segunda-feira, 8 de junho de 2015

PORTUGAL, UM BOM PAÍS PARA ANIMAIS




A notícia está aí para quem a quiser entender: “Lince Ibérico regressa a Portugal após percorrer centenas de quilómetros e atravessar rio a nado”. Lembro que estes dois felinos foram criados em cativeiro e, segundo reza a história, foram soltos em Maio, em Espanha e, conforme se escreve, um deles, depois de percorrer mais de quinhentos quilómetros, regressou.
Para aqueles maledicentes do costume, assim parecidos com a fronha do “Velho do Restelo”, que só vêem desgraça e coisas do pior, esta peregrinação desvenda que o nosso país é cada vez melhor para os animais cá viverem. Numa altura em que as bocas da reacção destilam veneno contra o Governo por ter incentivado a emigração, este comportamento do bicho, ipsis verbis, preto no branco, vem mostrar que o rectângulo não é tão mau conforme o pintam.
É certo que, no limite poderemos estar em face da síndrome de Estocolmo –patologia psiquiátrica que se desenvolve num indivíduo submetido a um tempo prolongado de intimidação e em que, alterando o seu estado psicológico particular, passa a ter simpatia, amor ou amizade, pelo seu agressor e sequestrador. Ora, em silogismo, embora pense que o comportamento do lince ibérico comparado com o humano ainda não esteja suficientemente estudado mas, se os ratos procedem do mesmo modo, está de ver que, na mesma percentagem, dos cerca de trezentos mil emigrantes portugueses que voaram para outras paragens, metade vai regressar a Portugal. Portanto, o Governo pode perfeitamente desmontar, com factos, as tramoias continuadas da oposição. Portugal é mesmo uma terra de excelência para todos os animais, incluindo os mais inteligentes –está de ver que o lince que por lá ficou e não regressou era mais que estúpido, era um asno em forma de gato. Se fossem precisos mais argumentos atentemos que temos um Coelho à frente do executivo.
Por acaso ninguém liga ao que escrevo –nem estranho, já que os perspicazes estão todos na prateleira à espera de uma oportunidade-, mas se eu mandasse, pegando neste exemplo do lince, começava a fazer lá fora, na “estranja”, políticas migratórias para fazer de Portugal uma colónia para animais de quatro patas. Pegando no discurso do Presidente da República, Cavaco Silva, em que defende que devemos retornar à agricultura –depois dele ter sido um obreiro no arrumar das enxadas pelos calaceiros do campo, mas isso não é para aqui chamado-, está de ver que precisamos é de animais para fazer estrume. Não precisamos de ser a terra prometida para os migrantes do mediterrâneo, nada disso! Necessitamos é de animais. E a procura mal chega para a oferta. A moda até já está implantada aqui na Baixa da cidade. Quem quiser ver belas cagadas na calçada, venha cá dar uma volta, à noite e durante o dia, e verificará que a salvação do país está nos animais. Porque é que só eu vejo isto? Porque sou sobredotado, obviamente!



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