domingo, 8 de setembro de 2013

CAPITAL DO DESRESPEITO



 Hoje, Domingo, dia 8 de Setembro, o Rancho das Tricanas de Coimbra –uma colectividade da Baixa com mais de sete décadas de existência com  sede na Rua do Moreno- realizou um festival de folclore na Praça do Comércio, com começo às 17h00.
Com um cortejo formado por três grupos convidados, iniciou-se a caminhada junto à Câmara Municipal e, perante imensos turistas a tirarem retratos, seguiu em direcção à antiga Praça Velha, o local habitualmente destinado a manifestações culturais e rodeado com duas igrejas, uma delas, a de São Tiago, que remonta ao século XII. Tudo estaria bem se não fosse o caso de este espectacular e ancestral largo estar pejado de automóveis estacionados. Mesmo junto ao palco havia duas viaturas. Cadeiras e público lá se acomodaram no meio daquela tralha de conspurco e conspirativo visualmente.
Há aqui, nestes continuados abusos, duas premissas que interessa salientar. Por um lado é o atrevimento, a prepotência de quem, sem o mínimo de sensibilidade e respeito por quem se esforça por fazer cultura, acha que o espaço citadino lhe pertence por inteiro e se está a marimbar para os outros. Por outro lado, e este é que gostava de ressalvar, é a manifesta falta de coordenação, e de autoridade, das polícias, PSP, Polícia de Segurança Pública –que tinha por lá dois agentes-, e a Polícia Municipal. Não passaram muitos anos ainda em que casos como estes relatados agora dariam imediatamente origem aos automóveis serem multados e rebocados. Acontece que nem uma coisa nem outra foram feitas. É esta displicência, por parte das autoridades, que agride, provoca raiva em verificar que nada se faz para melhorar as coisas. Se estes prevaricadores diários não vão ao bem o que se espera para ir ao mal?
Todos os dias se escreve na imprensa a falta de autoridade do Estado na segurança de pessoas e bens e visa-se o Governo. Ora, casos como estes de prevaricação tratam-se da directa decisão, pela vontade, dos comandantes distritais destas polícias. As ordens emanadas, da segurança interna local, mesmo sob o âmbito nacional, é da sua inteira responsabilidade. O que transparece é que anda tudo na estrita vontade de Deus. O Criador lá se encarrega de que tudo saia mais ou menos bem, "se Deus Nosso Senhor quiser", crê-se. O desrespeito por quem trabalha está a atingir picos nunca antes concebidos. Já nem vale a pena referenciar o estafado argumento da classificação de Coimbra Património Mundial, atribuído pela Unesco –que, aliás, a impressão que dá é que, se nada for feito, dentro de pouco tempo, será retirada. Basta atentar no continuado estado de sujeira, com sacos de lixo espalhados a qualquer hora pela Baixa.
Ao menos, no mínimo, salvaguarde-se uma necessária consideração pelas pessoas envolvidas em trazer animação gratuita ao Centro Histórico. Tenham dó!

2 comentários:

Anónimo disse...

Tem toda a razão
lute pela cultura da nossa Cidade.
não estava ninguém da Câmara. Não é por acaso. A vereadora da Cultura só aparece para o penacho. O Rancho de Coimbra merece respeito.
Quanto ao comportamento das Polícias no que ao estacionamento na Praça do Comércio é para esquecer.Um autentico escândalo.

Anónimo disse...

Na verdade para a Cultura da Câmara o Rancho de Coimbra é o parente pobre da Cultura Popular.
Veja-se o comportamento desses Sr(s) que não se dignificaram aparecer no Festival de uma colectividade com 75 anos. Será que a sua presença obrigava atribuição de uma medalha?
Pois falta sensibilidade.É pena Sr(a) vereadora que tem as suas raízes na Baixa. Desculpe isso e passado.
Lamento que so da autarquia Freguesia estivesse o Sr.Carlos Clemente de São Bartolomeu.
O Rancho de Coimbra merece respeito e carinho.