sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

UMA NOITE PARA ESQUECER

(Aspecto da Rua das Padeiras às 21h30)

 Este dia de hoje, com mais uma “Noite Branca” em promoção entre os comerciantes e a APBC, Agência Para a Promoção da Baixa de Coimbra, estava contratualizado que se estenderia até às 23h00 com o comércio aberto. Entre a Praça do Comércio e a Praça 8 de Maio, atravessando as ruas estreitas, cerca das 21h30, apenas 9 lojas estiveram prontas a receber o pouco público que ousou calcar as pedras da calçada. No Largo do Poço eram mais os membros do coro do que transeuntes ou lojistas. Nas ruas largas, entre o Largo da Portagem e a Praça 8 de Maio, uma dúzia de estabelecimentos mantiveram o acordado com a agência.
E nem sequer o factor tempo, neste caso, pode ser dado como desculpa. Fosse lá por que São Pedro tivesse um rebate de consciência ou não –depois do dia nebuloso e de chuva "morrinhenta" de hoje-, a verdade é que esteve um resto de dia de temperatura amena e cálida. Como quem diz uma óptima noite para se acabar o dia –e não o mundo conforme estava anunciado pelo calendário Maya.
Então a questão que se coloca é saber se vale a pena continuar a apostar no slogan “Noite Branca”. Fará algum sentido convidar uma série de grupos de coros e ranchos folclóricos para virem animar a Baixa e estarem abertos menos de 20 estabelecimentos? Pode continuar-se a anunciar na imprensa que “a magia de Natal invade a Baixa” com alegria e muito comércio aberto e depois acontecer uma coisa destas? Que ideia leva quem nos visita numa noite destas e que encontra tudo encerrado após lhe ter sido garantido que as lojas estariam prontas para o receber? É certo, volto a repetir, que poucos visitantes, quem sabe já escaldados de outras vezes, responderam ao convite, mas, nem que viesse apenas um, se foram convocados não será obrigação dos lojistas estarem cá para lhes desejarem as boas noites e que voltem mais vezes?
Não se pode continuar nesta apatia e fazer que se faz sem valer a pena. Se os visados, os comerciantes, não querem acabe-se com isto de uma vez por todas e depressa. O que estamos a assistir é uma hipocrisia completa. Ainda há dias conversava com um colega comerciante da Rua das Padeiras que se indignava todo porque a maioria assinava, comprometendo-se a estar aberto, e depois não cumpria. Ora esse mesmo negociante hoje, nesta “Noite Branca” esteve encerrado. Aliás, na Rua das Padeiras nem um só comerciante e casa de hotelaria abriram portas.
Às 22h15, quando o coro convidado para actuar no Largo do Poço começou a cantar melodias de Natal, só três lojas comerciais continuavam abertas: uma no Largo da Freiria e duas na Rua da Louça.
Volto a fazer a pergunta: para que se continuam a fazer este tipo de iniciativas? Para acabar com o que resta da pouca confiança que existe no consumidor e que ainda continua a preferir a Baixa? Para confundir completamente o cliente que ainda continua a ter gosto em fazer aqui as suas compras? Qual é o seu objecto? Ajudar a hotelaria? Creio que não, porque a maioria também encerrou à hora normal, ou seja pouco depois das 19 horas.

1 comentário:

Daniel disse...

Na minha opinião, falharam dois aspectos muito importantes.
O primeiro é a divulgação, é muito importante que haja uma boa divulgação nos jornais regionais, cartazes, panfletos, etc. e que o programa seja atractivo, porque a Noite Branca por si só não traz gente à Baixa. Falha da APBC, que está encarregue de organizar o evento
O segundo é a participação dos comerciantes, que devem ter as suas lojas abertas e acima de tudo honrar os compromissos. Provavelmente, a APBC só avançou com a iniciativa porque havia muitas lojas que tinham prometido abrir até às 23h, caso contrário seria cancelada.
Por acaso, o público foi escasso, mas caso houvesse muita gente nas ruas, como na noite em que houve marchas, o que pesariam as pessoas ao verem que as lojas estavam quase todas fechadas? Já não é a primeira Noite Branca em que a maioria das lojas estão fechadas, se for sempre assim estas iniciativas deixam de ter sucesso, e é isso que já está a acontecer.