segunda-feira, 28 de julho de 2014

UM GRANDE ARTISTA QUE PARTIU







Partiu ontem deste nosso mundo de humanos animados Francisco Filipe Martins, um dos grandes guitarristas e compositor da Lusa Atenas. Ao que sei era um virtuoso da guitarra. Não o conheci pessoalmente. Coimbra, pela grande perda cultural, está mais pobre. Convém dizer que, salvo erro, as únicas homenagens que lhe foram prestadas ainda com vida provieram de uma página no Facebook criada por amigos e admiradores do grande músico e denominada de "Grupo de Amigos de Francisco Martins" e de Emília Martins, presidente da direcção da Orquestra Clássica do Centro (OCC), em Outubro de 2009 e Dezembro de 2012.
Como já é normal, para o ano, provavelmente, a família irá ser agraciada com uma homenagem a título póstumo materializada numa condecoração no Dia da Cidade. No limite ser-lhe-á atribuída uma placa toponímica numa rua, com o seu nome, e que de aqui a uns anos já ninguém sabe quem foi nem o que fez pela vida pública. Já escrevi alguns textos sobre isto mesmo, a pergunta que deixo no ar é a razão de se continuar a atribuir medalhas a esmo, no todo nacional –no Dia de Portugal- e na parte local, tantas vezes a pessoas que pouco ou nada fizeram pela comunidade e, noutras, esquecendo personalidades relevantes na história dos sítios.
Seguindo o exemplo dos Estados Unidos para os artistas, porque não se consagram “aqueles que da lei da morte se libertam”, perpetuando em vida o seu nome e a sua obra, no chão em forma de estrela, nos passeios de uma rua designada para o efeito?
À família enlutada de Francisco Martins, em nome de todos, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames.
Em jeito de memória, deixo uma crónica de Mário Nunes –também já falecido e que, durante vários anos, foi vereador da Câmara Municipal de Coimbra-, publicada no Diário as Beiras, em Dezembro de 2012, e que transcreve o seguinte:
“(...) Neste gesto de paz e esperança a OCC, dirigida pela incansável e criativa Emília Martins, agendou homenagem ao lídimo cultor da guitarra de Coimbra, Francisco Martins, corolário do tributo que lhe fora prestado em Outubro de 2009, então com a presença de grandes vultos da vida política, social e musical de Coimbra, numa organização, também, da OCC. O Pavilhão Centro de Portugal foi o espaço ideal para a homenagem. Estivemos no encontro cultural e testemunhámos que o valor e apreço de e por Francisco Martins é sobejamente reconfortante. As intervenções dos oradores com saliência para Rui Pato e Carlos Encarnação, acrescidas da leitura de poemas por Carlos Carranca, dos acordes de guitarra de Octávio Sérgio e Rui Pato, dos sons de piano por José Martins e da voz de José Miguel Baptista no “Epigrama para uma despedida”, completadas com a intervenção da Presidente da Direção da Orquestra, carregada de emoção, marcaram momentos sublimes de exaltação ao homenageado e evidenciaram atitudes de reconhecimento cultural e humanístico, que muito honram a cultura e a Canção de Coimbra."



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