terça-feira, 29 de maio de 2012

ROSTOS NOSSOS (DES)CONHECIDOS

(IMAGEM DA WEB)


O CLANDESTINO


 Como promessa feita no leito de morte do melhor amigo, diariamente, em passo rápido, com um saco plástico na mão, percorre as ruas estreitas da Baixa da Coimbra. Estanca junto a um velho edifício decrépito que parece não ter vida. Sub-repticiamente, como clandestino em Estado ditatorial, olha em volta em busca de um agente policial. O ambiente está limpo, parece pensar, e avança para a porta esconsa que no canto tem um buraco. É então que, como milagre divino, dois gatos miam em seu redor e os três, em simbiose, homem e animais, em torno da pequena lata de alimento parecem comungar de amor.
O que faz é proibido pelas leis dos homens. Ele sabe, mas não entende. O seu afecto na entrega aos bichos é demasiado profundo e nobre para compreender esta norma legal mas amoral. Mesmo que morra de pena, como fantasma errante, continuará a amar os melhores amigos de todos nós.

Sem comentários: