quarta-feira, 27 de julho de 2011

CRÓNICAS DESTA CIDADE

(IMAGEM DA WEB)


AS TORRES DA MINHA MEMÓRIA

Por Ilídio Lopes

 Numa segunda-feira do mês de Maio, decorria o ano de 1984, nessa época estava a trabalhar em Newark, Nova Jersey, Estados Unidos da América. 
Reunido o nosso restrito grupo de três amigos resolvemos fazer mais uma visita a cidade de Nova Iorque, só que desta vez, ao contrário do habitual, não fomos de carro mas sim de comboio. Porque nos foi dito que o Metro teria uma das suas paragens mesmo por baixo das Torres Gémeas e, como o nosso objectivo era fazer uma visita aos prédios mais altos que nessa altura existiam nessa cidade,  lá fomos. 
Chegámos passados pouco mais de trinta minutos. Quando saí para o exterior fiquei como hipnotizado. Olhando aquelas torres imponentes, tal qual ilusão de óptica, cada vez mais siderado, parecia mesmo que tocavam o Céu. Como era  segunda-feira, para subir, só ficámos na fila à volta de trinta minutos. Quando chegámos ao centésimo terceiro andar, saímos do elevador e deparamo-nos com um espaço que mais parecia um grande centro comercial, com lojas das mais variadas marcas conhecidas, restaurantes, bares, entre muitas outras coisas. Espantoso o universo que se abria perante os meus olhos. Tinha também vários lugares onde se podia observar, através de vidros, uma vista fantástica sobre a cidade. Fiquei simplesmente fascinado com aquele cenário.
Recordo  a certa altura de comentar com um dos meus amigos: sinto-me tão seguro aqui com se estivesse no chão. Não há força da natureza nem nada que as faça cair. Eu achava que aquelas torres eram indestrutíveis. Como se viu, passado quase duas décadas, o meu raciocínio desse momento estava totalmente errado. 
Voltei mais algumas vezes a Nova Iorque, servindo de cicerone a outros amigos meus, e era obrigatório fazer sempre uma visita as torres. Numa dessas visitas tive o privilégio de poder subir até ao centésimo décimo andar e ficar literalmente sobre a rua, no topo do prédio, só com o Céu a servir de tecto. Nesse momento, recordo com saudade, não tive palavras para descrever aquilo que senti.
Foi nesse dia fatídico de 11 de Setembro de 2001 que na cidade de Filadelphia, que dista de Nova Iorque à volta de 140 km, com um nó na garganta e um aperto no coração, assisti em directo pela TV ao desmoronar dos “arranha céus” mais emblemáticos e mais altos de Nova Iorque. 
Não está certo aniquilar uma obra-prima saída do génio humano daquela envergadura e ser destruída pelo homem!

Ilídio Ferreira Lopes
Philadelphia, USA

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