terça-feira, 2 de setembro de 2014

EDITORIAL: BURROCRACIAS

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


Ficámos a saber hoje, terça-feira, pelos diários da cidade, que o concurso de adjudicação do Café Cartola, na Praça da República, foi anulado por vício processual. Até aqui, embora se lamente e alguém deva ser responsabilizado por isto, penso eu, tudo mais ou menos normal. Se eu transcrever a notícia publicada do facto deste espaço camarário ter sido concessionado pela importância de 12 mil euros continuo a chover no molhado. Até agora nada tem de importante que requeira dois olhares ou faça saltar os olhos do leitor.
Imaginemos, eu escrevia que o penúltimo concessionário deveria pagar, por contrato, cerca de 1500 euros mensais e, alegadamente depois de ter cravado a autarquia com uma insolvência, não pagou e, segundo a imprensa, foram-lhe perdoados vários milhares de euros. Imaginemos ainda que continuava a escrever que, depois de novo concurso, ao último adjudicado foi atribuído o negócio por cerca de 14 mil euros e também não cumpriu. Ficaram em débito cerca de 100 mil euros e com uma caução de trinta mil –ou seja setenta mil vai pagar o “Zé”. Perante estes desaires, não é preciso ser empresário espertalhão para verificar que, perante os valores incomportáveis a raiar o escândalo, estamos perante uma espécie de visão de óptica e seguida de poço da morte. Ora o que fez novamente o executivo camarário? Numa irresponsabilidade, voltou a abrir concurso e aceitou uma oferta de 12 mil euros. As perguntas são simples e directas. A primeira: quem é o especulador e louco? O empresário ou a autarquia? A segunda: será que os senhores vereadores e presidente incluído não teriam perdido o bom senso e estarão a brincar com o nosso dinheiro?



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