quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CARTA ABERTA A CARLOS CIDADE





 Meu caro Carlos espero que esta minha carta o vá encontrar bem de saúde, assim como todos os seus mais queridos familiares.
Penso que deve estar lembrado de mim, sou um anónimo cidadão que tem a mania que deve “botar faladura” em tudo. Um “opinion maker” assim de algibeira, não sei se estou a ser claro. Confesso que sou eu, mas, mesmo sendo a mesma pessoa, até estou farto de mim. A sério?! Pode crer! Isto é uma doença, meu caro. Farto-me de discutir comigo próprio, mas qual quê? Acredita o amigo que não me consigo fazer ouvir? Pois é! E o pior é que esta coisa de ter e querer dar opinião só dá chatice. Sinto-me uma espécie de veleiro pirata com bandeira de várias cores. Umas vezes vermelha, outras vezes laranja, outras vezes rosa e sabe-se lá que mais.
Lembra-se que ainda há pouco, quando foi aquela questão dos SMTUC, em que o camarada, a meu ver, defendeu muito bem a coisa pública e sem ter qualquer culpa no que aconteceu a seguir? E eu, assim armado em “pirata das Caraíbas”, saltei em sua defesa, porque achei, e continuo a achar, que o senhor estava carregadinho de razão? Pois, nessa altura, quando até escrevi uma carta no Diário de Coimbra, logo o meu barco foi apelidado de ter na popa bandeira de pavilhão socialista.
Pois hoje, companheiro, seguindo a mesma analogia, vou hastear a bandeira laranja. Está a perguntar porquê? Eu respondo já a seguir. Não pense que é porque a laranja dê mais que a rosa -ou punho fechado, agora. Nada disso! É mania, homem! Acredite!
Então vou contar-lhe porque estou virado para o laranjal. É assim, comecei por ver o título no Campeão das Províncias online: “Coimbra: atrasos no fornecimento das refeições deixam crianças à espera.”
A seguir fui ler a redacção da notícia. E então fiquei a saber que “Cerca de 140 crianças que frequentam o jardim-de-infância e o 1.º ciclo do ensino básico no Centro Escolar da Solum estiveram, hoje, mais de meia hora, à espera que lhes fosse servido o almoço, soube o “Campeão”.”
Ora bem, o camarada sabe que eu sendo mercantilista e perseguindo o meu interesse imediato, como todos, sei muito bem a diferença entre justo e injusto. E aqui, quando li em desenvolvimento esta notícia, fiquei um bocado defraudado. Uma centena de crianças esperarem meia-hora -o amigo na sua página do Facebook diz que foi uma hora- pelo almoço, tenha lá paciência, mas isto é exactamente o paradigma da “não inscrição de José Gil. Ou seja, um atraso de meia-hora ou uma hora não pode ser notícia. É antes uma bomba de fumo para confundir o pessoal.
Já ando há uns dias para escrever sobre o facto da Câmara Municipal ter feito um concurso para servir refeições aos alunos das escolas e ter optado pela empresa que concorreu com melhor preço. Está errado ter renunciado a pagar quase 3 euros às IPSS por cada aluno e começar a pagar metade? Do ponto de vista racional e financeiro não sei onde está o erro. Invocar que as IPSS ficam sem uma fonte de receita, vai desculpar o amigo, mas isso é comezinho. As IPSS, para bem de todos, e reconhecendo o seu bom trabalho em prol da comunidade, não tem uma vocação específica para servir refeições, sobretudo se tiverem de ser pagas à unidade, como é o caso, pela autarquia –pelo menos é o que se subentende na imprensa. Se há mais informação, e que não é do conhecimento de todos, então torne-se público para entendermos melhor. Quem paga tem obrigação de contar todos os cêntimos. E mais sendo o dinheiro de todos, que é o que está em jogo.
Voltando ao atraso de hoje, no meu tosco entendimento, não está certo apupar à aparente ineficácia da empresa Gertal, logo nos primeiros dias, só porque houve um atraso. A ideia que é transmitida é que, a todo o custo, a oposição reza a todos os santinhos para que haja falhas. Mais ainda, por esta vigilância obsessiva, cria uma certa desconfiança no eleitorado. Ora, meu caro, num tempo em que a credibilidade dos partidos anda pelas ruas da amargura, é preciso algum cuidado.
É preciso mais tempo para analisar o serviço prestado e então, sim, depois de um balanço ponderado de todo o conjunto de servir e o próprio conteúdo das refeições, venha lá a oposição dizer o que tem a dizer em sede própria.
Despeço-me do amigo. Se me quiser convidar um dia destes para, juntos, irmos almoçar aí a uma qualquer cantina servida por esta empresa –que não faço a mínima ideia de quem é-, já lhe poderei dar uma opinião mais avalizada sobre as calorias.
Um grande abraço deste seu amigo. Mas já sabe que a amizade implica sinceridade e poucas palmadinhas nas costas. Um abraço também para o maior futebolista-academista lá de casa. 

1 comentário:

Jorge Neves disse...

Amigo Luis sobre este assunto dos atrasos das refeiçoes servidas por essa empresa,de ficarem em entrar e contacto com a escola São Bartolomeu ontem e hoje pelas 11 da manhã ainda não o tinham feito, de chegarem a uma escola( da qual não digo o nome aqui) e quererem que fossem os funcionários( professores e não só) da escola/ATL a empratar as refeições e tartar da lavagem da louça, da qual levaram uma nega por parte de um(a) responsavel da escola/ATL.
Lembram-se da recusa das refeições da Penitenciaria em Coimbra? Sabem qual o motivo de muitos guardas prisionais não comerem no refeitório?
Bolas a empresa que serve as refeições é a mesma.