sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

ANDA TUDO DOIDO

(IMAGEM DA WEB)


 Ao ler esta notícia no jornal Público, em que Vasco Graça Moura, recém-empossado presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), fez distribuir uma circular interna a dar instruções aos serviços para não aplicarem o Acordo Ortográfico (AO) e depois de, em Janeiro de 2011, o Governo de José Sócrates ter ordenado que o AO fosse adoptado para todos os serviços do Estado e entidades tuteladas pelo governo, pergunto-me em que reino dos antípodas trogloditas estamos?
Ontem na SIC vi uma coisa parecida. Numa campanha completamente demagógica e sem sustentação de bom senso, viu-se Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Gaia, entre uma série de moradores e junto das suas habitações que pretensamente irão ser demolidas. Por outras palavras, estes moradores de um bairro –com boas casas, diga-se a propósito- que nunca foi legalizado, mas cujos inquilinos mostravam os recibos de arrendamento, de água e de luz, tinham recebido, um mês antes, uma intimação/informação da autarquia –pretensamente assinada pelo presidente Filipe Menezes- de que os seus lares iriam ser demolidos para dar lugar a uma zona verde. O caso saltou para os jornais.
Então, ontem, perante as câmaras de televisão, o que dizia o edil Filipe Menezes? Esta coisa extraordinária, mais ou menos assim, que deveria ser colado no anedotário nacional: “enquanto eu for presidente da Câmara Municipal de Gaia jamais admitirei que estas casas sejam demolidas. Eu não permitirei nem que vá contra a lei! Olhem bem nos meus olhos!”
Ou seja este autarca, numa espécie de divisão psicossomática entre Filipe Menezes defensor dos pobres e oprimidos e Luís Menezes presidente da Câmara de Gaia, enquanto chefe da edilidade manda expulsar, enquanto humanista vai juntar-se aos ameaçados para fazerem força contra o “outro”, o tal Menezes que assinou a ordem de demolição. Isto é demasiado caricatural para ser levado a rir. Mas é mesmo assim.
Estamos perante dois exemplos, entre Menezes e Graça Moura, em que num comportamento bipolar ambos não conseguem separar-se de si mesmo, dos seus fantasmas, dos seus alter-egos, e, sobretudo, e isto é mais preocupante, misturam os seus interesses individuais privados com o público a que deveriam estar sujeitos por obrigação profissional e deontológica.
Para onde vai este comboio sem freio, onde há muito se perdeu a vergonha, mas ainda se disfarçava com algum pudor, e agora se mostra tudo, verdadeiramente a sua nudez de alma?

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