terça-feira, 19 de julho de 2011

ESTARÁ CERTO ESTE AUTISMO DA DIRECÇÃO DA ACIC? ORA LEIA...

(IMAGEM DA WEB)



"Não tenho vergonha de lhe confessar, estou profundamente deprimida. Várias vezes me tem vindo à cabeça ideias para me matar." 



 Maria José tem 47 anos. Não fosse as negras e profundas olheiras que lhe rodeiam os olhos e facilmente lhe adivinharíamos menos uma dezena de primaveras. Ombros descaídos, olhos sem brilho, rosto empapado emoldurado por cabelos sem cintilação. Não é preciso ser psicólogo para adivinhar que esta mulher está num estado de esgotamento psíquico profundo. E logo a seguir pude confirmar.
Maria José trabalhou 22 anos na ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, como auxiliar de limpeza até há poucos dias.
Procurou-me hoje a chorar como uma Madalena. “Ó senhor Luís, desculpe vir aqui desabafar consigo. Sinto-me a desesperar. O senhor conhece-me. Trabalhei na associação uma vida. Fizeram uma reunião connosco, com todo o pessoal, e disseram que não havia dinheiro para nos pagar. Disseram mesmo que fizéssemos o que quiséssemos. Foi assim mesmo que disseram. Os outros colegas e eu, perante esta comunicação, pedimos uma interrupção do contrato. Eu fui para o desemprego. Agora vim a saber que colocaram lá uma empresa de limpezas no meu lugar. Então há dinheiro para pagar a esta entidade e para mim, que estou lá há tantos anos e, certamente, lhes ficaria mais barato, já não há?
Estou desesperada, senhor Luís. Não arranjo emprego e preciso…preciso muito. Não tenho vergonha de lhe confessar, estou profundamente deprimida. Várias vezes me tem vindo à cabeça ideias para me matar. Ando de rastos senhor Luís! Os meus filhos são o suporte que me sustém. Se calhar vou ao médico para ver se me receita uns antidepressivos. Não sei se aguento isto.
Dei a minha vida pela ACIC. Tantas vezes que prejudiquei os meus filhos e o meu marido para estar presente ao trabalho –e as lágrimas correm-lhe pela cara abaixo como um beiral escoa a chuva de um telhado no inverno.
Continua Maria José, “não sei o que hei-de fazer à minha vida. Não está certo o que nos estão a fazer. Não está certo deixarem morrer a minha segunda casa. Ainda tenho esperança que façam erguer a ACIC das cinzas. Uma casa como esta… com quase 150 anos… uma tristeza! –e mais um vez entra num choro desabrigado de limites e descontrolado. O filho mais novo olha a mãe com rosto de tristeza e impotência por nada poder fazer.
“Desculpe… desculpe! Não está certo eu vir para aqui chorar para ao pé de si. Mas é triste… muito triste! E não sou só eu que está nesta situação. A Maria João ainda está pior. O que vai ser de nós? Estará certo, isto, o que nos estão a fazer? Já perguntei ao presidente se quando ele se senta à mesa junto dos filhos não precisa de ter comer na mesa. Não me respondeu. Isto é uma violência, senhor Luís. Não sei se consigo aguentar…”






2 comentários:

Maria João disse...

Boa tarde Sr. Luis Quintans.

Com surpresa fiquei e pela primeira vez escrevo no seu blog com o que escreveu sobre a minha colega Maria José.

Sei muito bem o que se passa com ela e eu própria não consigo confrotá-la. Também para mim não tem sido´fácil, mas tenho tentado ocupar o meu imenso tempo disponível com actividades voluntariosas, enquanto não aparece nada.

Suspendi o contrato de trabalho com a ACIC, porque a situação começava a ser insustentável. Tenho filhos adolescentes para criar e como deve imaginar educar, criar, alimentar e vestir todo o dinheiro é pouco e neste momento ele é mesmo pouco.
Decidi por opção própria que as lágrimas derramadas em tempos pela situação criada na ACIC, não voltariam a aparecer no meu rosto e comecei a acreditar que a situação iria mudar. Por vontade quero regressar àquela casa que considero como a minha segunda casa. Foram 24 anos dedicados e quem quiser ser verdadeiro e sincero poderá comprovar. Caso não seja possível o que provaria que a ACIC teve o pior destino que é desaparecer, não baixarei os braços. Tentarei arranjar trabalho no que houver pois não estou em condições de rejeitar algo que dê sustento para acabar de criar os meus filhos.

à Maria José, desejo do fundo do coração, encontrá-la como colega novamente na ACIC ou onde quer que seja. É uma óptima trabalhadora.
Adoro-a, ajudou-me quando foi preciso, está sempre comigo no pensamento, mas infelizmente e devido ás circunstâncias da vida não posso dar-lhe tanta atenção. Mas estarei sempre aqui para quando ela quiser. Agradeço-lhe toda a atenção e preocupação que ela tem para comigo,mas ela tem que pensar um pouco nela e nos filhos que eu estou bem com a fé que agora surgiu ao meu alcance.

Cumprimentos Sr. Luis e um grande beijo de amiga, colega e porquer não de irmã para a minha "zezinha"

Maria João Marques - ex-futura funcionária da ACIC

Anónimo disse...

DESCULPEM O DESABAFO!
SERÁ QUE A DIRECÇÃO DA ACIC AO LER O SEU TEXTO, NÃO SENTE VERGONHA? MEUS SENHORES, ESTÁ NA HORA DE ASSUMIREM DE UMA VEZ POR TODAS AS VOSSAS RESPONSABILIDADES. É FRUSTANTE LER ESTE ARTIGO. A Dª MARIA JOSÉ E OUTROS TANTOS TÊM TODA A RAZÃO.
O SR. PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA GERAL TERÁ QUE TOMAR UMA DECISÃO, FACE Á VERGONHA QUE SE VEM PASSANDO NA ACIC.
OS ASSOCIADOS NÃO SE PODEM REVER NESTA GENTE. DEVERÁ EXISTIR SOLIDARIEDADE PARA RESOLVER O PROBLEMA DOS FUNCIONÁRIOS QUE FORAM E SÃO O PILAR DESTA ASSOCIAÇÃO.
NÃO É COM AGRESSIVIDADE QUE RESOLVEM OS PROBLEMAS.
NÃO OLHEM SÓ PARA O VOSSO UMBIGO.
ESTOU DISPONIVEL PARA AJUDAR NO QUE ACHAREM POR BEM.
ACIC PRECISA DE TODOS E MESMO ASSIM SOMOS MUITO POUCOS.
ASSOCIAÇÃO EXISTE PARA SERVIR E NÃO PARA SE SERVIREM. POR AQUI ME FICO POR AGORA.
FELIZMENTE QUE OS FUNCIONÁRIOS DA ACIC (mais antigos), TÊM NO LUIS QUINTANS UM AMIGO QUE MAIS NÃO FAZ DO QUE CHAMAR ATENÇÃO DESTAS GRAVES SITUAÇÕES, PORQUE SE ASSIM NÃO FOSSE, MEUS AMIGOS, PASSAVA TUDO AO LADO.
José Carlos Clemente (ex-Tesoureiro da ACIC)