segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O ACESSO AO JARDIM DO ÉDEN





Não se sabe muito bem a razão mas muitos dos turistas que saem do posto do turismo do Largo da Portagem e pretendem entrar para o Jardim Botânico, em vez de irem para a Alta, para os Arcos do Jardim, deslocam-se para o fundo da Rua da Alegria, junto às Águas de Coimbra –outrora houve ali um acesso directo ao grande jardim da Universidade de Coimbra, fundado pelo Marquês de Pombal, em 1772, desenvolvido por Domingos Vandelli e apoiado pelo naturalista e botânico Avelar Brotero. Hoje, junto às instalações da EDP, um grande portão em ferro trabalhado artisticamente permanece encerrado e veda um caminho largo até ao jardim dos Arcos. Segundo uma testemunha que pediu o anonimato e que trabalha ao lado do acesso, durante o Verão, diariamente, cerca de duas dezenas de visitantes dão de chofre e voltam para trás. Mesmo agora, no Outono, é normal ver miúdos a escalar, a subir e a descer, a grande porta negra. No turismo, no Largo da Portagem, sabem que é assim mas não têm explicação plausível. É provável que em antigos roteiros da cidade, e em posse de guias internacionais, ainda conste a entrada para o nosso importante jardim pela Baixa da cidade.
Em Dezembro, do ano passado, por alturas do Natal e aquando da reactivação do elevador do Mercado, que liga o Mercado Dom Pedro V à Rua Padre António Vieira, Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), afirmou estar a estudar a hipótese de ligar a Alta à Baixa através de um funicular, um  elevador eléctrico, que funcionasse entre o Parque Verde e a Universidade, passando pelo Jardim Botânico.
Um ano passou e, aparentemente, tudo continua igual. Será assim? Ou haverá planos para abrir a entrada dentro em breve? Fui colocar a questão a Paulo Trincão, o director do Jardim Botânico há cerca de dois anos. Trincão, outrora director do desaparecido Museu da Ciência e da Técnica -que, sou testemunha, com muita mágoa assistiu ao desmembramento e divisão do seu acervo-, personalidade sobejamente conhecida na cidade e profundamente interessada no seu progresso, desenvolvimento e cultura, naturalmente que saberá o que se passa. Conte-nos, professor, o ingresso ao grande jardim pela Baixa alguma vez voltará a ser uma realidade?
“Vai sim! A comunicação pela Baixa será uma certeza! No último 4 de Julho foi assumido um protocolo entre a autarquia e a Universidade de Coimbra (UC) para a requalificação dos caminhos e iluminação pública do Jardim Botânico. Por fases, iremos encerrar o horto durante vários meses. Aproveitando os incentivos do QREN, Quadro de Referência Estratégica Nacional, penso que para finais do próximo ano, e depois de todos os melhoramentos, estará tudo concluído. Se tudo correr bem, ainda neste próximo mês de Dezembro iniciaremos as obras. Vamos modernizar sem alterar a essência, a matriz do jardim. Iremos criar um corredor de circulação que valorize o Jardim Botânico mas sem esquecer o Parque Verde e o Museu da Água, na Baixa, bem como toda a área envolvente, e a Alta com toda a sua monumentalidade. Dentro em breve teremos um segundo Anel Verde na cidade.
Este protocolo, para além de envolver a CMC e a UC, é uma parceria entre várias entidades como, por exemplo, as Águas de Coimbra. Posso garantir que este projecto vai agradar. Temos tido um espectacular relacionamento com a edilidade, sobretudo com este novo executivo. Não quero dizer que com o anterior, liderado por Barbosa de Melo, não tivesse havido entendimento. Houve sempre. Porém, faltou a vontade de o passar à prática. Com a administração de Manuel Machado, sem delongas, sem prorrogações, entrámos directamente no protocolo. É um caso de modelo exemplar e de eficácia entre os vários parceiros. Sinto-me muito satisfeito por saber que, também, estou a contribuir para uma melhoria importante para Coimbra. Você conhece-me há muitos anos e sabe o quanto sinto o pulsar da Baixa. Estou muito empolgado, acredite!”


1 comentário:

São Rosas disse...

Finalmente. Era um desperdício, este acesso vedado.