segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

AS PADEIRAS ESTÃO MELHORES DO QUE NUNCA (1)




 No último Sábado à noite, numa organização “ad hoc” (para esse fim) –embora o mérito caiba por inteiro à Liliana, funcionária da sapataria “Bull’s- realizou-se no restaurante Paço do Conde um encontro de comerciantes e trabalhadores da Rua das Padeiras.
Foi bonito de ver a transformação operada nos habitualmente semblantes tristes –e aqui relembro o Jorge do café Pruri. Como passe de mágica, ou talvez por razões várias –entre elas a pinga do Alfredo, proprietário do restaurante, que era de estalo, ou, quem sabe, pela extraordinária beleza das mulheres desta rua. Estou convencido que o Paço do Conde nunca esteve assim engalanado com tamanha formosura. Eram montes, eram vales, eram fluidos da maior beleza que, em tal quantidade, alguma vez pisou o chão da antiga estação de mudas e agora restaurante popular e de requinte nacional.
Houve discursos para dar e vender. Até o sorumbático Quirino Adelino, da sapataria Trinitá, várias vezes se levantou com ameaças de discurso… e dissertou mesmo, para que conste.

E COMO É QUE FOI SERVIDO O JANTAR?



Com a habitual preocupação do Alfredo, dono do paço do Conde, sempre a interrogar: “e por aqui, como é que está? Precisam de alguma coisa? E vai mais uma espetada? E um bocadinho de feijão? E salada? Vai?”
Isto quando ele parava, porque, normalmente, pela sua rapidez, só se via o rasto da sua sombra. Parecia mesmo o super-rápido.

E A MÚSICA QUE NÃO SE OUVIU?




Foram contratados dois músicos, mas acontece que os aparelhos de som requisitados pelo restaurante não chegaram a tempo. Resultado, os desgraçados bem se esforçavam para se fazer ouvir, mas qual quê? De um lado era o Alfredo a passar “zooommmm”, do outro eram os perfumes envolventes das flores feitas mulheres que inebriavam o ar. Por outro lado ainda, eram os discursos sentidos –curiosamente de grande optimismo que obliteravam qualquer canção romântica e mais morna que saíssem das violas dos artistas. Resultado: tiveram que enfiar as violas no saco, meterem o rabo entre as pernas e calarem-se –que cá para nós, que ninguém nos ouve, também não valiam 5 euros.

E FOI GIRO?

 Foi bonito de ver esta festa, pá! Foi engraçado verificar que ali, pelo menos naquela noite, não houve tristeza, não houve crise, não houve solidão ou apreensão quanto ao futuro. Comeu-se, bebeu-se, expurgou-se as preocupações, pôs-se de lado as diferenças de cada um. Foi simplesmente espectacular.

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