sábado, 14 de dezembro de 2013

"RECORDAÇÃO"

(Imagem da Web)

“RECORDAÇÃO”


POR ZÉ DA BRENHA

“Fui um dia de mansinho
ao sótão dos trastes velhos
tentar reviver sozinho
o já distante caminho
que me separa de mim;
Degraus velhos, carcomidos,
o ranger da fechadura,
os gonzos apodrecidos,
o bafio dos tempos idos
impregnados de ausência
eram a certeza dura
da minha vida em falência;
Entrei…
Reinava a desolação, a agonia.
e tudo o dantes era o meu mundo de quimera,
jazia só,
em contornos imprecisos
sob montanhas de pó;
Silêncio…
Envolto em recordação,
arquitectura de delicados fios dourados
envolviam a moldura de sonho leve e candura
que foram tempos passados;
O Pião de tão lindas melodias,
como eu ficava contente
quando ele girava, girava,
 velozmente...
Agora sou eu que giro mas…
de maneira diferente;
O triciclo já sem rodas…
das corridas no jardim
dessa alegria sem par,
hoje corro atrás de mim
sem as conseguir agarrar!
O carro da bomba, vermelho,
sem bombeiros,
desmanteladas as rodas
em três bocados a escada.
Talvez por isso, talvez;
que ao cimo não chegarei
de tão íngreme escalada;
E aquele aeroplano
que me fizera o avô
e que tão alto subia?
Jaz sem asas e sem leme.
Quis voar também um dia
 e as minhas asas quebradas
por lhe faltarem as forças;
Coitadas!...
Não me levaram por cima
dos montes que ao longe via;
Recordações,
bocados do tempo antigo,
retratos velhos,
o baú das ilusões
da minha alma a sorrir.
Tanta, tanta saudade morta,
por detrás daquela porta
que eu não voltarei a abrir!...


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