quinta-feira, 7 de agosto de 2014

UMA ESTÁTUA PARA MACHADO

(Imagem da Web)


“Mais uma machadada (do Machado) por aqui... qualquer dia vou ter contigo mano... http://questoesnacionais.blogspot.pt/2014/08/o-continente-pode-ou-nao-submergir-baixa.html

 Este desabafo foi publicado no Facebook por Ilda Pinto, membro de uma família respeitabilíssima de comerciantes com duas lojas na Baixa da cidade. Para melhor se entender este sofrimento expresso nesta frase, saliento que o seu mano, Guilherme Pinto –um bom amigo e que de aqui envio um apertado abraço-, devido à actual conjuntura económica do País e mais concretamente desta zona antiga, foi trabalhar para o Brasil acompanhado da esposa.
Informo também que a “machadada (do Machado)”, narrada no texto de grande angústia e padecimento, refere Manuel Machado, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), que, curiosamente, foi também este edil que no início de 1990 licenciou as primeiras grandes superfícies para a cidade. A Makro e o Continente, ambos no Vale das Flores, abriram em 1993. Não sei se Machado se honra muito com o seu acto. Conforme se extrai do desabafo de Ilda Pinto, tenho a certeza que para os comerciantes da Baixa este homem deveria ter direito a uma estátua no Largo da Portagem, a substituir Joaquim António de Aguiar, como o coveiro do comércio tradicional. Porém, por que me penso na conta de honesto e também porque já escrevi isto mesmo –e, diariamente, tento ter apenas uma só cara- tenho de escrever que este homem, Manuel Machado, actual presidente da autarquia de Coimbra, foi apanhado em duas situações circunstanciais e a nenhuma delas, creio, poderia ter deliberado de outro modo. Já vou explicar melhor, mas admito que estou a ser demasiado inocente. Se estou, penitencio-me. Pelo menos escrevo o que penso e não o que seria politicamente correcto expressar. Uma pessoa vale pela honestidade. É assim que me coloco nesta vida.
E agora sim vou mostrar porque é que Machado, tendo em conta a circunstância de 1990 e a de agora, não poderia decidir de outro modo. Na última década do anterior século o comércio estava muito concentrado na Baixa. Algumas cidades em redor, como por exemplo Leiria, já detinham uma grande superfície. Ora em Coimbra os consumidores ansiavam por esta novidade e descentralização comercial. Ou seja, quero dizer que se eu fosse presidente da Câmara Municipal de Coimbra nessa altura, tal como Machado, eu teria licenciado aquelas duas grandes superfícies. Quanto a mim, o problema da destruição do comércio de rua na cidade não residiu na autorização destes dois hipermercados mas sim na grande quantidade de licenciamentos que vieram a seguir –Machado saiu da CMC em 2001 mas deixou já o terreno aplanado para novas grandes superfícies e que vieram a ser autorizadas pela “Coligação por Coimbra”, tendo à frente Carlos Encarnação, que concedeu abertura a mais uma meia-dúzia de grandes áreas comerciais.
Nesta agora autorização concedida, por Machado, ao Modelo e Continente para se instalar na Auto-Industrial, em pleno coração da Baixa, tenho forte convicção de que perante o prescrito no Decreto-Lei nº 21/2009, inserida no espírito do “Simplex” e lei publicada no reinado de Sócrates, o agora homem forte da Associação de Municípios e cortador de fitas não poderia fazer outra coisa a não ser deixar instalar. Estou errado? É bem provável! Mas não deixe de passar os olhos na lei que anuncia a COMAC, Comissão de Autorização Comercial, nos artigos 11 e seguintes.

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