segunda-feira, 4 de julho de 2011

RECEBE ESTA MEDALHA EM NOME...





 Hoje é o 4 de Julho. Dia da Cidade de Coimbra –como curiosidade, também o dia da Independência dos Estados Unidos da América. Neste dia 4 de 1776 foi emitida a Declaração de Independência, que proclamou o seu direito à autodeterminação em relação à Grã-Bretanha.
Feriado na cidade, este ano foi comemorado no bonito Jardim da Sereia. Completamente limpo e com todas as suas peças restauradas –lembro também que anteriormente, e por mais do que uma vez, foram vandalizadas.
Cerca das 17h30, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Barbosa de Melo, acompanhado pelo comandante da Polícia Municipal, Euclides Santos, fez a revista a este corpo de polícia em formatura.
Cerca de uma centena de pessoas anónimas assistiram à Sessão Solene Comemorativa do Dia da Cidade de Coimbra. Sentados nas primeiras filas, para além dos homenageados com a medalha de ouro da cidade e de seus familiares, poderiam ver-se António Vilhena, Rui Duarte, João Orvalho, Carlos Cidade, Francisco Queirós, Maria José Azevedo, Manuel Porto e João Paulo Barbosa de Melo.
A abertura da sessão começou com o Hino Nacional, cantado pelo Coro Municipal Carlos Seixas. Em seguida, durante muitos largos quartos de hora, foi feita a alocução dos homenageados com a medalha de ouro.
Os contemplados foram, respectivamente por ordem de entrada em cena, Sansão Coelho –locutor de rádio e professor-, Jardim-Escola João de Deus, Escola Secundária José Falcão, e a Miguel Júdice –advogado e empresário.
A seguir actuou o Quarteto de Saxofones da Orquestra de Sopro de Coimbra.
Em seguida foi atribuído o Prémio Municipal de Arquitectura “Diogo Castilho” a João Mendes Ribeiro, autor do projecto vencedor “Reabilitação da Casa do Arco para instalação da Casa da Escrita”.
A atribuição de uma Menção Honrosa do mesmo Prémio ao arquitecto Armando Rabaça, autor do projecto “Habitação Unifamiliar em Vale de Canas”.
Atribuição de uma Menção Honrosa do mesmo prémio à arquitecta Mercês Vieira e ao arquitecto Camilo Cortesão, co-autores do projecto “Edifício sede do ITeCons”.
Houve ainda uma homenagem a funcionários aposentados da Câmara Municipal de Coimbra.
Foi apresentado o livro “Ao Espelho de Sereia”, projecto produzido pelo Centro de Artes Visuais e comissariado por João Miguel Fernandes Jorge, no âmbito do Parque Escultórico do Jardim da Sereia, da autoria de Rui Chafes. Esta apresentação coube a Maria José Azevedo, vice-presidente da autarquia e também vereadora do pelouro da Cultura.
Depois de falar Barbosa de Melo, numa alocução bem ovacionada, coube ao Quarteto de Saxofones da Orquestra de Sopro de Coimbra encerrar a sessão.

EM NOME DA SANTA MEDALHA DE OURO

 Com todo o respeito pelos medalhados e pelas instituições distinguidas, num tempo de crise, em que é preciso cortar, esta distinção, a meu ver, não faz sentido. Aliás, começa a cair no ridículo.
Um dos homenageados, Sansão Coelho –volto a repetir, não conheço o senhor, mas tenho o maior respeito pelo seu trabalho e pela excelente voz que a natureza o presenteou- na nota de agradecimento referiu que “esta atribuição foi feita pelos deputados do Partido Socialista na autarquia”. Quem estava presente sabia porque teria lido no jornal. Mas dito assim, pareceu que esta função de dar medalhas é um jogo de negociação político-partidário. Ou seja, em silogismo, pareceu que se esta comenda foi atribuída pela esquerda, a de José Miguel Júdice teria sido pela direita.
Ora, no meu entender –que entendo pouco- estas doações estão simplesmente banalizadas. Parece que as insígnias têm de ser atribuídas a alguém, pouco importa a quem, mas tem de ser entregues… com a tal negociação entre forças partidárias. Faz lembrar os orçamentos há pouco tempo de todas as repartições públicas, quando chegava a Novembro, tinha de se esgotar para no ano seguinte ser igual. Era preciso gastar a todo custo. Velhos tempos…
Saliento que esta forma de actuação é igual a nível nacional e mais propriamente no 10 de Junho, Dia de Portugal. Atribuir Ordens e Comendas está transformado numa vulgaridade. O anormal será um qualquer português que não fosse contemplado. Sei do que falo, muitas destas medalhas acabam no “prego” e a serem vendidas em feiras de velharias. É preciso alguma contenção e a restituição de dignidade a um acto tão simbólico da universalidade portuguesa, mas que está transformado numa trivialidade.
Voltando às medalhas municipais de Coimbra. Ainda há pouco li, não sei onde, que cada uma destas condecorações custava ao erário público cerca de 1000 euros cada.
Volto a repetir o respeito pelos agraciados deste ano, mas olhando para Sansão Coelho, que é –foi, porque já está aposentado da RDP- um óptimo profissional. Com toda a sinceridade –para quem conseguir ser-, que fez este grande homem de rádio de extraordinário para merecer a insígnia?
Olhando para o segundo distinguido, Miguel Júdice, para além de ser um grande advogado e um bom empresário –dono da Quinta das Lágrimas-, o que fez de invulgar?
Já para não falar nas escolas assinaladas. O que fizeram estas instituições e, sobretudo estas pessoas de relevante para merecer o reconhecimento público da cidade? São duas pessoas –volto outra vez a lembrar que nada me move contra eles- que, devido ao seu estatuto público sempre se fizeram pagar e ganharam bem. Com toda a franqueza, alguém acredita que a sociedade esteja em divida para com estes cidadãos?
Então o que dizer do “Manel da Esquina”, que trabalha numa empresa a ganhar o ordenado mínimo, chega a casa come uma sandes a correr e vai trabalhar como segurança numa discoteca até às 4 da manhã? Se não for assim como alimenta a família constituída por seis agregados? Alguém na autarquia de Coimbra conhece o “Manel da Esquina”? Quantos “Maneis da Esquina” existem no concelho? Pois estes é que são verdadeiramente os heróis, mas ninguém os conhece…nem reconhece.
Dizer que continuar a atribuir estas medalhas de ouro a esmo é violar o princípio da igualdade é pouco, não é? Ninguém acredita, pois não? Pode ser. Mas então, de uma vez por todas, acabe-se com esta discriminação. Medalhas de ouro só mesmo a título póstumo e a quem merecer com factos assinaláveis. Aos vivos, em reconhecimento, basta uma menção honrosa.

2 comentários:

Anónimo disse...

inveja é coisa feia

Anónimo disse...

Inveja do Júdice? Ele recebeu a medalha de ouro por inutilidade, só assim se pode justificar uma condecoração a esse senhor. Quanto a dizer que as instituições em causa nada fizeram pela cidade é perfeitamente errado, verifique os seus conhecimentos de história.