terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A ARTE E MANHA DO TESO



Há dias, na tasca onde almoço diariamente, apreciei o desenrascanço, o desembaraço, de um sujeito que conheço aqui das ruas, por me cruzar várias vezes por ele.
O homem entrou com cara granítica, de mau humor, e chamou pela dona do estabelecimento. “Estou muito aborrecido, sabe?” –interrogou. Vieram-me dizer que a senhora contou que eu estou aqui a dever uma conta grande. É verdade? Quanto muito, creio, serão uns dois euros! Aliás, ainda não paguei porque estive internado no hospital. A senhora soube? Dê-me um copo, se faz favor!” –ordenou. E a mulher deu. “Com franqueza, não está certo! Quem ouvir até há-de pensar que não pago as minhas contas! A senhora sabe que eu sou certinho, não sabe?” –a patroa, meia encavacada pela audácia do homem, lá ia dizendo que sim, que ele era sério, e que não mandou recados e que quando falava era de olhos-nos-olhos.
O homem acabou de beber o vinho do copo e perguntou: então, diga-me quanto lhe devo agora? “Dois euros e cinquenta”, respondeu a visada. “Está bem, então aponte aí que amanhã ou depois pago. E faça o favor de não mandar mensagens a ninguém! Eu sou muito sério! Que diabo!?!”

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