sábado, 31 de dezembro de 2011

O FUTURO DE ADELAIDE




Adelaide agarra com força a sacola,
na grande praça henriquina,
pensa na sua época de escola,
nos seus tempos de menina,
parece que nada a consola,
no seu rosto de campesina,
apetece mandar uma asneirola,
que se fornique a concertina,
ela só pede para ter boa carola,
quer lá saber se o ano alucina,
esse que vem, mete medo e esfola,
a sua ambição é a de uma dançarina,
não roga para ganhar o totobola,
só quer estar no palco e ser bailarina,
apenas pede para viver sem esmola,
quer continuar a ser a varina
vendendo castanhas ao rapazola,
engravatado, peneirento de brilhantina,
mas hoje está apreensiva na terriola,
nestas mudanças de ano ganha angina,
dói-lhe o peito, a alma está uma padiola,
tem medo, sente-se uma folha de cartolina,
a voar ao vento, em ziguezague de passarola,
mas, mesmo assim, continua uma ardina,
a apregoar a esperança como grafonola,
a vida é o mais importante, é nesse tom que afina.



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