quinta-feira, 15 de março de 2012

LEIA O DESPERTAR...

 


LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA 




Para além  da coluna "Memória: uma Palmeira ameaçada (2)", deixo também um texto de "Reflexão" e "Abriu "O João dos Leitões"



REFLEXÃO: OLHAI E VEDE


 Lendo o texto em baixo, do “João dos Leitões”, ficamos com duas certezas: a primeira é que nenhuma cidade progride tratando assim os seus empresários. Quem investe o que tem e o que pede emprestado tem de merecer por parte de uma qualquer autarquia um profundo respeito. E o que, aparentemente, se passou aqui é exactamente o contrário do que se procura.
A segunda certeza é que é com pessoas como a Lia Rodrigues que os procedimentos mudam. Não escrevo isto com ligeireza. Nesta Baixa, aconteça lá o que acontecer, os prejudicados muito raramente aceitam dar a cara. Aceitam falar mas sempre a coberto do anonimato. Parabéns a esta senhora. É do norte, “carago”!

ABRIU O “JOÃO DOS LEITÕES “


 Gorando algumas expectativas na inauguração, abriu discretamente na quinta-feira passada, na Rua da Gala, o “João dos Leitões”. Para quem não souber, o “João dos Leitões” é uma marca sobejamente conhecida na cidade e na arte de bem-servir o conhecido prato pantagruélico. Há mais de 30 anos que esta marca de bem assar leitão tem a sua sede, como quem diz produção e fornos, à entrada dos Carvalhais.
Este novo estabelecimento, que muito vem engrandecer a Baixa, para além de vender leitão ao quilo, servirá bons pratos e regados pelos melhores vinhos da região. Com uma decoração sóbria, em edifício totalmente restaurado, o novo restaurante está simplesmente um mimo. O horário a praticar, pelo menos para já, será das 09 às 19h00 de segunda a sexta e aos sábados estará aberto até às 14h00. O gerente é o Sérgio Rodrigues, embora coadjuvado pela esposa, Lia Rodrigues. Vou falar com a senhora, já que me parece que o Sérgio é mais reservado.
Luís Fernandes (LF) –Diga-me, Lia, eu que já calcorreio estas pedras duras há muitos anos, acho estranho vocês abrirem assim, sem mais nem menos. É como se estivessem mal com a administração, com a Câmara Municipal. Estou errado?
Lia Rodrigues (LR) –Não, de todo, não está não. De facto estamos muito magoados. Demasiado feridos com o que passámos aqui. No entanto, apesar disso, um dia destes chamamos cá o presidente da autarquia, Barbosa de Melo, para lhe mostrarmos a nossa casa. Mas, por enquanto, temos de esquecer, arrefecer os ânimos. Estamos demasiado tristes e desanimados com tudo o que se passou…
LF –Pode contar um pouco?
LR –Claro que conto. Conto tudo. Este estabelecimento que o senhor está a ver ficou completamente pronto a abrir em Novembro de 2010. A partir daí foi um processo, de Kafka, algo demasiado labiríntico para se explicar de forma simples e alguém conseguir compreender…
LF –Pode ser um pouco mais precisa?
LR –Sim, claro que irei explicar melhor. A partir de Novembro de 2010. Andámos entediados com “burocraciazitas” por parte da edilidade. Andavam sempre a pedir coisas. Chegaram a pedir duas vezes o mesmo documento. Repare que falo de coisas simples. Umas vezes era da água. A seguir era da luz. Depois voltavam a pedir outro da água, e assim sucessivamente. É algo inacreditável…
LF –Assim às “mijinhas”?
LR –Isso mesmo. Era mesmo assim… às “mijinhas”. Porque é que não pediam tudo de uma vez? Eu sentia-me ali como uma bola de pingue-pongue.
Deveria haver um responsável único que tratasse de tudo. Eu ia ali para o atendimento –coitados dos funcionários, até são simpáticos, mas…- e, é claro, mais um papel! Não sei se sabe, mas cada vez que entra um documento são logo cerca de 75 euros por cada um. Foram um ano e meio nisto…
LF –Você acredita que houve aqui “interferências malignas”?
LR – Acredito sim. Foram demasiadas coincidências para acreditar que não houve aqui “mãozinha desconhecida”…
LF –Mas, baseia-se em algum dado concreto?
LR –Concreto, concreto, não. Mas uma casa aqui na Baixa, que curiosamente também vende leitão, em três semanas passou de casa de frutas a estabelecimento de hotelaria. Como é que é? Nós, para abrirmos como devia ser, gastámos aqui milhares de euros. Investimos aqui muito dinheiro. Até um andar, que temos no prédio arrendado a uma inquilina que nos pagava menos de 10 euros, por causa das obras e do atraso, estivemos um ano a pagar-lhe uma casa em substituição que nos custou 250 euros por mês…
LF –Mas em relação à tal casa de frutas que refere… como sabe, actualmente existe o “licenciamento zero”, o que permite uma grande celeridade. Basta a comunicação ou o deferimento tácito e pode abrir…
LR –Eu sei, mas isso não é bem assim…
LF –Mas, já agora, conte-me mais coisas. Que dificuldades teve mais?
LR –Eu sei lá! Foram tantas… tantas… Chegaram a ser tantas exigências que já não sabíamos o que havíamos de fazer. A que santo havíamos de dirigir as preces.
Olhe que trouxemos aqui uma arqueóloga, a (…). Pois olhe que durante quatro anos não fez o relatório para o IGESPAR. Não teve tempo… não sei se me entende… Foi preciso entregar-nos agora quase à força…
LF –E então, perante todos esses obstáculos, como é que conseguiu abrir?
LR – Há 3 semanas, estava desesperada. Entrei pela Câmara adentro. Subi as escadas. E disse à funcionária que dali não saía sem uma resposta. Falei com a secretária da presidência. Dei em chorar que foi uma coisa do outro mundo. Por acaso, passou o motorista do presidente, que me conheceu, e, perante o quadro de tristeza que estava à sua frente, interrogou-me sobre o que se estava a passar. Contei-lhe, e foi ele que me disse para esperar. Foi falar com o Barbosa de Melo. Passado um bocado este mandou-me entrar. Contei-lhe o que se estava a passar. Chamou um engenheiro, e foi este responsável, perante o presidente, que me disse que eu podia abrir que não havia nenhum problema…
LF –Mas, deixe-me interromper, isso não lhe pareceu estranho?
LR –Muito estranho! Fiquei com a sensação que o presidente não sabe o que se passa dentro da autarquia.
LF –E agora, depois de ultrapassada esta tormenta, sente-se com força para levar este navio rumo ao futuro? Está contente por estar entre nós, na Baixa?
LR –Sim, sentimo-nos, eu e o meu marido e aqui a minha cunhada, com muita força –somos uma empresa familiar. Adoro a Baixa. Acredito que aqui está o futuro. Estou muito contente por estar aqui.
LF –Muito obrigada pela forma, invulgar, como sem peias nem meias, ousou dizer tudo o que vai na sua alma. Muitos parabéns. É assim que mudamos as coisas. Os meus mais sinceros agradecimentos. Muitas felicidades.

E O CONTRADITÓRIO DA CÂMARA MUNICIPAL?

 Ao meu pedido de comentário sobre este assunto e à pergunta “Tem em mente uma qualquer medida para evitar que situações iguais à que se descreve não se repitam?”, recebi da Câmara Municipal de Coimbra, ao que agradeço a gentileza, a seguinte resposta:
“Bom dia,
Em sequência do pedido de contraditório, solicitado no âmbito da publicação de uma entrevista a Lia Rodrigues no Jornal Despertar, a propósito do licenciamento de um estabelecimento comercial na Baixa de Coimbra, o Sr. Presidente afirma que irá aguardar a publicação da entrevista e que agirá no sentido de esclarecer qualquer dúvida ou punir qualquer comportamento incorrecto da parte de qualquer funcionário ou colaborador municipal.
Qualquer outra informação, estaremos ao dispor.
Com os melhores cumprimentos,
Dora Santana
Gabinete de Relações Externas e Comunicação”





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