede se referia. Ou seja, especulando, um cliente chega ao bar dos estabelecimento dos meus até aqui amigos e dirigindo-se ao empregado, proclama: “queria uma água de Luso, se faz favor!”. Diz o funcionário: “O quê? O senhor ainda bebe dessa água que, ainda por cima, tem de pagar? Nada disso! Beba água da torneira, da rede de Coimbra que, para além de excelente qualidade, é de borla! Custa zero. Ouviu? Custa zero!
Ora vamos lá avaliar a situação. Sem ofensa para ninguém. Ouviram bem? Sem ofensa para ninguém, repito. Das duas uma, ou o jovem Pedro Coimbra é um tipo muito persuasivo, sensível à pobreza e esperto –o que nem me surpreende depois de, para além dos juros de mora, acrescentar mais 4,31 euros a quem se atrase no pagamento de facturas de água- e, sei lá com que argumentos conseguiu convencer estes dois hoteleiros a anuir, ou então os representantes da hotelaria disseram o sim com a mesma convicção que o noivo responde à pergunta do sacerdote: “promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando e respeitando até que a morte os separe?”
O ser humano é um ser vivo fantástico que, pelas suas manifestações ambíguas, nunca deixa de me surpreender. Não resisto a contar este caso. Há dias estava presente num determinado local onde, por direito de pagar quotas, sou associado. O que estava em causa era a alteração de estatutos. Salienta-se que, alegadamente por intenção de aprovar no escuro, não foram publicitadas as modificações. De cerca de trinta presentes só menos de meia-dúzia tinham conhecimento das mudanças. É óbvio que aquela aprovação estava ferida de ilegalidade por vício de forma. Chamei a atenção para a ilicitude. Agora pasme-se: a transformação foi aprovada por maioria. Ou seja, para não contrariar nem ficarem malvistos perante o(s) interessado(s), cerca de 25 pessoas maiores, alguns deles funcionários públicos com alguma cultura jurídica, preferiram engolir a indignidade. Para não denunciar a ilegitimidade a quem de direito, optei por abandonar. Engolir sapos a frio, fazendo de mim parvo não é a minha onda. Não é a forma de estar na vida! Não quero amigos que me desconsideram. Para quem fica, se querem assim, que lhes seja feita a vontade e faça bom proveito. Isto é caso raro? Ora, ora! Acontecimentos iguais ao que lá se passou são recorrentes. Eu pergunto: o que é isto?
Voltando à questão da água da torneira aprovada pelos dois hoteleiros, volto a perguntar: o que é isto?

1 comentário:

Super-febras disse...

Amigo:

Foi-me dito por um patrão da indústria hoteleira destas terras onde o seu mar, dantes abundante, hoje pouco bacalhau tem que a cidade de Toronto é por capitã que mais restaurantes possui no todo do Norte da América. Acredito, sem a certeza absoluta, pois confio na fonte.
É engraçado que a primeira coisa que somos servidos à mesa de um restaurante ( não falo dos refeições-rápidas ) e sem a pedir, é um copo de água. Um por cliente ou por vezes uma bilha da mesma em cada mesa. Sim, água da torneira. Água que avisam os médicos e demais "encanudados" a toda a hora, é melhor que a maioria das águas engarrafadas, que devido, primeiro, às filtragens perde conteúdos necessários ao nosso corpo e segundo, como nas maiorias das vezes é engarrafada em vasilha de plástico, é por ela contaminada pois como hoje todos sabemos os componentes do plástico são uma soupa de químicos um bem conhecido comogrande veneno. BPA foi encontrado em elevado grau narina de 93% dos testados no último estudo executado pelo instituto de monitorização e prevenção de doenças dos Estados Unidos . Como já sabemos lá não se tomaram ainda medidas mas ouço dizer que no Reino Unido já assim não é ou se caminha para assim não ser. PBAs estão ligados principalmente a impotência sexual masculina e as deficiências que algumas crianças possuem ao nascer, especialmente o autismo.
E também de realçar na hotelaria de Toronto os restaurantes portugueses. Boa comida, em boa quantidade, gabada por todos e aprecendo nos jornais diários a miúdo que muito a recomendam e exaltam. Mas estes não vão na conversa, tal e qual o amigo julga e diz. Nos restaurantes da nossa comunidade quando pedimos uma água logo nos é servida com todas as vênias que geralmente se reservam a um Bordeaux de mil novecentos e troca o passo, uma garrafa de água! Água na maioria proveniente da Europa a 7 mil kilometros de distância transportada pela energia do Ouro Negro engarrafada em derivados do mesmo.

Velhos hábitos, neste caso maus, custam a morrer.

Um abraço e sendo meu nunca plastificado
Álvaro José da Silva Pratas Leitão