sexta-feira, 17 de abril de 2015

CMC: QUEIRÓS & NÓS

(Foto do Diário de Coimbra)




A última sessão do executivo municipal, realizada na última segunda-feira 13, foi controversa. Entre as várias propostas levadas à mesa uma provocou acesa discussão. Tratava-se de renovar o contrato, por ajuste directo, de serviços de uma sociedade prestadora de assessoria de comunicação, a “Valor de Fundo”, empresa que, “segundo o portal Notícias de Coimbra, os seus proprietários intervieram na campanha inerente à eleição de Manuel Machado”. Por outro lado, no debate prévio, iniciado por Manuel Machado e líder do PS que governa a edilidade, a questão colocada pela oposição foi, por um lado, inventariar os serviços prestados no que fora feito até aí pela “Valor de Fundo”, por outro, rebater a imprescindibilidade de um serviço que já estava a ser feito por um assessor de imprensa, Aníbal Rodrigues (ex-jornalista do Jornal Público), e também que a própria autarquia possui ao seu serviço cerca de uma dezena de funcionários ligados à comunicação. Por tudo isto, que argumentos poderiam justificar a contratação da “Valor de Fundo, por mais um ano, na importância de 40,000 euros?
De alegação em alegação, contra a proposta levada à mesa pelo presidente da Câmara, a oposição fez o seu trabalho e, segundo o semanário Campeão das Províncias, “o negócio esteve tremido, mas uma conversa entre o líder do Município e o vereador da CDU, ocorrida fora da sala de sessões, terá sido determinante para a abstenção de Francisco Queirós. “Tenho dificuldade em dizer que a Câmara Municipal de Coimbra pode continuar a fazer aquilo que não sei o que é”, afirmara o autarca comunista antes de se ausentar da sala de reuniões para conversar com Manuel Machado. Mas isso foi antes. Na hora da votação, o vereador da CDU, com o pelouro da Habitação, foi o único da dita oposição a viabilizar o voto de qualidade do presidente da Câmara.”
Porque é preciso esclarecer a opinião pública, por que os munícipes pedem uma explicação cabal, remeti, por escrito, três perguntas a Francisco Queirós e, na volta do correio, recebi as suas respostas. Ei-las:

Pergunta: o que o levou a abster-se depois de se manifestar apreensivo?
Resposta: o que foi descrito como tendo ocorrido está profundamente ficcionado. Não saí da sala acompanhado pelo presidente. Como é natural procuro sair o menos possível da sala de reuniões. Só o faço por motivos de força maior. Atender um telefonema ou algo semelhante. E, evidentemente, porque mesmo um comunista tem bexiga e próstata… Assim, numa reunião que começou às 15h00 e terminou cerca das 21h30, terei saído da sala duas ou três vezes pelo tempo necessário…
Quanto à questão: nada tenho contra a promoção da imagem da cidade, tanto mais necessária quando é Património da Humanidade e tem para abrir em breve um equipamento como o Convento de São Francisco. Coloquei diversas dúvidas relativamente a questões processuais e de total clareza, sobre quem deve fazer essa promoção e sobretudo como será feita. Deve sê-lo com total transparência e prestação regular do exercício. Algumas das minhas apreensões foram respondidas. O "ajuste" obrigatoriamente terá de ter o relatório de actividades.
Acrescento que a questão dos ajustes directos é habitualmente mal colocada. Há questões que devem ser motivo de concurso público. A lei a tal obriga e os princípios que defendo também. Contudo, refira-se ainda que as actuais regras e normas legais dos próprios concursos públicos deixam muito a desejar quanto ao que se deve esperar do serviço a prestar aos cidadãos. Nem sempre o preço mais baixo é o melhor. E uma empresa que manifestamente não cumpre pode "ganhar" um concurso. A CDU e o PCP há muito que defendem a alteração da legislação. Há situações em que é preciso existir confiança técnica na empresa a contratar e isso não está garantido pelo actual enquadramento legal. Por exemplo, uma empresa que vença um concurso por apresentar um preço mais baixo é muitas vezes uma empresa que não cumpre as suas obrigações para com os seus trabalhadores. E não há, no actual quadro, como a impedir de concorrer.
P: há ou não uma “santa aliança” entre a CDU e o PS na Câmara Municipal de Coimbra?
R: Quanto à aliança vodka/laranja, perdão, com o PS é ficção. Não houve qualquer acordo com o PSD antes e não há qualquer acordo com o PS. Só com a população da cidade. Essa sim é a aliança sagrada.
P: pela sua abstenção em alguns ajustes directos polémicos, que tem permitido a sua aprovação, não teme que a CDU saia chamuscada no seu necessário e legítimo papel de oposição no executivo?
R: Não, não temo. Desenvolvo o meu mandato em consciência. Só estou ao serviço do povo que me elegeu e só aos munícipes presto contas. A CDU, Coligação Democrática Unitária, é uma aliança entre dois partidos o PCP e o PEV, Partido Ecologista “Os Verdes”. Mas é muito mais do que isso, é uma aliança com as populações. A CDU é uma filosofia de vida.

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