segunda-feira, 25 de julho de 2011

COIMBRA: PORQUE ME LIXASTE, CANTANHEDE?




 Tudo começa logo à entrada, nas centenas e centenas de automóveis parados. Depois, à procura de um lugar, constatamos a imensa área disponível para estacionamento. Lá encontramos um lugar e, a penates, seguimos em direcção ao recinto da EXPOFACIC. Afinal foi para isso mesmo que fomos lá. Enquanto caminhamos a pé, mais uma vez, percorremos com o olhar a extensa área destinada a parqueamento de automóveis. Vamos reparando que o chão, nalguns casos de terra batida, está bem cuidado. O seu estado não gera implicância com os nossos sapatos. Continuamos a andar e verificamos que está tudo relativamente bem pensado, até um riacho que corre ao longo do terreno está com resguardos em madeira.
Compramos o bilhete de 3 euros, que, no caso de ontem, dava acesso a um concerto de Tony Carreira, e entramos dentro do recinto da feira. É então que, perante tantos stands de venda e aquele molhe humano que quase se atropela, da nossa boca sai uma imprecação: “Puta que pariu! De onde é que veio tanta gente?”
Continuando na minha especulação, continuamos a interrogar. Se Cantanhede conseguiu todo este sucesso, por qual a razão de Coimbra, com a sua CIC, nem por sombras andou lá perto?
E aqui, em vez de interrogações, passamos a dar respostas em forma de constatação.
A feira de Cantanhede é uma realização do seu município. Ou seja, anualmente a autarquia, metendo as mãos na massa, candidata este certame ao Qren, Quadro de Referência Estratégico, e a outros programas como, por exemplo, Mais Centro, e o resultado está á vista.
E em Coimbra o que aconteceu? Aqui, a meu ver, todos temos culpa no empobrecimento da nossa CIC. Como se sabe foi sempre uma realização da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra –que se por um lado nunca quis perder a exclusividade da sua realização, por outro, a Câmara Municipal, já desde o tempo de Manuel Machado, também nunca se quis envolver activamente. A edilidade limitava-se a contemplar a associação com uma verba há volta de 100 mil euros –foi o último subsídio cabimentado- e nada mais. Ora este “não me toques que me desafinas” por parte da ACIC em relação à Câmara, progressivamente, à medida em que Cantanhede crescia e a de Coimbra minguava, foi fatal para a nossa feira industrial e comercial.
Depois na nossa cidade passa-se uma coisa muito (des)interessante: os nossos empresários desde que a CIC saiu da Praça Heróis de Ultramar, nunca mais acreditaram nesta feira. Conseguir a sua inscrição de participação era mais difícil que ir a Fátima a pé –saliento que o sucesso da CIC até 1978, na praça agora ocupada próximo do Dolce Vita, tinha directamente a ver com o momento que se vivia em Portugal e, sobretudo, por haver meia dúzia de realizações no país. A queda da CIC, no meu entender, não tem directamente a ver com a sua deslocalização, mas antes pela forte concorrência de outros certames em redor da cidade, como Figueira da Foz, Leiria, Batalha, Lousã e Cantanhede, naturalmente.
Quando digo em cima que todos temos culpa, refiro também o cidadão comum, que, habitualmente, não participa muito no que aqui se faz. Prefere ir apreciar o que se edifica nas redondezas.
Portanto, para mim, neste momento não fará sentido reanimar a CIC e enterrar lá mais uns largos milhares de euros. Fará talvez sentido inovar para outro tipo de exposições diferente do que se tem feito até agora.
Culpar a ACIC, a Câmara Municipal, culpar os empresários, culpar os visitantes, acho que também será uma perda de tempo. Todos tivemos culpa no cartório e ponto final e parágrafo.


1 comentário:

Anónimo disse...

No ano passado visitei a feira, e constatei que de facto há um elevado número de visitantes principalmente na zona das tasquinhas e dos concertos, pois junto aos stands era apenas de passagem.Mas pergunto eu, se não fossem os artistas que actuam diariamente os visitantes seriam assim tantos? Penso que não.Será isto que faz falta na feira da CIC em Coimbra..
Ana Soares