quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A BAIXA A FICAR SEM MULTIBANCOS




 No princípio foi o verbo “abancar”, quando os bancos, como tortulhos, cogumelos, em solo fecundo e promissor, tomavam conta de todas as ruas da Baixa –ainda se lembram desse tempo, na década de 1990 e princípio do novo milénio, quando o dinheiro, como símbolo de progresso e prosperidade, passava de mão em mão? Agora, há cerca de uma dezena de anos para cá, sobretudo depois de o Euro ter substituído o Escudo, o verbo é outro: minguar, minguar, minguar.
E lembrei-me disto, exactamente, porque verifiquei que o Multibanco da Praça do Comércio desapareceu das existências da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Verifiquei também que a caixa que se encontra junto ao restaurante “Josepe & Joaquim, na Rua da Sota, está com uma grande marca de “calhoada” no visor, o que, mesmo sem saber mais nada, dá para intuir que a decisão do banco público de extinguir a máquina da “praça velha” tem a ver com o vandalismo e falta de segurança que a Baixa apresenta durante a noite.

O QUE DIZEM OS COMERCIANTES?

 Consultado o funcionário de um restaurante na Praça do Comércio, e que pediu o anonimato, disse o seguinte: “olhe, por um lado faz falta, mas por outro nem por isso. A máquina só tinha dinheiro no primeiro dia da semana. A partir daí era um “verbo-de-encher” que estava para aí.”
Diz outro comerciante, “olhe, ainda bem que retiraram essa coisa daí. Com os assaltos com gás que estamos todos os dias a ler na imprensa, ainda bem que a levaram. Como sabe os meus estabelecimentos são próximos e todos os dias olhava para ela com preocupação.”
Diz outro, “ai, senhor Luís, faz muita falta aqui na praça. Sabe que a mais próxima é lá em cima, nas ruas da calçada, e o que acontece é que os clientes dizem que vão lá levantar mas não voltam mais. Você já viu? É tudo a dar-nos nas bentas para trás. Ora bolas! Mas, tenho de confessar, compreendo a decisão da CGD, nos últimos meses, esta máquina retirada agora, apareceu toda danificada, por duas vezes. Durante a noite, por aqui, não se vê um polícia. Durante o dia andam aos pares. Você entende isto? Eu não?”

A BAIXA, DURANTE A NOITE, ESTÁ ENTREGUE AOS BICHOS

 Quem aqui mora facilmente se apercebe de que se por um lado, durante a noite, não há pessoas a circular também não se vê um agente de autoridade. Sendo assim, é óbvio, perante o sentimento de impunidade, dá para compreender o constante vandalismo em paredes, através de grafitados, e, como neste caso, contra as máquinas de Multibanco. Aliás, perante esta ausência de vigilância, até se pergunta como é possível haver tão poucos casos de banditagem.

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