segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O MEU MELHOR AMIGO MORREU





 Há cerca de oito meses o Daniel Tibério veio ter comigo e disse: “se algo me acontecer proximamente, ajuda a orientar a minha família. Não tenho mais ninguém a quem recorrer. Só tu podes valer à minha Helena e ao meu filho!”. Quase de sorriso nos lábios, o meu melhor amigo confessava-me que tinha um tumor na cabeça, um cancro, como vulgarmente se diz. E para piorar, maligno, em estado avançado e sem possibilidade de intervenção cirúrgica. No último domingo, de manhã, o meu amigo de sempre foi encontrado sem vida, em frente ao seu estabelecimento: o Café Trianon.
Embora tudo leve a crer que foi suicídio –tinha um revólver na mão direita-, tenho as minhas reticências. Não por não crer que foi de facto, sei que foi mesmo, mas porque me nego a acreditar. Não consigo compreender. Há cerca de 15 dias o Daniel esteve a falar comigo e nada fazia adivinhar este final trágico. Mais ainda: se o meu melhor amigo fazia tensões de acabar com a vida, e sabendo que eu seria o amparo da família depois do seu desaparecimento, sobretudo no seu estabelecimento, não seria lógico colocar-me ao corrente de assuntos do seu negócio? Estranho, digo eu que não percebo nada de comportamentos humanos e cada vez me sinto mais perdido no meio dos homens. O que sei é que vou sentir muito a sua falta. Nunca mais terei um amigo assim, um chegado que confiava em mim como já não há hoje igual. A Praça Machado de Assis, onde se situa o Café Trianon, depois da sua partida repentina, nunca mais voltará a ser a mesma. Quanto a mim, tal como lhe prometi em vida, tudo farei para que nada falte aos seus mais próximos, ao seu filho, e sobretudo, ao seu grande amor da sua existência: a sua Helena. “The show must is go one”, o espectáculo tem de continuar. Nesta roda raiada, que é a existência, vão caindo raios e sendo substituídos por outros até ao crepúsculo da vida de cada um de nós. Assim será eternamente. Até sempre, Daniel! Vais fazer-me falta, carago. Ao menos podias ter-te despedido de mim. Pronto!, estás perdoado. Descansa em paz, meu amigo!

5 comentários:

JPG disse...

Lembro-me de ter lido o que aqui deixou sobre o desabafo do Daniel e hoje li a notícia no Diário de Coimbra.

Associei e agora confirmei.

A vida por vezes é madrasta e em algumas ocasiões vai-nos levando "partes" de nós.

Aquele abraço!!!

Sónia da Veiga disse...

Muita força, para si como apoio amigo, e para a família do seu amigo.

LUIS FERNANDES disse...

Obrigado, João Paulo.
Um grande abraço.

LUIS FERNANDES disse...

Obrigada, Sónia. Um grande abraço.

Anónimo disse...

Sentidos pêsames.
O que surge agora dizer-lhe e parafraseando Charles Chaplin: "Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."
Cumprimentos.
Fátima Ferreira

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