quinta-feira, 13 de março de 2014

A ÚLTIMA TREMOCEIRA FEZ ANOS



Baptizei-a de última tremoceira por vender na Baixa, há mais de meio século, o famoso acepipe. Maria Adelaide está sempre presente na Praça 8 de Maio rodeada de tremoços, amendoins, pistachos e pinhoadas. No outono e no inverno vende castanhas e nos restantes meses do ano vira-se então para o petisco tão próprio das cervejarias portuguesas. Com o seu inconfundível lenço floreado na cabeça Adelaide é uma reconhecida figura típica desta zona antiga.
Mas o que me levou a escrever sobre a mulher mais querida do Centro Histórico não foi contar a sua vida, até porque já escrevi montanhas de crónicas sobre a sua pessoa. É que ontem a nossa Adelaide fez 90 anos. Como se fosse a coisa mais banal do mundo não liga muito ao facto. Apenas pede a Deus saúde para continuar a trabalhar. Debaixo de um sorriso matreiro lá vai enfatizando: “vou continuar a trabalhar até morrer. A minha médica não quer que eu esteja parada – porque já estive acamada quatro meses e, por isso, ia batendo a caçoleta. Gosto muito de trabalhar, menino! Que quer? É um vício que está cá na cachimónia! Pela alminha do meu falecido marido, que foi sacristão na Igreja de São Tiago e com certeza deve estar no céu!”

Sem comentários: