quarta-feira, 13 de março de 2013

VALISE SEM CARTEIRAS





 Esta noite, a hora indeterminada, energúmenos assaltaram a montra da Valise, na Rua Adelino Veiga. Com calma –para quê ter pressa, se não há polícia durante a noite e os vizinhos, para além de idosos, contam-se pelos dedos?-  desmontaram uma barra da grade protectora e entraram no espaço reservado a exposição. Ali, no sossego dos anjos, sem afogo, que a vida é curta para quem stressa, retiraram um vidro da calha sem o partir –finalmente estamos perante ladrões conscienciosos, valha-nos isso ao menos- e, como se estivessem no supermercado, de entre um variado sortido, escolheram umas trinta carteiras de senhora e cerca de uma dezenas de porta-moedas. Supondo, presume-se que seria para umas prendas em atraso pelo Dia Internacional da Mulher. Ou, se calhar, como o anúncio na montra noticiava últimos dias a 70%, quem sabe se, apesar desta redução, ainda acharam caro?
Se este caso não fosse demasiado sério, poderíamos especular que só lá faltou o cartãozinho: “desculpe o incómodo. Procurámos ser breves!”
Ao contrário do que se possa pensar, até é de admirar a Baixa estar tão calma na criminalidade contra bens patrimoniais. Quem quiser constatar a escuridão que por aqui vai, basta vir à noite, se tiver coragem, é claro. Sobre este assunto, como maluquinho, há um ano que ando a mandar comunicações para a Câmara Municipal e para a EDP. Ninguém quer saber. Nem a mandá-los para o raio que os parta. Nada os sensibiliza. A Baixa para estes senhores não conta para nada.
Aos pequenos empresários, para se desmotivarem cada vez mais, já não falta nada. Quando é que as autoridades, nomeadamente o Governo através do Ministério da Administração Interna, como lhes compete, olham para quem trabalha? Que futuro resta a quem arrisca tudo, dando emprego a tantas famílias, sem segurança? Valerá a pena continuar a remar neste oceano de infinito e sem terra à vista?
Os assaltos estão aí. Basta abrir o jornal. São lojas, cafés, habitações, armazéns. Sem políticas sociais que valham, interroga-se: o que querem fazer deste pobre país?



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