sexta-feira, 11 de novembro de 2011

LUZES SEM RIBALTA





 Sem motivo relevante e que o justifique, durante todas as noites, estão 11 focos de halogéneo acesos na Praça do Comércio. A intensidade de luz é tal que quem se sente numa das esplanadas e incida o olhar sobre um destes pontos de luz, durante alguns momentos, ficará sem ver.
Estou em crer que esta iluminação anormal vem já do verão e aquando de alguns espectáculos públicos que se realizaram neste vetusto largo medieval. Numa altura em que se convida à poupança –e até compreensivelmente se corta nas ornamentações natalícias-, não faz sentido todo este perdulário gasto com energia.

E AS ILUMINAÇÕES DE NATAL, SENHORES?

 Segundo declarações de Armindo Gaspar, presidente Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), na última apresentação sobre o evento “O Comércio vem para a Rua”, a uma pergunta colocada por um jornalista do semanário Campeão das Províncias, “se, este ano, as iluminações de Natal nas artérias da Baixa serão apenas beneficiados alguns largos centrais e ruas, respectivamente, o Largo da Portagem e a Praça 8 de Maio e as Ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz e Sofia”, respondeu o presidente da APBC: “a agência, até ao momento e oficialmente não tem qualquer conhecimento sobre esta intenção da Câmara Municipal de Coimbra. No entanto, se assim for, embora compreendendo o momento grave que estamos a atravessar, não aceitamos de ânimo leve esta discriminação. Se há poucas verbas para se gastar, o pouco que houver, devem ser distribuídas por todas as ruas. A Baixa é um todo, não é apenas constituído pelas ruas e largos mais importantes”, enfatizou Armindo Gaspar.

E FAZ SENTIDO ESTES CORTES?

 Antes de responder objectivamente à pergunta colocada, por uma questão de honestidade intelectual, convém lembrar que até 2002 as ornamentações natalícias eram pagas pelos comerciantes e outros residentes que aqui ganhavam a vida no Centro Histórico. Aventar se hoje, perante a crise que o ramo comercial atravessa, seria possível retornar ao passado, facilmente se constata que não haverá a mínima possibilidade de obter um qualquer donativo para as iluminações nas muitas centenas de lojas ainda existentes.
A meu ver, faz todo o sentido haver estes cortes por parte da autarquia de Coimbra, que, aliás, já no ano passado se verificaram. Porém tal como diz Armindo Gaspar, é lógico que todas as ruas da Baixa são filhas da edilidade. Tendo em conta os antecedentes, será inconsequente apenas serem contempladas as ruas centrais da cidade.

E NÃO HÁ NADA QUE PUDESSE SER FEITO?

 No meu entender, nos dias que correm, não faz sentido a autarquia continuar a onerar com taxas os anúncios no Centro Histórico. E mais, contrariamente ao seguido nas últimas décadas e em que se promoveram os anúncios mortos em chapa, a partir de agora, a autarquia deveria fomentar gratuitamente os anúncios comerciais em néon. É um absurdo anacrónico verificar que, enquanto em todas as cidades europeias se recorreu a este método para embelezar as ruas e contribuir para  a segurança e evitando o consumo de iluminação pública, aqui em Coimbra, as ruas da Baixa e de quase toda a cidade são vias escuras, sem qualquer vida resplandecente, uma vez que a maioria dos estabelecimentos ficam completamente apagados e sem uma única luz de presença durante a noite.


(TEXTO ENVIADO PARA A CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)

Sem comentários: