sexta-feira, 7 de outubro de 2011

UMA RESIDENTE DA BAIXA PEDE ESCLARECIMENTOS






Exmo. Senhor Presidente do NEE/AAC

Dino Alves

  Venho por este meio propor um pedido público de desculpa por parte do Núcleo de Estudantes de Economia, responsável pela organização da “Noite dos horários”, na Praça do Comércio, no passado dia 27 de Setembro, aos habitantes da Baixa de Coimbra. 

As questões legais que foram claramente ignoradas e desrespeitadas na sequência de um estranho licenciamento por parte da Câmara Municipal de Coimbra, as questões sobre a fiscalizacão ou ausência dela, e as questões sobre a protecção do património classificado e sua respectiva zona especial de protecção, seguirão para quem de direito. 

No entanto, aos senhores, cabe ou devia caber, ao contrário da congratulação nos jornais da cidade do sucesso do "evento", um pedido de desculpas aos moradores da Baixa pela impossibilidade de dormir, em ausência de sono forçada, e descanso em nome de uma inexistente tradição. 

Segundo informação da Câmara Municipal de Coimbra, e passo a citar: 

"Relativamente ao assunto cumpre-nos informar que foi autorizada a Licença Especial de Ruído, Licença de Recinto Improvisado e de Espectáculos e Divertimentos Públicos nas vias e lugares públicos, para o a Praça do Comércio, para o dia 27 de Setembro do corrente ano, das 20h00m às 02h00m com as condições de serem respeitados os cuidados necessários para uma efectiva redução dos níveis de ruído, podendo a actividade ser suspensa no caso de violação das condições impostas/autorizadas ou desrespeito pelas limitações impostas nos termos do Regulamento Geral sobre o Ruído. Ficou também o Núcleo de Estudante de Economia (NEE) de assegurar a obrigatoriedade de processar as entradas e saídas pelas escadas de S. Tiago (directamente para Rua Visconde da Luz) de maneira a evitar que os estudantes se desloquem pelas ruas da Baixa; Montagem de uma cobertura (tenda) com o objectivo de conter o Som e de isolar melhor toda a área periférica da Praça do Comércio. No que diz respeito à Fiscalização, a mesma compete ao Serviço da Policia Municipal até ao término do horário constante na Licença emitida pela Câmara e a partir daí compete à Polícia de Segurança Pública assegurar a fiscalização, bem como a Ordem Pública."

Como sabe, nem os horários foram cumpridos (o som acabou sensivelmente por volta das 5h, mas não o barulho) nem os cuidados para a redução dos níveis de ruído foram eficientes ou respeitados (relembro que se tratava de uma tenda aberta em túnel e que apenas cobria uma zona minoritária, cujo palco e parte do sistema de som se encontrava parcialmente no exterior. No mesmo local do existente e actualmente montado na Praça para outras actividades.

Ou seja, pergunto-lhe, porque já lhe vi noutras ocasiões, a defesa dos direitos dos estudantes, onde houve aqui a defesa de obrigações, ou sequer respeito pelos cidadãos de Coimbra? É que sabe, a desculpa típica da comunidade universitária às vozes de protesto, que surgem menos vezes do que seria lógico nesta cidade, da falta de civismo de uma minoria que não representa a academia, não pode ser apresentada neste caso. Mais grave, ainda, não só o "evento" foi licenciado, como, segundo os vossos cartazes, patrocinado pela Câmara Municipal de Coimbra, entre outros. Por isso pergunto-lhe o que é que pretende fazer? Ou melhor, interrogo, se pretende fazer alguma coisa? Já que nesta cidade o desrespeito sistemático da comunidade universitária para com os moradores da Baixa e também da Alta resultam sistematicamente num assobio para o lado e na impunidade do costume. "É tradição"', dizem. Pois! Eu e outros tantos igualmente dizemos: BASTA! 

Com os meus melhores cumprimentos

Raquel Misarela

(RECEBIDO POR E-MAIL COM PEDIDO DE PUBLICAÇÃO)


TEXTO RELACIONADO


"Uma noite sem horários"


3 comentários:

Jorge Neves disse...

Como sabem sou defensor que se deve trazer os estudantes universitários para a baixa, mas com regras, não posso admitir o que se passou na noite dos horários.
Concordo e subescrevo todas as palavras da Raquel.

Guida disse...

TRADIÇÃO
Uma dúvida persiste no meu pensamento de há uns meses para cá: durante quanto tempo é preciso fazer algo para que seja tradição?
É que, não sei que seja assim tão velha, nem deixei a Academia assim à tanto tempo (15 anos), mas ultimamente tenho ouvido falar de tradições que não eram Tradição no meu tempo de estudante, até porque nem sequer eram praticadas, pelo menos como prática de Praxe Académica

Mª Helena Dias Loureiro disse...

Duas perguntas ,duas respostas e uma exclamação:
P- A Faculdade de Economia não fica na Av. Dias da Silva?
R- Sim.
P- Então porque não se faz lá o arraial da "noite dos horários"?
R- Porque as pessoas precisam de dormir!
E- Aaahh!