domingo, 9 de setembro de 2012

JESUS AO PESO



 Hoje, domingo, durante a tarde, a Praça 8 de Maio foi invadida por uma espécie de teatro ambulante. Nada de mais, diríamos, não fosse o facto de as “palhaçadas” envolverem Jesus de Nazaré, Filho de Deus, e figura central do cristianismo.
Antes de prosseguir, em ressalva gostaria de dizer que sou agnóstico. Quero dizer, portanto, que não acredito, mas também não nego a crença e, sobretudo, pelo respeito de quem tem fé. Por outro lado, tenho para mim que tudo é criticável e passível de ser levado ao teatro e até apresentado em peças de humor. Logo, naturalmente, as religiões, como tudo, entram neste leque da minha apreciação. Bem sei que vou ser paradoxal, mas, essencialmente as religiões já que tocam tanto a humanidade, sempre que sejam abrangidas pela sátira, sem as excluir, deve haver algum cuidado –bem sei que não é fácil esta apreciação, uma vez que entra no campo estritamente subjectivo do sujeito interpretador, o que quer dizer, então, que, na mesma forma como outra performance qualquer, haverá sempre bom e mau, cabendo àquele a responsabilidade do seu bocejo ou ovação.
Depois desta salvaguarda, que, acredito, só serviu mesmo para criar confusão, vamos lá explanar o que me trouxe aqui. É que o desempenho que vi na Praça 8 de Maio, da responsabilidade de uma denominada “crisenomundo”gmail.com”, era tão sem jeito, tão fraquinho e ridículo, que até eu, afastado das crenças religiosas, me senti ofendido por aquele pseudo-espectáculo na praça do fundador. Só para dar um cheirinho dos diálogos, em cima de umas cadeiras estava, um orador e duas pessoas. Mais ou menos isto, perguntava o arguente: “vocês já tentaram o suicídio hoje? Ainda não? Têm de o fazer! Vocês têm de tentar o suicídio. Vamos lá!” –e os dois jovens atiravam-se da cadeira a baixo, e o povo presente, mais que certo que não perceberam patavina mas gostaram muito, batiam palmas em grande aclamação desenfreada.
Para além disso, numa mesa ao lado estavam uns panfletos em desdobrável que tinham por título: “Como enfrentar a Crise”. Lá dentro tinha mensagens interessantes. Saliento algumas. No referente ao casamento dizia o seguinte: “O casamento, instituído por Deus, deve dar-se somente entre um homem e uma mulher”. A seguir vinha sobre a homossexualidade: “Não existe uma só referência em toda a Bíblia que apoie tal coisa, mais pelo contrário. “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação” –Levítico 18:22”.
Continuando, “E Mais… chamamos ao “bom” mau e ao “mau” bom, “política” ao abuso de poder, “ajuda social” ao facto de recompensar a preguiça, “ter ambição” a cobiçar os bens dos outros, “liberdade de expressão” ao conteúdo imoral violento, pornográfico e grosseiro que hoje reina em todos os meios de comunicação (televisão, Internet, rádio, imprensa…) definitivamente, escondemos uma multidão de acções injustas debaixo de um bom-nome.” –Valha-nos Nosso Senhor Jesus Cristo e todos os santos apóstolos, digo eu, que até sou herege.


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