sexta-feira, 9 de maio de 2014

UM ANJO ESTENDEU-ME A MÃO

(Imagem da Web)


UM ANJO ESTENDEU-ME A MÃO


Se eu estivesse prontinho para morrer,
e um anjo imaculado me estendesse a mão,
para eu seguir em paz, e ele procurasse saber
qual o meu último desejo de extrema-unção,
confiar-lhe ia que muito adorava ter o prazer
de ter nos braços uma dama com coração,
olhos verdes e pele sedosa de estremecer,
com rosto de boneca de porcelana de Cantão,
beijar seus cabelos prateados  de esconder,
colar meus lábios nos dela em completa fusão,
abraçar seu corpo trémulo e nele me perder,
dançarmos à luz da lua como loucos sem razão,
deslizando fustigados pelas bátegas do chover,
nas pedras da calçada de uma praça de ficção,
avistados por andorinhas nos beirais a adormecer,
e uma velha a espreitar com um rosário na mão,
rogando a Deus clemência, para Ele se compadecer,
por estes pecadores alienados, envolvidos na paixão,
se assim fosse, morreria alegremente sem me aborrecer.




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