terça-feira, 21 de outubro de 2014

"MALDITO TELEFONE! OU CAGAS MOEDAS OU LIXO-TE!"




Diariamente, a cabine telefónica, junto ao antigo pronto-a-vestir Infinito e em frente ao snack-bar Marcius, a meio da Rua da Sofia, para largar umas moedas a bem ou a mal, é tosada com tal ferocidade que até da pena. Há dias escrevi aqui um pequeno texto sobre este caso de violência comunicacional. Os comerciantes em redor já se habituaram de tal maneira que já nem reagem ao ilusório sofrimento da coisa.
Hoje, por volta das 14h00, uma mulher, que embora bem-vestida prenunciava ser toxicodependente, começou a ensaiar o assédio. No princípio foram uns beijinhos com uns murros mas o telefone, mais teimoso que uma mula, deu em não ceder à chantagem emocional. A rapariga, certamente a pensar como a Comissão Europeia que há sempre modos de espremer mais os portugueses, não foi de modos foi buscar uma cavilha comprida mas a cabine, a fazer lembrar um beirão de pelo na benta, não cedeu. Mas a cobradora de níqueis, pelos vistos, também tinha feito uma promessa de que só saía dali com umas moedinhas, não foi de modas e agarrou num grande calhau e zumba, zumba e zumba! E a pobre cabina, vítima da endemoninhada e do ostracismo a que foi votada por todos em redor, lá oscilava para um lado e para outro, mas sem um ai! O barulho era bem audível à distância.
E eu, que sempre tive costela de herói e levo a cidadania muito a peito, a ver o ensaio de pancada e a fazer contas à vida. Se vou lá ter com a fulana vamos ter chatice da grossa e, como sempre, acabo mal, pensei cá com os meus botões. Não! Vou mas é deixar o caso para quem sabe e é especialista na matéria: a PSP. Além disso, a mártire está a cerca de uma centena de metros da 2.ª Esquadra. Às 14h15 liguei para o 112 e contei que era um caso de polícia e não de emergência médica. Esperei dez minutos e a PSP não apareceu. Segundo uma comerciante vizinha, chegou às 14h30. Ou seja, um quarto de hora depois. Os agentes pararam junto da padecente cabina e esta, se calhar com medo de apanhar mais, não falou e da energúmena nem sombra.
Resultado final: arquive-se a participação por insuficiência de prova material e falta de queixa da vítima.

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